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Análise semanal dos Mercados do Milho, Soja e Trigo – 24/03/2018

SOJA – As cotações da soja em Chicago consolidaram o movimento de recuo nesta semana, porém, o mesmo não chegou a ser intenso. O fechamento desta quinta-feira (22) ficou em US$ 10,29/bushel, contra US$ 10,40 uma semana antes.

Houve chuvas nas regiões produtoras da Argentina, fato que acalmou um pouco o mercado, embora as perdas por lá já sejam irreversíveis em boa parte das lavouras. Efetivamente a tendência é de que o vizinho país colha apenas 40 milhões de toneladas de soja, contra 57 milhões inicialmente previstas. Mas o mercado já precificou esta situação e tal realidade parece não pesar muito mais sobre as cotações em Chicago.

Neste momento, as atenções se voltam para o relatório de intenção de plantio do USDA, previsto para este próximo dia 29/03. Há expectativa do anúncio de uma área recorde de soja, com aumento em relação a 2017, em detrimento do milho.

Por outro lado, durante esta semana pesou favoravelmente para as cotações o fato das exportações de soja estadunidenses estarem melhores do que o esperado para esta época do ano, momento em que a safra sul-americana entra no mercado.

Dito isso, importante se faz lembrar que os Fundos estão com posições compradas significativas em Chicago e a qualquer momento poderão vendê-las, provocando um “efeito manada”, derrubando as cotações.
Além disso, informações meteorológicas dão conta de que o fenômeno La Niña estaria enfraquecendo e o sistema El Niño o substituirá ainda neste ano. Isso significa maior quantidade de chuvas. A questão é se tais chuvas viriam sobre as áreas produtoras dos EUA, pois daqui em diante será o clima neste país, dentre outros fatores, que ditará o comportamento dos preços em Chicago.

Enquanto isso, a Associação Norte-Americana dos Processadores de Óleos Vegetais (NOPA) informou que o esmagamento de soja atingiu a 4,18 milhões de toneladas em fevereiro, volume que ficou acima do registrado em fevereiro de 2017, sendo recorde para um mês de fevereiro.

Já as exportações líquidas dos EUA, para o ano 2017/18, somaram 1,27 milhão de toneladas na semana encerrada em 08/03, ficando 30% acima da média das quatro semanas anteriores. Para o ano seguinte o volume atingiu a 77.400 toneladas. A soma dos dois anos ficou dentro das expectativas do mercado. Quanto às inspeções de exportação, o volume atingiu a 490.536 toneladas na semana encerrada no dia 15/03, decepcionando o mercado. No acumulado do atual ano comercial, iniciado em 01/09/2017, o volume inspecionado chega a 40,2 milhões de toneladas, contra 45,8 milhões em igual momento do ano anterior.
Aqui no Brasil os preços no balcão gaúcho melhoraram um pouco mais durante a semana, porém, os lotes recuaram de forma geral no país. O câmbio ajudou um pouco, quando bateu em R$ 3,30 no transcorrer da semana.

Assim, o balcão gaúcho fechou na média de R$ 70,35/saco, enquanto os lotes fecharam entre R$ 73,30 e R$ 73,70/saco. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 78,00/saco em Abelardo Luz (SC) e R$ 61,50 em Sinop e Sorriso (MT), passando por R$ 73,00 no centro e norte do Paraná; R$ 63,50 em São Gabriel e
Chapadão do Sul (MS); R$ 64,00 em Goiatuba (GO); R$ 67,00 em Pedro Afonso (TO) e R$ 70,50/saco em Uruçuí (PI).

A colheita da soja no Brasil, até o dia 16/03, chegava a 56% da área, contra 59% na média histórica e 63% na mesma época do ano passado. Por Estado, a colheita atingia a 4% no RS; 66% no PR; 92% no MT; 88% no MS; 65% em GO; 60% em SP; 50% em MG; 22% na BA; e 15% em SC. Destes Estados, Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás, São Paulo e Santa Catarina apresentam atraso na colheita em relação ao realizado no ano passado (cf. Safras & Mercado).

Enfim, enquanto órgãos públicos estimam a colheita brasileira entre 113 a 114 milhões de toneladas, analistas privados, caso de Safras & Mercado, continuam avançando um volume de 117,3 milhões de toneladas.

Gráfico da SOJA na CBOT (Chicago) – Vencimento Maio/2018

Gráfico da SOJA da BM&F (B3) – Vencimento Maio/2018


MILHO – As cotações do milho em Chicago recuaram um pouco nesta semana, fechando o dia 22/03 em US$ 3,76/bushel, contra US$ 3,86 uma semana antes.

As chuvas na Argentina, embora não suficientes, acalmaram um pouco o mercado, mesmo que as quebras, de uma certa maneira, já estejam precificadas. Neste momento, a safra do vizinho país está estimada em 34 milhões de toneladas, sendo 7 milhões abaixo da estimativa inicial.

Por outro lado, o bom volume das exportações semanais estadunidenses seguraram recuos mais importantes em Chicago. Efetivamente, as mesmas atingiram a 2,5 milhões de toneladas na semana encerrada em 08/03. Tal volume ficou 41% acima da média das quatro semanas anteriores, superando as expectativas do mercado.

O mercado se concentra cada vez mais no relatório de intenção de plantio, previsto para o dia 29/03, já que há expectativa de redução de área a ser semeada com o milho. Analistas privados estadunidenses avançam que a área poderá ficar em 35,8 milhões de hectares e, pela primeira vez na história, ficar abaixo da área semeada com soja. No ano passado a área semeada com milho nos EUA ficou em 36,4 milhões de hectares.

Na Argentina, a tonelada FOB atingiu a US$ 185,00, enquanto no Paraguai a mesma atingiu a US$ 175,00 na média semanal.

Já no mercado interno brasileiro os preços voltaram a melhorar um pouco mais. A média gaúcha fechou a semana em R$ 31,92/saco no balcão, enquanto os lotes fecharam entre R$ 40,00 e R$ 41,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes giraram entre R$ 21,00 em Sorriso e Campo Novo do Parecis (MT) e R$ 42,00/saco em Itahandu (MG), passando por R$ 41,50 em Videira (SC). Quanto à safrinha, o Nortão do Mato Grosso trabalhou com R$ 18,50/saco para entrega no início de setembro, porém, sem interesse de venda nesse nível de preço (Cf. Safras & Mercado).

A semana fechou com o mercado aguardando maiores definições quanto aos leilões de venda oficiais. Na região Sorocabana paulista os valores ficaram em R$ 39,00/saco, enquanto o referencial Campinas permaneceu em R$ 43,00/saco no CIF.

Neste sentido, o governo comunicou que terá um milhão de toneladas para a realização de leilões em todo o ano, sendo que o restante se destinará à venda de balcão. Os estoques estariam no Mato Grosso, e o governo espera colocar semanalmente entre 50.000 e 60.000 toneladas. Os leilões podem começar em abril (cf. Safras & Mercado).

No mercado futuro da BM&F acredita-se que a oferta irá aumentar daqui em diante, com os preços começando a ceder. Obviamente, muito irá depender da evolução da colheita nas regiões produtoras, especialmente em São Paulo. Ao mesmo tempo, o ritmo de venda por parte dos produtores igualmente será importante para definir um novo quadro de preços.

Enfim, a colheita do milho de verão no Brasil chegou a 51% em 16/03, contra 47% nomesmo período do ano passado. O RS havia colhido 82%, SC 58%, PR 46%, SP 66%, MS 78%, GO/DF 35%, MG 18%, e MT 44%. Já o plantio da segunda safra (safrinha) atingia, na mesma data, a 93% do total no Centro-Sul brasileiro, contra 95% na mesma época do ano passado, sendo que o MT havia semeado 98%, PR 90%, MS 88%, GO 93%, MG 85%, e SP 82% (cf. Safras & Mercado).

Gráfico do MILHO na CBOT (Chicago) – Vencimento Maio/2018

Gráfico do MILHO da BM&F (B3) – Vencimento Maio/2018


TRIGO – As cotações do trigo em Chicago recuaram fortemente nesta semana, fechando a quinta-feira (22) em US$ 4,55/bushel, contra US$ 4,78 uma semana antes e US$ 5,05 no primeiro dia de março.

Houve ajustes técnicos diante das fracas exportações de trigo por parte dos EUA, da grande oferta mundial do cereal, da melhoria do clima em regiões produtoras da Rússia e Ucrânia, assim como chuvas nas Planícies dos EUA, produtoras de trigo. Mesmo assim, a seca nesta região causou estragos que deverão ser avaliados nas próximas semanas.

No Mercosul, a tonelada de trigo FOB na exportação fechou a semana entre US$ 190,00 e US$ 200,00 na compra.

Já no Brasil, o balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 31,39/saco, um dos melhores preços dos últimos meses. Nos lotes, o valor médio subiu para R$36,00/saco. No Paraná, o balcão se manteve entre R$ 34,00 e R$ 36,00/saco, enquanto os lotes atingiram R$ 42,00 a R$ 43,20/saco. Em Santa Catarina, o balcão permaneceu entre R$ 32,00 e R$ 33,00/saco, enquanto os lotes fecharam a semana em R$ 37,20/saco.

Na medida em que a colheita de verão caminha para o encerramento, a liquidez no mercado do trigo tende a ser retomada, pois as indústrias devem buscar novas compras. Por enquanto, as dificuldades na venda da farinha de trigo seguram uma melhor recuperação do cereal.

Além disso, embora o câmbio tenha ajudado um pouco ao atingir R$ 3,30 em alguns momentos da semana, as importações de trigo, especialmente da Argentina, continuam importantes. Em fevereiro o Brasil comprou 420.000 toneladas, somando um total de 3,5 milhões de toneladas no atual ano comercial. Este é o quarto maior volume dos últimos 10 anos para o período.

Vale destacar que o Brasil exportou 23.200 toneladas de trigo de baixa qualidade, pelo terceiro mês consecutivo.

Assim, a reação nos preços, que finalmente acontece, embora ainda tímida, vem das variáveis externas, pois recentemente o preço do cereal subiu muito no mercado mundial. Infelizmente, tais preços voltaram a recuar nesta semana. Resta esperar que o câmbio no Brasil, pressionado agora pelo primeiro aumento dos juros básicos nos EUA e pela nova redução na Selic brasileira, associado as indefinições quanto às eleições presidenciais, mude de patamar e supere os R$ 3,30/dólar. Se isto ocorrer nas próximas semanas, o pouco que resta de trigo de qualidade no Brasil será ainda mais valorizado, puxando igualmente o trigo inferior.

Gráfico do TRIGO na CBOT (Chicago) – Vencimento Maio/2018

 

Fonte: CEEMA e CONAB