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Análise semanal dos mercados de Milho e Soja – 04/05/2018

MILHO – As cotações do milho em Chicago subiram durante a semana, fechando a quinta-feira (03/05) em US$ 3,99/bushel, contra US$ 3,86 uma semana antes. A média de abril fechou em US$ 3,85/bushel, contra US$ 3,79 em março passado e US$ 3,60/bushel em abril/17. O fechamento deste dia 03/05 foi o mais alto, para o primeiro mês cotado, desde o dia 20 de junho de 2016.

Apesar do fraco desempenho das exportações estadunidenses de milho, o mercado reagiu à possibilidade de novos atrasos no plantio do cereal devido ao clima ruim nos EUA. Paralelamente, a Argentina colhe lentamente sua safra devido ao excesso de chuvas, tendo a mesma chegado a 30% do total no final de abril, enquanto no Brasil a falta de chuvas começa a atingir diferentes regiões produtoras da safrinha.

Nos EUA, o clima será o fator chave nestas próximas semanas. Neste contexto, o mercado espera com ansiedade o relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para o próximo dia 10/05. O mesmo será o primeiro que projetará a nova safra de verão daquele país.

Quanto ao plantio do milho nos EUA, até o dia 29/04 o mesmo atingia a apenas 17% da área esperada, contra 27% na média histórica e 32% em igual momento do ano passado. Para o mercado considerar um desempenho normal no mesmo, até o dia 10/05 a área semeada deverá chegar a 50% do total esperado. Caso contrário, ganhará força a tendência de que parte da área de milho possa se transferir para a soja. Na Argentina, a tonelada FOB de milho voltou a subir, fechando a semana em US$ 192,00, enquanto no Paraguai a mesma atingiu a US$ 180,00.

Aqui no Brasil os preços voltam a vivenciar um mercado mais tenso. O balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 33,98/saco, enquanto os lotes permaneceram entre R$ 40,00 e R$ 41,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 23,00/saco em Sorriso e Campo Novo do Parecis (MT) e R$ 41,00/saco em Videira e Concórdia (SC) (cf. Safras & Mercado).

A tensão no mercado se deve às novas previsões climáticas, as quais dão conta de falta de chuvas nas regiões produtoras da safrinha nacional, pelo menos até o dia 10/05. Cerca de 10% a 20% da safrinha já teria ultrapassado o período crítico climático, porém, há ainda entre 80% a 90% da área semeada dependendo de chuvas. Diante do
atual quadro, há fortes possibilidades de quebra na safrinha nacional, fato que se somaria à baixa produção da safra de verão devido a uma importante redução de área semeada.

Assim, a partir de agora, o mercado nacional ficará muito dependente do clima, especialmente no Centro-Oeste, São Paulo, Paraná e Minas Gerais, os grandes produtores da safrinha de milho. Se a falta de umidade se confirmar, os preços do cereal tendem a subir ainda mais.

Diante de tal possibilidade, os produtores e empresas que possuem milho disponível recuaram em suas vendas, ajudando a pressionar o mercado para cima neste início de maio, especialmente no Sudeste brasileiro. Neste sentido, a semana terminou com a Sorocabana paulista negociando milho entre R$ 37,00 e R$ 38,00/saco, enquanto o referencial Campinas voltou ao patamar de R$ 40,00 a R$ 41,00/saco no CIF disponível (cf. Safras & Mercado).

Ao mesmo tempo, a forte desvalorização do Real eleva os preços na exportação, direcionando milho para vendas externas em um momento em que começa a crescer a preocupação de falta de disponibilidade interna para o segundo semestre, caso a safrinha sofra prejuízos. De fato, no porto de Santos o saco de milho chegou ao redor de R$ 40,00 nesta semana.

Portanto, os próximos 10 dias nas regiões da safrinha serão decisivos, com fortes repercussões sobre os preços do milho nacional.

Para tentar acalmar a situação junto aos consumidores de milho (criadores e fábricas de ração), a Conab realizou leilões de venda de seus estoques, alcançando 58.185 toneladas negociadas, ou 33,2% do total disponibilizado (avisos 054 e 055) na sexta-feira (27/04). Novos leilões deverão ocorrer durante o mês de maio.

Gráfico – Milho BM&F – Vencimento Set/2018

Gráfico - Milho BM&F - Vencimento Set/2018

Gráfico – Milho CBOT – Vencimento Set/2018Gráfico - Milho CBOT - Vencimento Set/2018


SOJA – As cotações da soja em Chicago, nestes primeiros dias de maio, apresentaram um leve viés de alta, com oscilações importantes em alguns momentos. O fechamento desta quinta-feira (03/05) ficou em US$ 10,43/bushel, para o primeiro mês cotado, contra US$ 10,28 uma semana antes. A média de abril ficou em US$ 10,37/bushel, contra US$ 10,39 em março passado e US$ 9,46/bushel em abril/17. Portanto, em relação há um ano o bushel continua valendo quase um dólar a mais neste momento.

E isso tudo, mesmo com o ritmo de plantio nos EUA aumentando, e entrando agora no mês decisivo. Ao mesmo tempo, o clima está positivo para a semeadura da soja. Aliás, o excesso de umidade em abril faz o mercado, mais uma vez, cogitar na possibilidade de haver transferência de área do milho para a soja. Se isso vier a ocorrer, a área da oleaginosa poderá superar a do ano passado e não ser 1% menor como o relatório de intenção de plantio indicou no final de março passado. Até o dia 29/04 o plantio da soja nos EUA atingia a 5% da área esperada, exatamente dentro da média histórica.

Paralelamente, os Fundos venderam um pouco mais de posições em Chicago, afrouxando a pressão altista que havia em determinados momentos de abril passado. Mesmo assim, com o Banco Central dos EUA, em sua reunião deste início de maio, mantendo a atual taxa de juros básica, os Fundos tendem a permanecer ativos na
Bolsa.

Dito isso, o clima nos EUA continuará sendo o fator decisivo para definir o movimento das cotações na Bolsa nas próximas semanas. Reuniões entre EUA e China nesta semana poderão definir um caminho para o litígio comercial recente entre os dois países. Este fato deverár repercutir com mais intensidade em Chicago na próxima
semana, embora o mercado não espere grandes avanços nestas negociações. Por enquanto, não se espera a aplicação das tarifas aduaneiras prometidas por ambos os países desde março passado, fato que alivia a pressão sobre a Bolsa no curto prazo.

Enquanto isso, na Argentina, os prêmios no porto continuam elevados diante da forte quebra de safra ocorrida no país. Depois da seca, agora é o excesso de chuvas que atrapalha, atingindo as lavouras no momento da colheita.

Aliás, as cotações em Chicago estão se sustentando muito graças a firmeza do farelo de soja que, nesta semana, voltou a superar os US$ 400,00/tonelada curta em alguns momentos, valor que não era visto desde julho de 2016. Com a forte quebra na safra argentina, fornecedor de 50% do farelo no mercado mundial, o produto dos EUA passa a ser mais procurado, fortalecendo as cotações do grão igualmente.

Por sua vez, as vendas líquidas de soja por parte dos EUA, na semana encerrada em 19 de abril, atingiram a 697.100 toneladas, ficando 33% abaixo da média das quatro semanas anteriores, enquanto para o ano 2018/19 as mesmas atingiram a 76.600 toneladas. No somatório dos dois anos as mesmas ficaram abaixo do esperado pelo mercado, fato que esfriou um pouco as cotações durante a semana. Já as inspeções de exportação, na semana encerrada em 26/04, somaram 679.379 toneladas, acumulando no atual ano comercial um total de 43,5 milhões de toneladas, contra 49,5 milhões em igual momento do ano anterior. Vale lembrar que a China não está comprando soja dos EUA desde o dia 10/04 e tal quadro somente mudará se houver acordo entre os dois países em torno do litígio comercial que se iniciou ainda em março.

Aqui no Brasil, os preços se estabilizaram, embora o câmbio continue dando forte sustentação aos mesmos na medida em que o dólar chegou a valer R$ 3,55 em alguns momentos desta semana. Assim, o balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 77,42/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 81,00 e R$ 81,50/saco. Nas demais praças nacionais os lotes giraram entre R$ 71,00/saco em Querência (MT) e R$ 84,00/saco em Campos Novos (SC), passando por R$ 82,00 em Pato Branco (PR), R$ 72,50 em Chapadão do Sul e São Gabriel (MS), R$ 75,00 em Goiatuba (GO); R$ 75,50 em Pedro Afonso (TO) e R$ 76,50/saco em Uruçuí (PI) (cf. Safras & Mercado).

Com a possibilidade de acordo entre China e EUA, os prêmios cederam em torno de 40% de seu valor de 20 dias atrás nos portos brasileiros, com Rio Grande trabalhando entre US$ 0,72 e US$ 0,96/bushel, enquanto Paranaguá (PR), ficou entre US$ 0,74 e US$ 0,98/bushel. Assim, se não fosse o câmbio no Brasil, o preço da soja já teria recuado nestes últimos dias, já que Chicago igualmente cedeu um pouco. Este pode ser um sinal de que a excelente janela de preços, que se abriu em meados do mês de abril, esteja se fechando paulatinamente neste início de maio. Ou seja, até se definirem os litígios comerciais entre China e EUA, o mercado volta a depender muito do comportamento cambial brasileiro. Ora, o Banco Central do Brasil já começa a vender dólares no mercado visando segurar a desvalorização do Real. O mercado espera terminar 2018 com a moeda nacional valendo ao redor de R$ 3,35 por dólar.

Afora isso, vale ainda destacar que as exportações brasileiras de soja seguem firmes, com o setor privado estimando que em abril o país tenha embarcado 12,2 milhões de toneladas, enquanto dados oficiais dão conta de um volume ao redor de 10,26 milhões de toneladas vendidas no mês passado (cf. AgResources).

Enfim, a colheita da soja no país atingia a 98% da área esperada em 27/04, contra 95% na média histórica nesta data. Faltava colher 8% da área no Rio Grande do Sul; 4% na Bahia, 5% em Santa Catarina e 8% no conjunto dos Estados do Tocantins, Piauí e Maranhão (cf. Safras & Mercado).

Gráfico – Soja CBOT – Vencimento Set/2018Gráfico - Soja CBOT - Vencimento Set/2018

Fonte: CEEMA