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MILHO – Análise semanal do mercado – 09/Ago/2013

Comentários referentes ao período entre 02/08/2013 a 08/08/2013

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca²
Guilherme Gadonski de Lima³

As cotações do milho em Chicago continuaram fracas, acompanhando o movimento da soja. O fechamento desta quinta-feira (08) ficou em US$ 4,73/bushel, contra US$ 4,68 na véspera.

A possibilidade de uma safra cheia nos EUA, a ser confirmada no relatório do USDA deste dia 12/08 (é o que o mercado espera), com chuvas e clima normais, não oferece condições para altas de preços, como se previa há algum tempo. Nem mesmo o petróleo subindo a US$ 107,00/barril durante a semana, o que favorece a demanda por etanol de milho nos EUA, reverteu o quadro baixista. Aliás, será preciso muito mais do que isso para a retomada das altas naquela Bolsa, diante do conjunto de informações baixistas que surgem semanalmente. Senão vejamos:

1)    O clima é bom no meio-oeste estadunidense, com chuvas gerais, inclusive com retorno das mesmas lá onde a situação começava a preocupar;
2)    Não há nenhuma previsão de geadas precoces na região produtora dos EUA;
3)    Dados positivos da economia mundial em geral levam os fundos, já sem grande fôlego para continuar especulando em commodities, a saírem destes ativos com maior rapidez e volume;
4)    Analistas privados, se antecipando ao USDA avançam safra recorde nos EUA para o milho. A FC Stone apontou uma produção final de 355,4 milhões de toneladas, com estoques finais ao redor de 51 milhões de toneladas naquele país. Por sua vez, a Informa Economics indica 359 milhões de toneladas, com uma produtividade média ao redor de 9.958 quilos/hectare (outras estimativas chegam a indicar uma produtividade média na casa de 10.046 quilos/hectare);
5)    As condições das lavouras dos EUA, até o dia 04/08, apresentavam 64% das mesmas entre boas a excelentes, com 86% em fase polinização e 18% em enchimento de grão, caminhando para sua definição;
6)    As exportações estadunidenses na semana anterior chegaram a 383.676 toneladas de milho, ficando dentro do esperado pelo mercado;
7)    Enfim, o mercado já registra pressão de venda de milho por parte da Ucrânia e do Brasil, sendo que o país do Leste europeu tem oferecido milho a US$ 190,00/tonelada FOB, o que equivale a US$ 4,10/bushel para dezembro. (cf. Safras & Mercado)

Nessas condições, o mercado espera que em dezembro, tudo se confirmando na linha indicada, Chicago venha a romper o piso dos US$ 4,00/bushel.

Paralelamente, a tonelada FOB de milho na Argentina e no Paraguai recuou para US$ 225,00 e US$ 126,00 respectivamente.

Já no Brasil, os preços médios continuaram cedendo. O balcão gaúcho fechou a semana em R$ 23,23/saco, enquanto os lotes ficaram ao redor de R$ 24,00 a R$ 24,50/saco. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 9,00/saco em Sapezal (MT) e R$ 25,00/saco nas regiões catarinenses de Videira e Concórdia.

O mercado esperava o anúncio de leilões de Pepro para o Mato Grosso, mas também para o Mato Grosso do Sul e Goiás. O problema é o destino do produto, já que o Nordeste já não está mais comprando grandes volumes, e o mercado internacional não indica compra de milho brasileiro a partir de outubro. O governo estaria com estoques ao redor de 450.000 toneladas e a realização de AGFs viria para recompor os mesmos. Mas, diante de preços debilitados os produtores poderão segurar o produto, gerando um problema mais agudo no futuro, quando a nova safra de verão vier a ser colhida, a partir de fevereiro.(cf. Safras & Mercado)

Em termos de exportação, o mês de julho ficou com apenas 733.000 toneladas, elevando o acumulado do ano comercial, iniciado em fevereiro, a 5,7 milhões de toneladas. Ora, para alcançar volumes próximos a 2012, que superaram as 20 milhões de toneladas, o país precisaria, a partir de agosto, exportar mensalmente algo em torno de 3 milhões de toneladas até janeiro. Diante do atual quadro de mercado, um desafio impossível de ser vencido.

Portanto, a tendência geral continua de recuo de preços do milho, especialmente na região Sul do país, a partir da importação do milho safrinha que a cada semana perde preço. Afinal, o consumo interno está plenamente abastecido pela safrinha, que vem sendo depositada sob lonas, ao ar livre, no Centro-Oeste, em função do volume colhido e da falta de armazenagem disponível. O reflexo disso é o forte recuo nos preços do sorgo, substituto parcial do milho nas rações animais. Após ter ultrapassado os R$ 20,00/saco no início do ano, o mesmo já é negociado abaixo de R$ 14,00/saco em Goiás e abaixo de R$ 20,00/saco no Rio Grande do Sul.

Enfim, a importação, no CIF indústrias brasileiras, fechou a semana em R$ 40,01/saco e R$ 39,76/saco respectivamente para o produto dos EUA e da Argentina, ambos para agosto. Já o produto argentino, para setembro, ficou em R$ 36,31/saco. Na exportação, o transferido via Paranaguá, registrou os seguintes preços: R$ 24,00/saco para agosto; R$ 24,52 para setembro; R$ 23,15 para outubro; R$ 22,41 para novembro; R$ 22,78 para dezembro; R$ 23,29 para janeiro; R$ 23,53 para fevereiro; e R$ 23,46/saco para março. (cf. Safras & Mercado)

¹ Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
² Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.
³ Estudante do Curso de Economia da UNIJUI – Bolsista PET-Economia.