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Análise de Mercado do Trigo – 12/Set/2014

As cotações do trigo em Chicago também recuaram fortemente nesta semana, fechando o dia 11/09 em US$ 5,03/bushel, se aproximando do rompimento do piso de US$ 5,00.

O relatório de oferta e demanda do USDA, divulgado neste dia 11, indicou o seguinte:

1)  manteve a produtividade média nos EUA, para a safra 2014/15, em 2.952 quilos/hectare;

2)  manteve a produção estadunidense de trigo em 55,2 milhões de toneladas para este ano 2014/15;

3)  aumentou os estoques finais dos EUA para 19 milhões de toneladas neste novo ano comercial;

4) reduziu o patamar médio de preços aos produtores estadunidenses, passando o mesmo para valores entre US$ 5,50 e US$ 6,30/bushel em 2014/15;

5) passou a produção mundial para 720 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais subiram para 196,4 milhões de toneladas;

6) a produção da Argentina ficou em 12,3 milhões de toneladas e a do Brasil em 6,5 milhões de toneladas para 2014/15;

7)  as importações brasileiras de trigo ficam agora em 6,5 milhões de toneladas.

Nota-se, pelo relatório, que os preços atualmente praticados em Chicago já estão bem mais baixos do que o patamar médio indicado. Isso sugere, até o final do ano, uma pequena correção para cima nos preços do trigo na Bolsa.

Afora isso, as vendas líquidas estadunidenses de trigo, para o ano 2014/15, iniciado em 1º de junho passado, somaram 168.781 toneladas na semana encerrada em 28/08. Deste total, 90.700 toneladas foram adquiridas pelo México.

O fato novo veio da Argentina, onde o excesso de chuvas nestes primeiros dias de setembro colocou cerca de 30% da área de trigo embaixo d´água. Isso representa mais de um milhão de hectares, fato que poderá trazer perdas futuras na produção do vizinho país.

Já nos portos argentinos o preço da tonelada FOB de trigo pouco variou na semana, com a mesma ficando entre US$ 280,00 e US$ 320,00. Tomando-se esse último valor como referência, o produto argentino chega posto nos moinhos paulistas a R$ 844,00/tonelada ao câmbio atual. Para chegar a esse mesmo patamar naquele destino o trigo do Paraná poderia ser negociado por até R$ 739,00/tonelada FOB e o gaúcho em até R$ 690,00 (com 2% de ICMS). Por sua vez, a safra nova argentina registrou preços entre US$ 240,00 e US$ 250,00/tonelada para dezembro e janeiro, ainda não levando em conta o problema das inundações. Por outro lado, levando-se em conta o preço do produto dos EUA posto no Brasil, o trigo gaúcho para exportação, posto navio, estaria hoje girando entre R$ 409,00/tonelada (R$ 24,54/saco) e R$ 478,00 (R$ 28,68/saco). Sem intervenção do governo, o patamar inferior indicado seria o ponto de referência para os preços do trigo no mercado interno gaúcho. (cf. Safras & Mercado)

E é o que vem acontecendo neste momento. A média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 25,85/saco, enquanto os lotes ficaram entre R$ 460,00 e R$ 470,00/tonelada (R$ 27,60 e R$ 28,20/saco). No Paraná, os lotes ficaram entre R$ 540,00 e R$ 550,00/tonelada (R$ 32,40 e R$ 33,00/saco).

Na prática, a tendência continua sendo que novas quedas nos preços do trigo. As condições das lavouras do Paraná são excelentes e a colheita já teria atingido a 20% da área. No Rio Grande do Sul, as novas chuvas desta semana começam a preocupar, embora em boa parte das regiões produtoras ainda foram benéficas. O problema é que há previsões de mais chuvas para a nova semana. Nesse contexto, a Conab projeta uma colheita nacional ao redor de 7,7 milhões de toneladas, enquanto o mercado ainda fala de 7,8 a 8,0 milhões de toneladas, contra as 5,6 milhões colhidas no ano anterior. Se confirmado esse volume a ser colhido, a necessidade de importação nacional cai para 5 milhões de toneladas nesse ano 2014/15.

Pelo lado da demanda, o mercado continua lento, esperando a entrada mais significativa da nova safra, com a expectativa, plausível, de que os preços caiam bem mais quando do início da colheita gaúcha, em novembro.

Hoje, no Paraná, os negócios estão sendo feitos, como o esperado, abaixo do preço mínimo, mesmo o produto sendo de qualidade superior. Assim, os produtores capitalizados estão aguardando a intervenção do governo via AGF e leilões de Pepro. Alguns estão fazendo EGF na expectativa de uma reação de preços no primeiro semestre de 2015. Para complicar a situação, as exportações por parte do Rio Grande do Sul, diante dos atuais preços mundiais, ainda não se fazem interessantes e o Estado mantém cerca de 500.000 toneladas em estoque remanescente da safra passada.

Além disso, segundo o governo brasileiro, em agosto o Brasil importou 701.800 toneladas de trigo, sendo este o maior volume mensal desde outubro de 2013. Ainda sob efeito da isenção da TEC vieram 500.148 toneladas dos EUA e 53.750 toneladas do Canadá. Outras 80.394 toneladas foram compradas da Argentina, enquanto o Uruguai vendeu 62.876 toneladas e o Paraguai 4.645 toneladas. São Paulo foi o maior comprador, com 109.000 toneladas, seguido da Bahia e do Ceará.

Em síntese, o quadro do mercado do trigo nacional vai se confirmando péssimo a cada dia que passa, não havendo ainda um indicativo de reversão desta tendência.

Fonte: Ceema