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Mercado do Milho, Soja e Trigo – 10/02/2018

Mercado do Milho

Em relação ao final de dezembro as cotações do milho em Chicago melhoraram um pouco entre janeiro e este início de fevereiro. A média de dezembro ficou em US$ 3,44/bushel, após US$ 3,43 em novembro, enquanto em janeiro/18 a mesma passou a US$ 3,52. O fechamento deste dia 08/02 ficou em US$ 3,65/bushel.

O mercado igualmente ficou ligado ao clima na parte sul da América do Sul, porém, com menos preocupações em relação à soja. Mesmo com a redução da produção da Argentina, o mercado internacional não se mostra inquieto. Além disso, os recentes relatórios do USDA não trouxeram novidades. A produção passada dos EUA foi mantida em 371 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais para 2017/18 foram reduzidos para 59,7 milhões, após 62,9 milhões em janeiro. A produção brasileira está mantida em 95 milhões de toneladas, enquanto a da Argentina foi reduzida para 39 milhões (42 milhões de toneladas em janeiro) devido ao clima mais seco no vizinho país. Por sua vez, a produção mundial de milho está projetada em 1,041 bilhão de toneladas, e os estoques finais em 203,1 milhões de toneladas para 2017/18.

O quadro geral no mercado internacional do milho é de normalidade, com pouca volatilidade nas cotações.

Por sua vez, a tonelada FOB de milho na Argentina e no Paraguai fechou esta primeira semana cheia de fevereiro/18 em US$ 175,00 e US$ 137,50 respectivamente. Enfim, a relativa firmeza atual nas cotações do milho em Chicago se deve as boas exportações do cereal por parte dos EUA. As vendas líquidas estadunidenses, na semana encerrada em 25/01, somaram 1,85 milhão de toneladas. Tal volume ficou 93% acima da média das quatro semanas anteriores. Para 2018/19 o volume alcançou 31.000 toneladas. Na soma dos dois anos, o mercado esperava volume entre 1,0 milhão e 1,5 milhão de toneladas.

Aqui no Brasil, os preços médios do milho subiram um pouco nestes últimos dois meses, especialmente no centro do país. Já no Rio Grande do Sul houve grande estabilidade, com a média do balcão gaúcho, que era de R$ 27,12/saco na última semana de dezembro passado, recuando para R$ 26,95 na terceira semana de janeiro, e fechando nesta atual semana de fevereiro em R$ 27,38/saco. Para os lotes os valores oscilaram entre R$ 30,00 e R$ 31,00/saco neste início de fevereiro. Nas demais praças nacionais os lotes giraram entre R$ 16,00/saco em Sorriso, Sapezal e Campo Novo do Parecis (MT) e R$ 35,00/saco em Itahandu (MG), passando por R$ 32,00/saco em Videira e Concórdia (SC).

Em São Paulo, diante de estoques reduzidos dos consumidores, os negócios saíram entre R$ 35,00 e R$ 37,50/saco CIF disponível. Em função da entrada da safra de soja já começa a surgir problemas com o frete. Por enquanto não há expectativa de redução nos valores paulistas do milho e mesmo no contexto nacional, embora a safra de verão esteja entrando lentamente no mercado.

Segundo Safras & Mercado, até o dia 02/02 a colheita de verão atingia a 10% da área, contra 9% na mesma época do ano anterior. No Rio Grande do Sul a mesma atingia a 28%, Santa Catarina e São Paulo registravam 9% e o Paraná 2%.

Já o plantio da safrinha 2018 está mais lento neste ano. O mesmo chegava a 10% da área estimada, em 02/02, contra 20% em igual momento de 2017. O Centro-Sul brasileiro deverá semear, na safrinha, uma área de 10,8 milhões de hectares, o que representa um recuo de 5,8% sobre a área registrada no ano anterior (cf. Safras & Mercado).

Enfim, as exportações brasileiras de milho, em janeiro, somaram 3,02 milhões de toneladas. Com isso, o ano comercial 2017/18 (fevereiro a janeiro) fechou com um total exportado de 30,05 milhões de toneladas. Mesmo assim, os estoques de passagem para o novo ano que se inicia chegam ao redor de 17 milhões de toneladas, o segundo maior da história do país, após mais de 20 milhões no ano anterior. Assim, apesar do recuo na produção total, devido ao recuo na área de plantio e na produtividade de algumas regiões, os altos estoques deverão segurar os preços nos atuais níveis, salvo se houver frustração climática na safrinha deste ano.

Gráfico do Milho na BM&F – Vencimento Maio/2018

Gráfico do Milho na BM&F – Vencimento Set/2018

Gráfico do Milho na CBOT – Vencimento Set/2018


Mercado da Soja

Neste período em que estivemos de recesso as cotações da soja pouco oscilaram em Chicago. As médias mensais até baixaram um pouco, embora no final de janeiro/18 o bushel tenha flertado novamente com os US$ 10,00. Assim, após a média ter atingido, para o primeiro mês cotado, o valor de US$ 9,84/bushel em novembro, dezembro fechou em US$ 9,72, enquanto janeiro ficou em US$ 9,71/bushel. A média de janeiro de 2017 foi de US$ 10,18/bushel, a título de comparação. Nestes primeiros dias de fevereiro as cotações pouco se alteraram, com o bushel fechando o dia 08/02 em US$ 9,87.

O mercado externo, após especular bastante em torno do clima no sul do Brasil e na Argentina, acabou se concentrando mais recentemente na possibilidade de quebras na safra argentina, após as excelentes chuvas em boa parte do sul brasileiro durante todo o mês de janeiro. Há especulações de que a safra do vizinho país caia para 52 milhões de toneladas (a projeção inicial era de 57 milhões), com alguns analistas falando mesmo em volumes ao redor de 50 milhões. Como a Argentina fornece 50% do farelo de soja mundial, as cotações deste subproduto subiram em Chicago, sustentando o grão. De fato, a média da tonelada curta de farelo em Chicago, que foi de US$ 317,62 em novembro, subiu para US$ 322,74 em dezembro, chegando a US$ 325,95 em janeiro. No dia 08/02 o farelo fechou cotado a US$ 341,70/tonelada curta, retornando aos melhores valores desde meados de fevereiro de 2017.

Paralelo a isso, os fundos se mantiveram presentes, porém, de olho na taxa de juro básica nos EUA. A possibilidade de três aumentos na mesma, durante o corrente ano, tende a levar muitos deles a vender posições em Chicago e aplicar em títulos do Tesouro norte-americano. Isso seria um fator de baixa para as cotações. No entanto, por enquanto os mesmos se mostram com bom potencial de compra naquela Bolsa.

Por outro lado, os relatórios de oferta e demanda anunciados pelo governo dos EUA neste período, um deles neste dia 08/02, poucas novidades trouxeram em relação a safra passada estadunidense. Neste último, confirmou-se a produção de 119,5 milhões de toneladas (um pouco menor do que o anunciado até dezembro), porém, estoques finais em elevação, chegando a 14,4 milhões de toneladas para 2017/18, contra 12,8 milhões em janeiro e 8,2 milhões no ano anterior. Já a projeção de colheita no Brasil foi elevada para 112 milhões de toneladas (no Brasil, órgãos internos falam de um volume entre 108 e 110 milhões), enquanto na Argentina a produção foi reduzida para 54 milhões de toneladas. As importações chinesas foram mantidas em 97 milhões de toneladas. Quanto à produção mundial total para 2017/18, a mesma está agora projetada em 346,9 milhões de toneladas e os estoques finais em 98,1 milhões.

Ajudou para que o bushel se mantivesse mais firme nestes últimos dias o forte recuo no índice de ações da Bolsa de Nova York. Este recuo levou momentaneamente os fundos a se deslocarem com mais intensidade para as commodities.

Desta forma, no front externo o mercado continua estável, com viés de baixa na medida em que a colheita sul-americana se confirmar nesta ordem, salvo se a produção argentina continuar sendo diminuída (o clima neste mês de fevereiro voltou a ficar mais seco no sul brasileiro e em grande parte da região produtora do vizinho país).

Tanto é verdade que neste relatório do dia 08/02 o USDA indica uma média de preços, para 2017/18, entre US$ 8,90 e US$ 9,70/bushel para os produtores estadunidenses.

Afora isso, neste início de fevereiro as exportações de soja dos EUA continuaram a se mostrar fracas, com as mesmas ficando em apenas 359.000 toneladas na semana encerrada em 25/01, sendo 50% abaixo da média das quatro semanas anteriores. Para 2018/19 o volume ficou em 50.700 toneladas. No somatório destes dois anos o mercado esperava um volume entre 600.000 e 1,0 milhão de toneladas.

No Brasil, os preços da soja igualmente se mantiveram relativamente estáveis, oscilando muito mais em razão das mudanças de rumo do câmbio. Assim, no balcão gaúcho, após a média de R$ 64,61/saco na última semana de dezembro passado, o produto recuou para R$ 61,91 na terceira semana de janeiro, melhorando um pouco neste início de fevereiro, quando a média desta atual semana subiu para R$ 62,80/saco. Já os lotes oscilaram entre R$ 68,00 e R$ 68,50/saco no disponível. Nas demais praças nacionais os lotes giraram entre R$ 59,00/saco em Sinop, Sorriso, Nova Xavantina e outras regiões do Nortão mato-grossense, e R$ 70,00/saco em Campos Novos (SC).

A comercialização da safra passada, no dia 05/02, atingia a 96% do total no Brasil, contra 98% na média histórica, com o Rio Grande do Sul chegando a 87%, contra 94% na média, e Santa Catarina atingindo a 83%, contra 96% na média para esta data. Já a comercialização antecipada da nova safra, que começa a ser colhida no Brasil, atingia, no dia 05/02, a um total de 32%, contra 42% na média histórica, com o Rio Grande do Sul registrando apenas 19% contra 38% no ano passado e 28% na média histórica. Na prática, todos os Estados produtores estão com vendas antecipadas bem mais baixas do que a média (cf. Safras & Mercado). Isso demonstra que os atuais preços não animam os produtores, com os mesmos esperando uma melhoria nos próximos meses. A mesma será difícil, porém, como a dependência maior será do câmbio, há uma possibilidade de desvalorização do Real em função da forte volatilidade do mesmo devido as eleições presidenciais que se aproximam no Brasil. Neste momento, o Real voltou a se aproximar dos R$ 3,30 por dólar, com boa parte do mercado acreditando em R$ 3,50 para o término de 2018.

Enfim, quanto a atual colheita, a mesma atingia, até o dia 02/02, a 6% da área total no país, contra 8% na média histórica, sendo o Mato Grosso o principal Estado em avanço de colheita, com 20% da área já cortada ante 16% na média histórica. Goiás com 2% e Paraná e Mato Grosso do Sul com 1,5% vêm na sequência (cf. Safras & Mercado).

Gráfico da Soja na BM&F – Vencimento Maio/2018

Gráfico da Soja na CBOT – Vencimento Maio/2018


Mercado do Trigo

As cotações do trigo em Chicago, após registrarem um recuo em dezembro, quando a média do mês fechou em US$ 4,11/bushel, ante US$ 4,22 em novembro, subiram bastante em janeiro, particularmente a partir do final deste primeiro mês do ano. A média de janeiro/18 ficou em US$ 4,32/bushel, enquanto no dia 07/02 o mesmo bateu em US$ 4,60, numa disparada importante já que tal valor não era visto desde o início de agosto passado. O fechamento do dia 08/02, após o anúncio do relatório de oferta e demanda do USDA, acabou ficando em US$ 4,56/bushel.

Este relatório confirmou a produção estadunidense passada em 47,4 milhões de toneladas, com estoques finais para 2017/18 em 27,5 milhões. A produção mundial ficou agora em 758,2 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais atingem a 266,1 milhões. A produção da Argentina foi aumentada para 18 milhões de toneladas, enquanto a do Brasil foi mantida em apenas 4,25 milhões de toneladas (a frustrada safra do inverno passado). Com isso, o Brasil deverá importar entre 7,5 e 8 milhões de toneladas neste ano.

Assim, a razão principal para as atuais altas em Chicago está no clima seco nas regiões produtoras dos EUA, o qual estaria comprometendo a futura colheita. Uma nova safra reduzida naquele país compromete sensivelmente o quadro de oferta interna e o seu potencial exportador.

No Mercosul, a tonelada FOB para exportação fechou a semana valendo entre US$ 170,00 e US$ 180,00 na compra.

Já no Brasil, os preços se mantiveram relativamente estáveis neste período de 45 dias em que estivemos de recesso. O balcão gaúcho, que havia fechado o ano passado na média de R$ 29,72/saco, chegou a avançar para R$ 30,98 na terceira semana de janeiro, porém, voltou a recuar posteriormente, com a primeira semana de fevereiro fechando na média de R$ 29,62/saco. Já os lotes no mercado gaúcho fecharam esta semana em R$ 31,80/saco, enquanto no Paraná ficaram entre R$ 39,60 e R$ 41,40/saco. Em Santa Catarina, a região de Campos Novos registrou o valor médio de R$ 35,40 para os lotes, enquanto a média catarinense para o balcão ficou em R$ 32,50/saco. No Paraná, o valor médio de balcão atingiu a R$ 34,50/saco.

Os moinhos nacionais estão abastecidos com trigo importado, aproveitando-se de bons momentos cambiais em janeiro. Neste momento, o mercado interno está bastante calmo. A nova desvalorização do Real dos últimos dias deixa o produto importado mais caro, porém, isso ainda não foi suficiente para melhorar o preço interno. Assim, a tendência é de estabilidade nos preços do cereal no mercado nacional, salvo se a desvalorização do Real aumentar nas próximas semanas (a decisão sobre a reforma previdenciária brasileira até o final de fevereiro tende a ser um elemento importante neste contexto) e/ou as atuais altas em Chicago continuarem.

Gráfico do Trigo na CBOT – Vencimento Maio/2018

 

Fonte: CEEMA