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Análise do Mercado de Milho – 09/06/2019

As cotações do milho em Chicago igualmente recuaram um pouco durante esta semana, porém, ainda se mantendo acima dos US$ 4,00/bushel. A quinta-feira (06) fechou em US$ 4,20 para o primeiro mês cotado, contra US$ 4,36/bushel uma semana antes.

Encerrada a janela ideal de plantio do milho nos EUA, no dia 31/05, a atenção do mercado se volta para a área que ficou sem semeadura e, desta, quanto poderá ser transferida para a soja e quanto da mesma ainda será semeada fora da janela ideal. Neste sentido, ganha muita importância o relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para o próximo dia 11/06.

Quanto ao plantio propriamente dito, até o dia 02/06 o mesmo atingia a 67% da área esperada, enquanto o mercado apostava em algo entre 70% a 75%. Alguns importantes Estados produtores, como Illinois, Indiana e Ohio, apontavam plantio de apenas 40% da área. Neste contexto, um volume talvez recorde de área venha a ser indicado para o Programa de Prevenção do governo e ficará sem semeadura. Outro tanto deverá mesmo ser transferido para a soja, se o clima deixar plantar nestes primeiros 15 dias de junho. Alguma coisa ainda será semeada fora da janela ideal. Assim, o mercado espera que o relatório de plantio até o dia 09/06 aponte uma área final de milho semeada ao redor de 80% do total esperado inicialmente.

Analistas privados estadunidenses começam a especular que a área final de milho possa ficar em 34,4 milhões de hectares, contra 37,5 milhões previstos inicialmente pelo governo norte-americano. Se isso se confirmar teremos uma redução de 8,3% na área de milho esperada nos EUA neste ano. Dito isso, por enquanto a produtividade média está mantida em 10.673 quilos/hectare, o que é elevada para as condições climáticas registradas até o momento. Esta produtividade poderá compensar, em parte, a área menor.

Enfim, pesou negativamente sobre o mercado o anúncio do governo estadunidense de aplicar uma tarifa progressiva de 5%, até um total de 25%, sobre os produtos procedentes do México. Afinal, este país é o maior comprador de milho e carne suína dos EUA e represálias podem ocorrer, podendo direcionar as compras destes produtos para o Canadá e a América do Sul. (cf. Safras & Mercado).

Na Argentina e no Paraguai, tonelada Fob de milho ficou em US$ 173,00 e US$ 118,50, respectivamente.

Já no Brasil, os preços do cereal se mantiveram estáveis, porém, com viés de alta. O balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 30,49/saco, enquanto os lotes ficaram entre R$ 36,00 e R$ 39,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes giraram entre R$ 22,00 em Sorriso e Campo Novo do Parecis (MT) e R$ 38,50/saco em Videira e Concórdia (SC), assim como em Itanhandu (MG).

No que diz respeito ao abastecimento interno, por enquanto o mesmo está controlado, não havendo pressões importantes. Todavia, o mês de junho precisa registrar uma colheita importante da safrinha para dar conta da pressão exportadora que se instala a partir das dificuldades existentes nos EUA. Além disso, muitos consumidores locais possuem estoques mais curtos e precisarão de abastecimento até o final do mês.

Neste contexto, em havendo melhoria nos prêmios para o milho, o preço de exportação pode rapidamente atingir a R$ 42,00 e mesmo R$ 43,00/saco em junho. Já há 2,7 milhões de toneladas previstas para exportação para este mês, com tendência a este volume crescer. Este é o maior embarque já programado para junho. (cf. Safras & Mercado).

Com isso, a tendência dos preços internos do milho está na dependência do volume das exportações, a qual também depende do câmbio; do ritmo da colheita da safrinha e da pressão interna de compra. Neste sentido, apesar da euforia pelo lado exportador, não se pode esquecer que o país deverá colher 70 milhões de toneladas de milho safrinha entre junho e agosto. Espera-se que a exportação absorva em torno da metade deste volume para que o preço do cereal se mantenha elevado.

Por enquanto, os preços internos estão melhores do que no porto, levando a oferta a se direcionar para o mercado local. Especialmente porque o câmbio cedeu para R$ 3,85 durante esta semana. Para que a exportação ganhe espaço o interior paulista, por exemplo, precisará vir registrar valores entre R$ 32,00 e R$ 33,00/saco (neste momento está em R$ 36,50 na Mogiana e R$ 38,00/saco no Cif Campinas).

Enfim, até o dia 31/05 a colheita da safrinha chegava a 2% da área, sendo 3% no Paraná e no Mato Grosso.

Gráfico do Milho vencimento SET/19 na CBOT

Gráfico do Milho vencimento SET/19 na BM&F (B3)

Dados da CONAB (tabela abaixo) apontam para elevação da produção de segunda-safra em relação ao ano passado.

Estimativas da CONAB (tabela abaixo) apontam para uma estabilidade nos estoques de passagem para esta temporada.

Dados do IGC (gráfico abaixo) apontam para tendência de redução dos estoques de passagem globais nos próximos anos.

Dados do USDA (tabela abaixo) também apontam para redução dos estoques globais de milho, mas indicam tendência de produção recorde para o Brasil.

Fontes: CBOT; BM&F; CONAB; USDA; CEEMA; IGC.