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SOJA – Análise semanal do mercado – 02/Ago/2013

Comentários referentes ao período entre 26/07/2013 a 01/08/2013

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca²

Guilherme Gadonski de Lima³

As cotações da soja em Chicago continuaram recuando nesta semana, chegando a bater, para o primeiro mês cotado, em US$ 13,50/bushel no dia 30/07, enquanto o mês de novembro fechava em US$ 12,03/bushel. No dia 31/07 houve uma recuperação técnica natural, após tantas baixas, porém, a mesma não se sustentou e o fechamento do dia 01/08 foi novamente em baixa, com o primeiro mês fechando em US$ 13,57/bushel e o mês de novembro rompendo o piso dos US$ 12,00 e fechando em exatos US$ 11,92/bushel (essa cotação não era vista desde o final de janeiro de 2012, sendo que o óleo de soja atingiu cotações que não eram vistas desde setembro de 2010). A título de comparação, a média de julho ficou em US$ 14,92, após US$ 15,24 em junho.

A realidade do mercado não mudou. O quadro de oferta de curto prazo, nos EUA, continua apertado, porém, a safra sul-americana se faz mais presente na oferta. Por outro lado, o clima continua bom nos EUA, adentrando agosto com indicativo de safra cheia naquele país. A especulação financeira menos ativa nas commodities, devido a falta de fatores altistas suficientes, e Chicago desenhando preços ao redor de US$ 12,00/bushel para novembro, com potencial de baixa maior.

Alguns fatores específicos continuam pressionando o mercado para esta linha de baixa. As condições das lavouras nos EUA permanecem muito boas, sendo que até o dia 28/07 cerca de 63% estavam entre boas a excelentes, 28% regulares e 9 % entre ruins a muito ruins.

Por sua vez, Safras & Mercado, no Brasil, em sua primeira projeção para a futura safra brasileira, indica um aumento de área semeada na altura de 3,7%, fato que levaria a mesma para 28,95 milhões de hectares. Em clima normal, a produção brasileira poderá atingir um novo recorde, entre 88 e 89 milhões de toneladas, ou seja, 7,4% acima do colhido na excelente safra passada. Como igualmente a Argentina espera recuperar sua colheita na altura de 55 a 57 milhões de toneladas, o mercado mundial arrefece.

Dito isso, as exportações líquidas dos EUA, em soja, no ano comercial 2013/14, com início previsto para 1º de setembro, chegam a 665.200 toneladas na semana encerrada em 18/07. Para o ano 2012/13, que se encerra em 31/08/2013, os embarques somaram 128.300 toneladas. Já as inspeções de exportação chegam a 36.520 toneladas na semana encerrada em 25/07.

Enquanto isso, os produtores argentinos venderam 55% de sua safra 2012/13 até o final de julho, contra 76% em igual período do ano passado. Portanto, há ainda quase metade da última safra argentina, de 50 milhões de toneladas, para entrar no mercado.

Nesse contexto, os lotes nos portos brasileiros ensaiaram uma melhoria neste final de julho, terminando a atual semana entre 25 e 50 centavos de dólar por bushel, em Rio Grande, e entre menos 10 e mais 12 centavos nos demais portos brasileiros. Em Rosário (Argentina) os mesmos ficaram entre menos 20 centavos e zero por bushel. Já nos EUA os mesmos estão positivos, por falta de produto para embarque, entre US$ 1,50 e US$ 2,05/bushel.

Assim, os preços no Brasil, mesmo com um câmbio batendo a R$ 2,28 no final de julho, recuaram. O balcão gaúcho fechou a semana em R$ 59,24/saco, com muitas praças negociando o produto a R$ 57,00/saco. Os lotes ficaram entre R$ 64,00 e R$ 65,00/saco no Estado gaúcho e entre R$ 51,50/saco (Sapezal-MT) e R$ 62,50/saco (Pato Branco-PR). Já na BM&F/Bovespa o contrato setembro/13 ficou em US$ 28,50/saco, enquanto novembro/13 fechou a semana em US$ 27,02/saco.

Diante dos fatos de mercado e do comportamento de Chicago, os preços em reais da soja somente não baixaram mais porque o câmbio, fortemente desvalorizado nestes últimos três meses, está segurando os mesmos. Mas, os valores futuros já estão refletindo a tendência baixista, pelo menos por enquanto. Assim, no Paraná, para março/14, o preço de compra em Paranaguá (porto) recuou para US$ 26,20/saco (R$ 59,74/saco ao câmbio atual). No Rio Grande do Sul, o valor FOB interior ficou em R$ 59,50/saco na compra. No Mato Grosso, Rondonópolis aponta R$ 50,00/saco para fevereiro/março próximos. Dourados (MS) ficou em R$ 49,00/saco para março, enquanto Goiás indicou R$ 51,50/saco para fevereiro. Na Bahia, Maranhão, Piauí e Tocantins, os preços futuros se mantiveram, para maio/14, respectivamente em R$ 51,00; R$ 52,50; R$ 54,80 e R$ 51,30/saco. (cf. Safras & Mercado)

Ainda excelentes preços a julgar pelo valor que a soja tende a ficar no momento da colheita, em caso de safra cheia nos EUA, mesmo com o câmbio se mantendo ao redor de R$ 2,25.

¹ Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.

² Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.

³ Estudante do Curso de Economia da UNIJUI – Bolsista PET-Economia.