As cotações do trigo em Chicago continuaram abaixo dos US$ 4,00/bushel durante a semana, fechando o dia 14/12 (quinta-feira) em US$ 3,95, após US$ 3,94/bushel uma semana antes.
O mercado encontra poucos motivos altistas. O relatório de oferta e demanda do USDA, divulgado no dia 12/12, manteve a produção estadunidense de 2017/18 em 47,4 milhões de toneladas, porém, aumentou os estoques finais daquele país para 26,1 milhões de toneladas. Já a produção mundial foi acrescida de quatro milhões de toneladas, em relação a novembro, ficando em 755,2 milhões de toneladas. Por sua vez, os estoques finais mundiais subiram para 268,4 milhões de toneladas. Diante de tal quadro, os preços médios aos produtores dos EUA, para o ano 2017/18, ficam agora no patamar de US$ 4,50 a US$ 4,70/bushel, ou seja, bem acima do que está sendo atualmente praticado em Chicago.
Afora isso, a ampla oferta mundial, confirmada no relatório, e a perda de competitividade do trigo dos EUA não permitiram reação das cotações.
No Mercosul, a tonelada FOB para exportação se manteve entre US$ 180,00 e US$ 200,00 na compra.
Já no Brasil, os preços se mantiveram estáveis, voltando a surgir um viés de alta, especialmente para o trigo de qualidade superior, devido a forte desvalorização do Real durante a semana. A mesma deixa o trigo importado mais caro, levando a maior procura pelo pouco que existe no mercado nacional.
Mesmo assim, a comercialização se deu em ritmo lento nesta semana, com o mercado esperando um melhor posicionamento do câmbio. Afinal, o Banco Central brasileiro teve que intervir neste mercado visando segurar a moeda nacional ao redor de R$ 3,30.
Por outro lado, os moinhos nacionais estão bem abastecidos, além de o final de ano se aproximando, momento em que as indústrias apresentam pouca movimentação de negócios.
Paralelamente, a colheita na Argentina avança, tendo atingido a 46% da área no início da atual semana, estando um pouco mais avançada do que o registrado em igual período do ano passado.
Por sua vez, o mercado deve voltar a aquecer um pouco mais após o primeiro bimestre de 2018, quando a safra argentina já estiver colhida e os negócios com o vizinho país mais encaminhados. Desta forma, mesmo com o câmbio muito volátil neste momento, não se espera grandes modificações de preços nas próximas semanas.
No quadro geral, vai se confirmando que o câmbio será o balizador do comportamento dos preços futuros do trigo. Em o mesmo se mantendo na linha de desvalorização do Real, devido as dificuldades de o governo brasileiro passar a reforma da previdência e da proximidade das eleições gerais, há condições de os preços do trigo nacional melhorarem até março e mesmo depois. Caso contrário, as importações serão mais atrativas e os preços locais encontrarão dificuldades para subirem além dos atuais patamares. Não podemos esquecer que neste ano grande parte da safra nacional de trigo é de qualidade inferior, portanto, de baixo valor.
Enfim, segundo a Emater gaúcha, a quebra da safra gaúcha em 2017 foi de 52%, com o volume final ficando ao redor de 1,2 milhão de toneladas. A produtividade média recuou 47% em relação ao ano anterior, isso sem falar na queda de qualidade do produto colhido.
Fonte: CEEMA