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Análise Semanal do Mercado de Trigo – 26/02/2016

TrigoAs cotações do trigo em Chicago continuaram despencando nesta semana, fechando o dia 25/02 em US$ 4,45/bushel, após US$ 4,42 na véspera. Trata-se de valores que não eram vistos há anos.


Um dos motivos deste constante recuo se encontra na enorme oferta mundial de trigo. O anúncio, durante a semana, de que as exportações de trigo macio aumentarão em 2016/17, por parte da União Europeia, somente confirmaram tal quadro. Segundo o analista privado Strategie Grains, o bloco deverá exportar 30,6 milhões de toneladas neste novo ano comercial, alta de 2,3 milhões de toneladas sobre o realizado no ano anterior.


Por sua vez, o desempenho das exportações de trigo por parte dos EUA continua fraco. As vendas líquidas, na semana encerrada em 11/02, fecharam em 253.600 toneladas para 2015/16, ficando apenas 6% acima da média das quatro semanas anteriores. Já as inspeções de exportação, na semana do 18/02, ficaram em 245.464 toneladas. O USDA estima que as vendas estadunidenses de trigo ao exterior poderão ficar 44% menores neste ano.


Soma-se a isso, ainda, o fato de a Argentina estar acelerando suas exportações após a desvalorização do peso, iniciada em meados de dezembro passado. A mesma teria provocado uma elevação de 85% no preço da tonelada do cereal em moeda nacional, enquanto em dólar o produto recuou 23%. Com isso, o produto argentino se torna mais competitivo. Por enquanto, o Brasil comprou 50% do total das vendas argentinas, contra 85% no ano anterior. Isso deverá obrigar nosso país a buscar trigo em outras regiões do mundo.


Nesse sentido, as compras externas de trigo pelo Brasil estão mais fracas neste ano, muito também devido ao câmbio. Entre agosto/15 e janeiro/16 o volume adquirido ficou em 2,53 milhões de toneladas, contra 2,64 milhões em igual período do ano anterior. O Brasil, no mínimo, deverá importar 6,3 milhões de toneladas no atual ano comercial.
No Mercosul (Argentina, Paraguai e Uruguai), a tonelada FOB para exportação ficou entre US$ 170,00 e US$ 203,00 no final da corrente semana.


No Brasil, as médias permanecem estáveis, porém, o produto de qualidade superior continua se elevando. Em Minas Gerais, por exemplo, a compra chega a registrar R$ 820,00/tonelada (R$ 49,20/saco) e no Paraná R$ 800,00/tonelada (R$ 48,00/saco). Mas os vendedores continuam retraídos, contrariando as expectativas. Isso se deve ao fato de que o milho subiu ainda mais de preço, levando os produtores a optarem pela venda, primeiro, deste cereal e depois do trigo. Em relação ao ano anterior, no Paraná, o trigo subiu 36% e o milho 64%. (cf. Safras & Mercado).


Aqui no Rio Grande do Sul a média no balcão fechou a semana em R$ 33,58/saco, enquanto os lotes ficaram entre R$ 680,00 e R$ 700,00/tonelada ou R$ 40,80 e R$ 42,00/saco. No Paraná, a média girou ao redor de R$ 765,00/tonelada ou R$ 45,90/saco. Em função da paridade de importação, elevada devido a desvalorização do Real, os produtores pedem preços ainda mais elevados. Em algumas localidades do sul do país o preço pedido chega a R$ 900,00/tonelada, ou seja, R$ 54,00/saco. Tudo isso porque a oferta de trigo de qualidade superior é muito escassa no Brasil devido a forte frustração da safra do ano passado.


Enfim, continua o sentimento de que a área da futura safra de trigo tenderá a diminuir bastante no Brasil. No Paraná, como já frisamos no boletim passado, a tendência será aumentar o plantio do milho safrinha em detrimento do trigo, caso o clima permita. Isso indica preços mais elevados para o trigo nacional no final de 2016 e primeiro semestre de 2017.

Gráfico do TRIGO na CBOT – Vencimento Maio/2016https://www.tradingview.com/x/75YvuYUS/

Fonte: CEEMA.