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Análise de Mercado da Trigo – 13/Dez/2014

As cotações do trigo em Chicago fecharam o dia 11/12 em alta ao registrarem US$ 6,10/bushel. O mercado continua bem mais aquecido nestas últimas semanas se considerarmos que um mês atrás o bushel era cotado a US$ 5,17 em Chicago.

O relatório de oferta e demanda do USDA confirmou uma colheita de 55,1 milhões de toneladas nos EUA, com estoques finais em 17,8 milhões de toneladas no ano 2014/15. Desta forma, o parâmetro de preços médios para o ano ficou entre US$ 5,80 e US$ 6,20/bushel. Em termos mundiais, a safra será de 722,2 milhões de toneladas, segundo o USDA, e os estoques finais de 194,9 milhões de toneladas (ganho de dois milhões de toneladas sobre novembro). O Brasil irá produzir 6,3 milhões de toneladas, enquanto a Argentina fica em 12 milhões. As importações brasileiras de trigo estão estimadas em 7 milhões de toneladas para este ano 2014/15.

Paralelamente, as vendas líquidas estadunidenses de trigo, para o ano comercial 2014/15, chegaram a 319.200 toneladas na semana encerrada em 27/11. O volume ficou 14% abaixo da média das últimas quatro semanas, sendo que o Japão comprou 223.100 toneladas daquele total. Já as inspeções de exportação de trigo chegaram a 269.319 toneladas na semana encerrada em 04/12, acumulando um total de 12,4 milhões de toneladas, contra 17,9 milhões um ano antes.

Tais números seriam um indicativo para um recuo nas cotações do trigo, porém, fatores mundiais estariam segurando as mesmas. Um deles nos vem da Austrália que informa um recuo em suas exportações devido ao clima ter prejudicado sua atual safra. A queda poderá ser de 6% nas vendas externas. Outro elemento é a frustração parcial da safra brasileira, levando o segundo maior importador mundial (o Egito é o primeiro) a comprar mais trigo do que o projetado neste ano 2014/15.

Por sua vez, a Argentina indica uma colheita de 51% de sua área de trigo, com produtividade e qualidade muito variáveis segundo as regiões produtoras. O governo local também estima uma colheita de 12 milhões de toneladas.

Nesse contexto, nos portos argentinos a safra nova, para embarque em janeiro/fevereiro, se situa entre US$ 245,00 e US$ 255,00/tonelada. Ao câmbio atual, a paridade de importação para o produto do interior do Paraná fica em R$ 753,00/tonelada e no interior gaúcho a R$ 704,00/tonelada. Já o trigo duro dos EUA chegaria a R$ 1.039,00/tonelada posto moinhos paulistas, fato que coloca a paridade de importação em R$ 930,00/tonelada para o produto do interior paranaense e a R$ 881,00/tonelada para o produto gaúcho. Enfim, o produto gaúcho estivado em Rio Grande fica entre US$ 238,00 e US$ 258,00/tonelada. Esse preço, ao câmbio atual, coloca a tonelada, nas regiões produtoras do Estado, entre R$ 527,00 e R$ 579,00. Isso significa valores entre R$ 31,62 e R$ 34,74/saco, considerando o produto de qualidade superior. É bom destacar que o Rio Grande do Sul está exportando trigo de baixa qualidade, e até mesmo triguilho, a preços em torno de R$ 17,00/saco.

Por outro lado, no Brasil o leilão de Pepro do dia 04/12 registrou uma demanda por apenas 17.800 toneladas de um total de 110.000 toneladas ofertadas. Em nove leilões o Brasil ofertou 1,5 milhão de toneladas, sendo 788.700 toneladas com demanda de recursos do Pepro. Um novo leilão estava programado para este dia 11/12 com oferta de 52.000 toneladas de trigo.

Pelo lado dos preços, o balcão gaúcho fechou a semana em R$ 24,64/saco, enquanto os lotes permaneceram em R$ 480,00/tonelada ou R$ 28,80/saco. No Paraná, os lotes registraram valores entre R$ 550,00 e R$ 580,00/tonelada ou R$ 33,00 e R$ 34,80/saco. Nesse momento a colheita está praticamente encerrada no Brasil, faltando algumas áreas ainda no Rio Grande do Sul.

O mercado nacional encontra dificuldades de reação de preços, mesmo com a melhoria dos preços externos e da desvalorização do Real, pois as indústrias estão estocadas neste final de ano. Para quem puder, guardar o produto pode ser uma alternativa de melhores preços na entressafra nacional, pensando-se em trigo de qualidade superior.

Fonte: Ceema