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MILHO – Análise semanal do mercado – 22/Jul/2013

Comentários referentes ao período entre 12/07/2013 a 18/07/2013

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum ¹
Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca ²

A cotação do milho em Chicago, ao passar a ter setembro como o primeiro mês cotado, caiu em um novo patamar, fechando o dia 18/07 em US$ 5,41/bushel (no ano passado neste mesmo dia o bushel de milho valia US$ 7,95 em Chicago). Esse comportamento já era esperado e vinha sendo indicado há mais tempo diante da tendência de safra cheia nos EUA.

No caso do milho a especulação encontra bem mais dificuldade em manter as cotações elevadas. E isso que o relatório do USDA trouxe uma safra brasileira em apenas 77 milhões de toneladas, quando o mercado já trabalha com números acima de 80 milhões. Esse quadro do cereal aponta o que poderá ocorrer, até o final do ano, com a soja em Chicago caso a safra estadunidense seja cheia.

Nesse sentido, o clima está transcorrendo normalmente no Corn Belt dos EUA, assim como na região da soja, fato que permite a continuidade na expectativa de safras recordes a partir de setembro/outubro.

Por outro lado, as condições das lavouras estadunidenses continuam muito boas, com 66% entre boas a excelentes, contra 68% na semana anterior, havendo 17% das mesmas em polinização, fato que coloca o clima ainda mais no centro das atenções nas próximas duas semanas nos EUA.

Paralelamente, os preços da tonelada FOB na Argentina, para agosto, voltaram a recuar, chegando agora a US$ 225,00. Enquanto isso, no Paraguai, a semana fechou com a mesma tonelada a US$ 127,50.

No mercado brasileiro, os preços se estabilizaram, porém, os lotes continuam sinalizando recuo para as próximas semanas. O balcão gaúcho fechou a atual semana em R$ 23,74/saco, enquanto os lotes caíram para valores entre R$ 26,00 e R$ 26,50/saco. Nas demais praças nacionais, os lotes fecharam a semana entre R$ 10,50/saco em Sorriso e Sapezal (MT), graças aos leilões de Pepro, e R$ 25,00/saco no oeste catarinense.

O governo brasileiro anuncia um leilão residual de Pepro de 500.000 toneladas para este dia 19/07, com contratos exclusivos para o Mato Grosso. Outro leilão, nos mesmos moldes, deverá ser realizado no dia 24/07. Para o primeiro leilão, os prêmios seriam de R$ 4,32/saco no norte do Mato Grosso e R$ 3,72/saco nas demais localidades. Devido a estes leilões as tradings não estão oferecendo preços nos portos, ficando ausentes para milho de outros Estados nos embarques de agosto. Ao mesmo tempo, o clima está favorecendo a evolução da colheita da safrinha no país, e as ofertas aumentando consideravelmente. Assim, em Santos (SP) somente se consegue preços entre R$ 24,50 e R$ 25,50/saco em caso de prêmios ao redor de zero para o milho nacional. E a situação de exportação para o após setembro continua travada. (cf. Safras & Mercado)

Nesse contexto, destaque para as baixas exportações de julho. Nas duas primeiras semanas do mês os mesmos chegaram a apenas 73.500 toneladas, com as tremendas complicações logísticas em nossos portos devendo continuar nas próximas semanas.

Para se ter uma ideia do que ainda vem por aí em nosso mercado de milho, vale destacar que a colheita da safrinha somente chegará a 50%, talvez 60%, em meados de agosto. Ou seja, há muito milho para entrar no mercado nas próximas quatro a seis semanas. O desastre anunciado deste mercado vai se configurando a cada semana que passa.

Especificamente no caso do Mato Grosso, para onde os leilões de Pepro se destinam, dois tipos de negócios se configuram agora: “os lotes com Pepro e os lotes sem Pepro. Tradings mantiveram indicações entre R$ 10,00 e R$ 10,50/saco em Sorriso e região, para pagamento entre setembro e outubro. Porém, ofertas de produtores estão condicionadas a R$ 11,00 e R$ 11,50/saco mesmo com o Pepro. O sul do Estado, sem o benefício dos leilões, mantendo valores entre R$ 13,00 e R$ 14,00/saco dependendo da localidade.” (cf. Safras & Mercado)

Enfim, a semana terminou com a importação, no CIF indústrias brasileiras, valendo R$ 42,09/saco para o produto dos EUA e R$ 38,70/saco para o produto da Argentina, ambos para agosto. Já para setembro o produto argentino ficou em R$ 35,35/saco. Na exportação, o transferido via Paranaguá, chegou a R$ 25,72/saco para agosto; R$ 25,47 para setembro; R$ 23,91 para outubro; R$ 24,51 para novembro; R$ 24,39 para dezembro; R$ 24,84 para janeiro; R$ 25,41 para fevereiro; e R$ 24,17/saco para março.

¹  Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
²  Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.