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Impacto das Variações na Safra dos EUA nos Preços do Milho no Brasil

Volatilidade no Mercado de Milho

O mercado de milho no Brasil tem sido altamente influenciado pelas variações na safra dos Estados Unidos. Como os EUA são um dos maiores produtores e exportadores de milho do mundo, qualquer alteração na produção americana tem um efeito cascata nos preços do milho em outros países, incluindo o Brasil.

Produção Americana e Preços no Brasil

Nos anos em que a safra americana é abundante, os preços globais do milho tendem a cair devido ao excesso de oferta. Para o Brasil, isso pode significar menores preços no mercado interno e exterior. Por outro lado, quando a safra americana é prejudicada por fatores como clima adverso ou pragas, os preços do milho tendem a aumentar. Esse aumento nos preços pode beneficiar os agricultores brasileiros, mas também pode levar a um aumento nos custos para os consumidores e indústrias que dependem do milho.

Fatores Climáticos e Econômicos

Além da produção nos Estados Unidos, a situação climática no Brasil e as políticas econômicas globais também afetam os preços do milho. Condições climáticas desfavoráveis, como secas ou enchentes, podem reduzir a produtividade agrícola, impactando diretamente os preços. A taxa de câmbio também desempenha um papel crucial, uma vez que a desvalorização do real pode tornar as exportações brasileiras mais competitivas, impactando positivamente os preços do milho exportado.

Perspectivas Futuras

Para entender e prever os preços do milho no Brasil, é essencial monitorar as tendências de produção nos Estados Unidos e considerar fatores climáticos e econômicos locais. O mercado de commodities agrícolas é dinâmico e complexo, necessitando uma análise contínua dos múltiplos fatores que influenciam os preços do milho.

Inflação por faixa de renda – Março/2022

Em março, o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda registrou taxas de inflação variando entre 1,24% para as famílias pertencentes aos estratos de renda mais alta e 1,74% no segmento de renda mais baixa. No acumulado no ano até março, a inflação varia entre 2,68% para o segmento de renda alta e 3,40% para o segmento de renda muito baixa. No acumulado em doze meses, a inflação varia entre 10% para as famílias de renda mais alta e 12% para as de renda mais baixa (tabela 1).

De acordo com os dados desagregados (tabela 2), observa-se que, de maneira geral, as maiores contribuições à inflação, em março, vieram dos grupos “alimentação e bebidas” e “transportes”. Nota-se, entretanto, que, enquanto para as duas classes de renda mais baixa a alta dos preços dos alimentos no domicílio foi o principal fator de pressão inflacionária, para os demais segmentos os aumentos do grupo transportes, especialmente dos combustíveis, formam os maiores pontos de impacto inflacionário.

No caso das famílias de renda mais baixa, a influência exercida pelos alimentos no domicílio, em março, foi decorrente de uma alta de preços generalizada que atingiu todos os dezesseis subgrupos que compõem este conjunto de bens, abarcando itens de grande relevância na cesta de consumo, como: arroz (que subiu 2,7%), feijão (6,4%), cenoura (31,5%), batata (4,9%), leite (9,3%), ovos (7,1%) e pão francês (3,0%). Já a pressão vinda do grupo transportes reflete muito mais o reajuste das tarifas de ônibus urbano (1,3%) e interestadual (3,0%) do que o aumento dos combustíveis, dado que o peso deste item na cesta de consumo destas famílias é bem menor que nos segmentos de renda mais alta. Por fim, deve-se ressaltar que, embora em menor intensidade, os aumentos de 6,6% do gás de botijão e de 1,1% da energia elétrica explicam a contribuição do grupo habitação à inflação das faixas de menor poder aquisitivo.

Na outra ponta, a inflação apurada para as famílias de renda mais alta foi impactada, sobretudo, pelo comportamento do grupo transportes, repercutindo a alta de 6,7% da gasolina, de 13,7% do óleo diesel e de 8,0% dos transportes por aplicativo, cujos efeitos foram, em parte, atenuados pela queda de 7,3% das passagens aéreas. De modo semelhante, a redução de 0,69% dos planos de saúde ajudou a dirimir o impacto do grupo saúde e cuidados pessoais, pressionado pelos reajustes de 1,3% dos medicamentos e de 2,3% dos produtos de higiene pessoal.

Na comparação com o mesmo período do ano passado, enquanto a inflação do segmento de renda muito baixa passou de 0,71%, em março de 2021, para 1,74%, em março 2022, a taxa apurada na faixa de renda mais alta passou de 1,0% para 1,24% na mesma base de comparação (gráfico 1). Para as famílias de renda mais baixa, o melhor desempenho dos alimentos em 2021, marcado por deflações de cereais, tubérculos e óleos e gorduras, aliado à queda de preços observada nos medicamentos e produtos de higiene e aos reajustes menos intensos do gás de botijão e da energia, explica este comportamento mais benevolente da inflação no ano passado. No caso das famílias de renda mais elevada, mesmo diante de uma variação mais intensa dos combustíveis ocorrida em março do ano passado, a alta menos acentuada da inflação em 2021 reflete os reajustes mais amenos dos serviços pessoais e as deflações dos serviços educacionais e de recreação.

Como consequência da alta mais forte em março de 2022, a inflação acumulada em doze meses voltou a subir para todas as classes de renda (gráfico 2), com a maior alta no período tendo ocorrido na classe de renda muito baixa (12,0%), enquanto a menor é verificada no segmento de renda alta (10,0%).

Os dados desagregados revelam que, para as famílias de renda mais baixa, a maior pressão inflacionária nos últimos doze meses reside no grupo habitação, impactado pelos reajustes de 28,5% das tarifas de energia elétrica e de 29,6% do gás de botijão (tabela 3). Para o segmento de renda mais alta, o foco está no grupo transportes, refletindo os aumentos dos combustíveis – gasolina (27,5%), etanol (24,6%), diesel (46,5%) e gás natural (45,6%) –, além do reajuste de 42,7% do transporte por aplicativo. Adicionalmente, o comportamento dos alimentos no domicílio, em especial os aumentos de 55,9% dos tubérculos, de 8,1% das carnes, de 18,9% de aves e ovos, de 13,5% dos leites e derivados e de 10,8% dos panificados, também provocou impactos altistas significativos sobre a inflação no período, sobretudo para as camadas de renda mais baixa.

Fonte: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA

Análise do Mercado de Ovos no Estado de Goiás – 20/04/2020

Nos últimos meses o mercado de ovos vem passando por momentos de grande instabilidade no Brasil, especialmente devido à volatilidade dos custos de produção, e em Goiás este cenário não é diferente.

As constantes altas nas cotações das commodities agrícolas, notadamente milho e soja, que são os principais componentes na produção da ração presente na dieta das poedeiras comerciais, são um bom exemplo.

Dentre os principais fatores que exerceram influência sobre o mercado de produção de ovos nos últimos tempos podemos destacar:

  • Alterações no comportamento do consumidor brasileiro que, entre 2010 e 2019 aumentou em 55,41% o consumo per capita de ovos, passando de 148 para 230 ovos por habitante/ano, segundo a ABPA1.
  • Elevação nos preços das commodities.
  • Elevação nas cotações do dólar.

Dos custos de produção

No período compreendido entre Julho de 2019 e Abril de 2020, o câmbio (Dólar Americano) sofreu uma elevação média de 41,82% – passando de R$ 3,73 para R$ 5,29. Uma série de micronutrientes que são componentes para a produção de ração animal são importados, e portanto sofrem ação direta da variação cambial. Também não podemos nos esquecer das vacinas e demais medicamentos, que também têm seus princípios ativos importados, em sua grande maioria.

Gráfico da variação cambial
Fonte: Banco Central

No caso do milho, principal componente na fabricação de rações para aves poedeiras, respondendo em média por 60% a 70% do volume, houve uma considerável elevação das cotações nos últimos meses. Segundo dados da CONAB2, entre Agosto de 2019 e Março de 2020 os preços médios do cereal subiram cerca de 69,45% no estado de Goiás, passando de R$ 27,20 para R$ 46,09 a saca. Essa elevação de preços já vem sendo noticiada por alguns veículos de imprensa – Clique aqui.

Em São Paulo o indicador CEPEA3, que é uma das principais referências para os preços do milho no Brasil, também sofreu considerável elevação, alcançando uma variação de 50,92% entre Agosto de 2019 e Março de 2020, passando de R$ 35,91 para R$ 56,67 a saca de 60 kgs.

Gráfico da variação nos preços do milho na região de Campinas/SP.
Fonte: Cepea

O Farelo de Soja, outro importante componente na ração das aves, também sofreu com as elevações de preços. Dados da FAEG4 apontam para uma elevação da ordem de 49,53% entre Agosto de 2019 e Março de 2020, passando de R$ 1.070,00 para R$ 1.600,00 a tonelada. O farelo de soja responde em média por 20% a 30% no volume das rações produzidas.

Gráfico coma variação nos preços do Farelo de Soja em Goiás.
Fonte: FAEG

Dos preços pagos aos produtores de ovos

Em São Paulo os preços pagos aos produtores de ovos, conforme aponta os dados do IEA5, subiram 31,31% entre Agosto de 2019 e Março de 2020, passando de R$ 79,59 para R$ 104,51 a caixa de trinta dúzias (ovos brancos tipo extra).

No estado de Goiás segundo a CONAB2, os preços subiram 28,40% entre Agosto de 2019 e Março de 2020, passando de R$ 99,55 para R$ 127,82 a caixa com trinta dúzias (ovos brancos tipo grande).

Da relação entre oferta x demanda

Segundo Mankiw6, oferta e demanda são as duas palavras que os economistas usam mais frequentemente – e com boas razões. A oferta e a demanda são as forças que fazem as economias de mercado funcionar. São elas que determinam a quantidade produzida de cada bem e o preço pelo qual o bem será vendido. Se quiser saber como a economia será afetada por qualquer acontecimento ou política, você precisa pensar, primeiro, nos impactos provocados sobre a oferta e a demanda.

No caso dos ovos essa lei da oferta e demanda também é válida em toda a sua extensão, principalmente nestes momentos em que ocorre uma elevação abrupta da demanda. Cabe ressaltar também que, por se tratar de um produto de origem animal, sua oferta não pode ser elevada de forma imediata, uma vez que depende da criação de novas aves, o que demandaria no mínimo de 5 a 7 meses.

Ocupando um local de destaque dentre os alimentos por sua versatilidade na culinária, o ovo é um dos alimentos mais nutritivos do mundo e ocupa os primeiros lugares do famoso ranking de super alimentos. Está entre os alimentos mais antigos consumidos pelo homem, e ao longo do tempo passou também a ser usado como ingrediente em diferentes receitas.

Está presente também na composição de medicamentos, cosméticos, além de possuir um valor simbólico em diferentes países, desde representar a criação da vida ou o renascimento, ao desejo de boa sorte e felicidade.

Nas últimas semanas o consumo de ovos disparou no país, devido às medidas de distanciamento social impostas pela pandemia do Coronavírus, conforme já vem sendo veiculado na imprensa nacional – Clique aqui.

Conclusões

Face às observações e dados aqui apresentados, podemos esperar mais aumentos nos preços dos ovos para as próximas semanas ou meses. Para isto basta observar que, a ração representa mais de 80% no custo de produção dos ovos, e que seus principais ingredientes (milho e farelo de soja), em Goiás tiveram elevação de preços da ordem de 69,45% e 49,53% respectivamente. Igual situação podemos ver na questão do câmbio, que possui interferência direta no preços de vários insumos de produção, e que neste caso subiu 41,82%.

Na avicultura geralmente as margens são muito apertadas, e portanto podemos afirmar que os produtores não conseguirão segurar o repasse de preços por muito tempo, uma vez que a elevação de 28,40% verificada nas cotações dos ovos em Goiás, nem de longe é capaz de cobrir a variação que ocorreu nos preços dos insumos de produção.

Elaborado por: Marsio Antônio Ribeiro7


1. ABPA - Associação Brasileira de Proteína Animal
2. CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento
3. CEPEA - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada
4. FAEG - Federação da Agricultura do Estado de Goiás
5. IEA - Instituto de Economia Agrícola de São Paulo
6. Mankiw, N. G. Introdução à economia – Tradução da 8ª edição norte-americana (página 54) – São Paulo, SP : Cengage, 2020
7. Economista; Pós graduado em Agronegócios pela UFPR; Pós graduado em Controladoria e Finanças pela UNIALFA

Análise do Mercado de Milho – 09/06/2019

As cotações do milho em Chicago igualmente recuaram um pouco durante esta semana, porém, ainda se mantendo acima dos US$ 4,00/bushel. A quinta-feira (06) fechou em US$ 4,20 para o primeiro mês cotado, contra US$ 4,36/bushel uma semana antes.

Encerrada a janela ideal de plantio do milho nos EUA, no dia 31/05, a atenção do mercado se volta para a área que ficou sem semeadura e, desta, quanto poderá ser transferida para a soja e quanto da mesma ainda será semeada fora da janela ideal. Neste sentido, ganha muita importância o relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para o próximo dia 11/06.

Quanto ao plantio propriamente dito, até o dia 02/06 o mesmo atingia a 67% da área esperada, enquanto o mercado apostava em algo entre 70% a 75%. Alguns importantes Estados produtores, como Illinois, Indiana e Ohio, apontavam plantio de apenas 40% da área. Neste contexto, um volume talvez recorde de área venha a ser indicado para o Programa de Prevenção do governo e ficará sem semeadura. Outro tanto deverá mesmo ser transferido para a soja, se o clima deixar plantar nestes primeiros 15 dias de junho. Alguma coisa ainda será semeada fora da janela ideal. Assim, o mercado espera que o relatório de plantio até o dia 09/06 aponte uma área final de milho semeada ao redor de 80% do total esperado inicialmente.

Analistas privados estadunidenses começam a especular que a área final de milho possa ficar em 34,4 milhões de hectares, contra 37,5 milhões previstos inicialmente pelo governo norte-americano. Se isso se confirmar teremos uma redução de 8,3% na área de milho esperada nos EUA neste ano. Dito isso, por enquanto a produtividade média está mantida em 10.673 quilos/hectare, o que é elevada para as condições climáticas registradas até o momento. Esta produtividade poderá compensar, em parte, a área menor.

Enfim, pesou negativamente sobre o mercado o anúncio do governo estadunidense de aplicar uma tarifa progressiva de 5%, até um total de 25%, sobre os produtos procedentes do México. Afinal, este país é o maior comprador de milho e carne suína dos EUA e represálias podem ocorrer, podendo direcionar as compras destes produtos para o Canadá e a América do Sul. (cf. Safras & Mercado).

Na Argentina e no Paraguai, tonelada Fob de milho ficou em US$ 173,00 e US$ 118,50, respectivamente.

Já no Brasil, os preços do cereal se mantiveram estáveis, porém, com viés de alta. O balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 30,49/saco, enquanto os lotes ficaram entre R$ 36,00 e R$ 39,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes giraram entre R$ 22,00 em Sorriso e Campo Novo do Parecis (MT) e R$ 38,50/saco em Videira e Concórdia (SC), assim como em Itanhandu (MG).

No que diz respeito ao abastecimento interno, por enquanto o mesmo está controlado, não havendo pressões importantes. Todavia, o mês de junho precisa registrar uma colheita importante da safrinha para dar conta da pressão exportadora que se instala a partir das dificuldades existentes nos EUA. Além disso, muitos consumidores locais possuem estoques mais curtos e precisarão de abastecimento até o final do mês.

Neste contexto, em havendo melhoria nos prêmios para o milho, o preço de exportação pode rapidamente atingir a R$ 42,00 e mesmo R$ 43,00/saco em junho. Já há 2,7 milhões de toneladas previstas para exportação para este mês, com tendência a este volume crescer. Este é o maior embarque já programado para junho. (cf. Safras & Mercado).

Com isso, a tendência dos preços internos do milho está na dependência do volume das exportações, a qual também depende do câmbio; do ritmo da colheita da safrinha e da pressão interna de compra. Neste sentido, apesar da euforia pelo lado exportador, não se pode esquecer que o país deverá colher 70 milhões de toneladas de milho safrinha entre junho e agosto. Espera-se que a exportação absorva em torno da metade deste volume para que o preço do cereal se mantenha elevado.

Por enquanto, os preços internos estão melhores do que no porto, levando a oferta a se direcionar para o mercado local. Especialmente porque o câmbio cedeu para R$ 3,85 durante esta semana. Para que a exportação ganhe espaço o interior paulista, por exemplo, precisará vir registrar valores entre R$ 32,00 e R$ 33,00/saco (neste momento está em R$ 36,50 na Mogiana e R$ 38,00/saco no Cif Campinas).

Enfim, até o dia 31/05 a colheita da safrinha chegava a 2% da área, sendo 3% no Paraná e no Mato Grosso.

Gráfico do Milho vencimento SET/19 na CBOT

Gráfico do Milho vencimento SET/19 na BM&F (B3)

Dados da CONAB (tabela abaixo) apontam para elevação da produção de segunda-safra em relação ao ano passado.

Estimativas da CONAB (tabela abaixo) apontam para uma estabilidade nos estoques de passagem para esta temporada.

Dados do IGC (gráfico abaixo) apontam para tendência de redução dos estoques de passagem globais nos próximos anos.

Dados do USDA (tabela abaixo) também apontam para redução dos estoques globais de milho, mas indicam tendência de produção recorde para o Brasil.

Fontes: CBOT; BM&F; CONAB; USDA; CEEMA; IGC.

Análise dos Mercados de Milho e Soja – 10/05/2018

MILHO – As cotações do milho, após flertarem com os US$ 4,00/bushel na semana passada, acabaram recuando um pouco nesta semana, fechando a quinta-feira (10) em US$ 3,94/bushel.

Dois ele mentos estiveram no centro das atenções do mercado: as condições climáticas nos EUA e na safrinha brasileira; e as projeções para o relatório de oferta e demanda do USDA neste dia 10/05.

Quanto ao clima nos EUA, o excesso de chuvas tem atrasado o plantio, causando preocupação quanto à possibilidade de áreas de milho serem transferidas para a soja. Neste sentido, até o dia 06/05 o plantio do cereal chegava a 39% da área, contra 44% na média histórica e 45% no ano passado nesta época. Lembramos que até o dia 10/05 o plantio deveria chegar a 50% da área esperada para ser considerado dentro da normalidade (sobre o clima na safrinha brasileira, veja mais abaixo).

Quanto ao relatório do USDA, o mercado esperava para 2018/19, nos EUA, uma produção de 358 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais ficariam em 41,4 milhões de toneladas.

Na prática, o relatório trouxe números mistos para 2018/19 em relação ao esperado pelo mercado, pois a produção dos EUA veio menor, enquanto os estoques finais vieram maiores:

1)   Área semeada de milho nos EUA em 35,6 milhões de hectares;

2)   Produção final nos EUA em 356,7 milhões de toneladas;

3)   Estoques finais nos EUA em 42,7 milhões de toneladas;

4)   Patamar de preços médios aos produtores estadunidenses, em 2018/19, entre US$ 3,30 e US$ 4,30/bushel;

5)   Produção mundial de milho em 1,056 bilhão de toneladas;

6)   Estoques finais mundiais em 159,2 milhões de toneladas;

7)   Produção brasileira e argentina de milho respectivamente em 96 milhões e 41 milhões de toneladas;

8)   Exportações brasileiras de milho em 2018/19 em 31 milhões de toneladas.

Paralelamente, as exportações estadunidenses de milho melhoraram na última semana, atingindo a 1,94 milhão de toneladas. Existe expectativa de que o Brasil e a Argentina, em função de perdas respectivamente na safrinha e na safra de verão de milho, comecem a diminuir suas vendas externas do cereal, fato que abre maior espaço para o milho dos EUA.

Na Argentina, a colheita chegava a 32% da área semeada, com chuvas intensas durante a semana em muitas regiões. Ou seja, aquilo que faltou durante o verão argentino agora começa a sobrar, atrasando a colheita. Ainda na Argentina, a tonelada FOB de milho fechou a semana na média de US$ 193,00, enquanto no Paraguai a mesma ficou em US$ 185,00.

Já no Brasil, os preços do milho se mantiveram firmes, especialmente agora em que a quebra na safrinha nacional vai se consolidando. Assim, o balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 34,76/saco, enquanto os lotes ficaram entre R$ 41,00 e R$ 42,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 23,50 em Sorriso e Campo Novo do Parecis (MT) e R$ 42,00/saco em Videira, Chapecó e Concórdia (SC).

Em São Paulo há grande preocupação com a falta de chuvas nas regiões da Sorocabana, Vale do Paranapanema e Norte do Paraná. As lavouras de safrinha destas regiões podem registrar perdas totais antes mesmo de entrarem em polinização. E mesmo que chova nos próximos dias, já há perdas irreversíveis. No Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Minas Gerais as lavouras de safrinha já registrariam perdas entre 30% a 40%. Com isso, se ocorrerem chuvas nos próximos dias as mesmas apenas estancariam os prejuízos, porém, dificilmente os recuperaria. Em muitas regiões há risco de perdas históricas na safrinha. E o melhor comportamento climático no Mato Grosso e em Goiás não seria suficiente para dar conta das perdas no restante do Centro-Sul brasileiro (cf. Safras & Mercado).

Neste sentido, os preços no referencial Campinas (SP) continuaram subindo, e bateram em R$ 43,00 a R$ 44,00/saco no CIF disponível. Na Sorocabana paulista atingiram a R$ 40,00/saco. Nos portos de Santos e Paranaguá o saco de milho já está cotado entre R$ 39,50 e R$ 40,50. Diante disso, quem possui milho começa a retê-lo em maior intensidade, provocando novas altas em seus preços.

Neste contexto, as exportações podem encontrar dificuldades em se realizar, mesmo com um câmbio ao redor de R$ 3,60 neste momento. Isto porque o mercado interno começa a disputar milho com o setor exportador. Assim, a pressão altista sobre os preços do milho deve continuar enquanto não se definir o quadro climático da safrinha e o câmbio no país.

Visando conter um pouco a alta dos preços aos consumidores de milho, a Conab realizou mais leilões de estoques públicos oficiais na semana, porém, negociou apenas 5,8% das 186.656 toneladas ofertadas. Novos leilões estão previstos para o dia 16/05, com oferta de 200.000 toneladas.

Enfim, vale destacar que a safrinha do Centro-Sul brasileiro, até este início de maio, havia sido comercializada em 30% do total esperado, contra 55% no mesmo período do ano passado.

Gráfico Milho – BM&F – Vencimento Set/2018Gráfico

Gráfico Milho – CBOT – Vencimento Set/2018Gráfico


SOJA – As cotações da soja em Chicago trabalharam com forte viés de baixa durante a semana, tendo atingido a US$ 10,02/bushel no dia 07/05. Posteriormente, melhoraram um pouco fechando a quinta-feira (10) em US$ 10,13/bushel, contra US$ 10,43 uma semana antes. A cotação do dia 07/05 não era vista desde o dia 12 de fevereiro passado, ou seja, Chicago perdeu praticamente todo o ganho conquistado a partir do momento em que se iniciaram as informações a respeito da quebra da safra de soja da Argentina. Dito de outra maneira, Chicago parece retornar às posições de meados de fevereiro passado.

Diversos são os motivos que levam a esta situação. Em primeiro lugar, o conflito comercial entre EUA e China. As reuniões entre os dois países, na semana passada, não resultaram em acordo e a tensão sobre o mercado continua. Desde o dia 10/04 a China não compra mais soja dos EUA, além de ameaçar colocar uma tarifa de 25% sobre o valor da oleaginosa estadunidense em suas importações. Em segundo lugar, o clima nos EUA está desfavorável ao milho e favorável à soja. Assim, neste dia 10/05 fechou a janela de plantio que deveria indicar uma área semeada com milho em 50% (até o dia 06/05 tal área atingia a 39%, contra 44% na média histórica). Esta situação de atraso no plantio do milho tende a elevar a área semeada com soja. Neste sentido, até o mesmo dia 06/05 tal área havia sido semeada em 15%, contra 13% na média histórica para esta época. Em terceiro lugar, os Fundos, diante do quadro geral existente, se desfizeram de posições compradas, gerando pressão de venda em Chicago. Mesmo assim, durante a semana eram contabilizadas 177.000 posições líquidas no lado da compra de soja de posse dos Fundos. O mercado espera vendas entre 10% a 20% destes contratos nesta semana e na próxima. Enfim, o mercado se preparou para o relatório de oferta e demanda anunciado pelo USDA neste dia 10/05. O mercado esperava o anúncio de uma projeção de safra nos EUA, para 2018/19, em 117,3 milhões de toneladas, contra 119,5 milhões no ano anterior. Para os estoques finais estadunidenses eram esperadas 14,9 milhões de toneladas, ficando no mesmo nível do ano anterior. Em termos de produção mundial, a expectativa era de estoques finais em 91,1 milhões de toneladas, contra 90 milhões neste atual ano comercial (volume revisado para baixo). Para a safra brasileira que está se encerrando o volume esperado era de 116,6 milhões de toneladas e para a da Argentina 38,6 milhões de toneladas.

Na prática, o relatório trouxe números menores do que o esperado, porém, sem causar muitas alterações no mercado:

1)   A área estimada de plantio nos EUA é de 36 milhões de hectares;

2)   A produção final nos EUA, projetada, é de 116,5 milhões de toneladas;

3)   Os estoques finais nos EUA, projetados, são de 11,3 milhões de toneladas;

4)   O preço médio de referência aos produtores estadunidenses oscilará entre US$ 8,75 e US$ 11,25/bushel em 2018/19;

5)   A produção mundial de soja ficaria em 354,5 milhões de toneladas, com o Brasil produzindo 117 milhões e a Argentina 56 milhões de toneladas para 2018/19 (para o atual ano comercial a produção brasileira ficou em 117 milhões e a da Argentina em 39 milhões de toneladas);

6)   Os estoques finais mundiais de soja ficariam em 86,7 milhões de toneladas;

7)   As importações chinesas de soja ficariam em 103 milhões de toneladas em 2018/19.

Paralelamente, as vendas externas estadunidenses foram fracas, pois nenhum exportador deseja se comprometer com a China diante do atual quadro de litígio comercial entre os dois países.

Já na Argentina, as exportações de soja ficarão em apenas 7 milhões de toneladas neste ano, ou seja, 30% abaixo do registrado no ano anterior. Por sua vez, o esmagamento de soja no vizinho país ficaria em 40 milhões de toneladas, com recuo de 2% sobre o ano anterior (cf. Safras & Mercado). Diante da forte quebra ocorrida em sua safra deste ano, os argentinos, além de importarem soja, cortarão fortemente a exportação do grão para atender a demanda do esmagamento. Isto poderá acalmar os preços do farelo de soja em Chicago nas próximas semanas.

Aqui no Brasil, o câmbio continuou sendo o elemento central na definição dos preços da soja. O Real continuou sua depreciação, chegando a R$ 3,60 no transcorrer da semana. Além dos fatores internos e externos já conhecidos, pesou, como novidade, a forte crise econômica na Argentina, onde o juro básico acabou sendo elevado para 40% ao ano (no Brasil o mesmo está em 6,5%), a inflação avança para 30% ao ano e o peso sofreu forte desvalorização. O quadro é tão sério que o governo Macri está solicitando empréstimo do FMI para enfrentar o problema, já que as reservas cambiais argentinas estão muito baixas, ao redor de US$ 56 bilhões (as reservas brasileiras são de US$ 380 bilhões).

Mesmo assim, o câmbio não conseguiu impedir o efeito baixista vindo de Chicago, mesmo com os prêmios nos portos do sul do país se elevando um pouco (oscilaram entre US$ 0,86 e US$ 0,95/bushel neste final de semana). Desta forma, houve recuo nos preços da soja nesta semana em relação à semana anterior. O balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 76,36/saco, enquanto os lotes ficaram entre R$ 80,50 e R$ 81,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 70,50 em Sinop (MT) e R$ 80,50 em Abelardo Luz (SC), passando por R$ 80,00/saco no centro e norte do Paraná; R$ 72,00 em Chapadão do Sul e São Gabriel (MS); R$ 73,00 em Goiatuba (GO); R$ 74,00 em Pedro Afonso (TO) e R$ 75,50/saco em Uruçuí (PI) (cf. Safras & Mercado).

Apesar das fortes altas nos preços da soja, a comercialização da atual safra não saiu do normal, porém, ficando bem acima do registrado no ano passado, quando os preços foram até R$ 20,00/saco menores na maioria das praças nacionais. Assim, até o dia 04/05 as vendas de soja no Brasil atingiam a 62% do total, contra 61% na média histórica e 50% no ano passado. No Rio Grande do Sul, até o dia 04 de maio, as vendas atingiram a tão somente 48%; no Paraná 50%; no Mato Grosso 75%; no Mato Grosso do Sul 59%; em Goiás 65%; em São Paulo 64%; em Minas Gerais 65%; na Bahia 65%; em Santa Catarina 33%; no Maranhão 77%; no Piauí 65%; e no Tocantins 74% (cf. Safras & Mercado).

Enfim, a colheita da atual safra atingia a 99% da área brasileira semeada, contra 97% na média histórica até o dia 04/05.

Gráfico Soja – CBOT – Vencimento Set/2018Gráfico

Fontes: BM&FBovespa, CBOT, CEEMA, CONAB, USDA.

Análise semanal dos mercados de Milho e Soja – 04/05/2018

MILHO – As cotações do milho em Chicago subiram durante a semana, fechando a quinta-feira (03/05) em US$ 3,99/bushel, contra US$ 3,86 uma semana antes. A média de abril fechou em US$ 3,85/bushel, contra US$ 3,79 em março passado e US$ 3,60/bushel em abril/17. O fechamento deste dia 03/05 foi o mais alto, para o primeiro mês cotado, desde o dia 20 de junho de 2016.

Apesar do fraco desempenho das exportações estadunidenses de milho, o mercado reagiu à possibilidade de novos atrasos no plantio do cereal devido ao clima ruim nos EUA. Paralelamente, a Argentina colhe lentamente sua safra devido ao excesso de chuvas, tendo a mesma chegado a 30% do total no final de abril, enquanto no Brasil a falta de chuvas começa a atingir diferentes regiões produtoras da safrinha.

Nos EUA, o clima será o fator chave nestas próximas semanas. Neste contexto, o mercado espera com ansiedade o relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para o próximo dia 10/05. O mesmo será o primeiro que projetará a nova safra de verão daquele país.

Quanto ao plantio do milho nos EUA, até o dia 29/04 o mesmo atingia a apenas 17% da área esperada, contra 27% na média histórica e 32% em igual momento do ano passado. Para o mercado considerar um desempenho normal no mesmo, até o dia 10/05 a área semeada deverá chegar a 50% do total esperado. Caso contrário, ganhará força a tendência de que parte da área de milho possa se transferir para a soja. Na Argentina, a tonelada FOB de milho voltou a subir, fechando a semana em US$ 192,00, enquanto no Paraguai a mesma atingiu a US$ 180,00.

Aqui no Brasil os preços voltam a vivenciar um mercado mais tenso. O balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 33,98/saco, enquanto os lotes permaneceram entre R$ 40,00 e R$ 41,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 23,00/saco em Sorriso e Campo Novo do Parecis (MT) e R$ 41,00/saco em Videira e Concórdia (SC) (cf. Safras & Mercado).

A tensão no mercado se deve às novas previsões climáticas, as quais dão conta de falta de chuvas nas regiões produtoras da safrinha nacional, pelo menos até o dia 10/05. Cerca de 10% a 20% da safrinha já teria ultrapassado o período crítico climático, porém, há ainda entre 80% a 90% da área semeada dependendo de chuvas. Diante do
atual quadro, há fortes possibilidades de quebra na safrinha nacional, fato que se somaria à baixa produção da safra de verão devido a uma importante redução de área semeada.

Assim, a partir de agora, o mercado nacional ficará muito dependente do clima, especialmente no Centro-Oeste, São Paulo, Paraná e Minas Gerais, os grandes produtores da safrinha de milho. Se a falta de umidade se confirmar, os preços do cereal tendem a subir ainda mais.

Diante de tal possibilidade, os produtores e empresas que possuem milho disponível recuaram em suas vendas, ajudando a pressionar o mercado para cima neste início de maio, especialmente no Sudeste brasileiro. Neste sentido, a semana terminou com a Sorocabana paulista negociando milho entre R$ 37,00 e R$ 38,00/saco, enquanto o referencial Campinas voltou ao patamar de R$ 40,00 a R$ 41,00/saco no CIF disponível (cf. Safras & Mercado).

Ao mesmo tempo, a forte desvalorização do Real eleva os preços na exportação, direcionando milho para vendas externas em um momento em que começa a crescer a preocupação de falta de disponibilidade interna para o segundo semestre, caso a safrinha sofra prejuízos. De fato, no porto de Santos o saco de milho chegou ao redor de R$ 40,00 nesta semana.

Portanto, os próximos 10 dias nas regiões da safrinha serão decisivos, com fortes repercussões sobre os preços do milho nacional.

Para tentar acalmar a situação junto aos consumidores de milho (criadores e fábricas de ração), a Conab realizou leilões de venda de seus estoques, alcançando 58.185 toneladas negociadas, ou 33,2% do total disponibilizado (avisos 054 e 055) na sexta-feira (27/04). Novos leilões deverão ocorrer durante o mês de maio.

Gráfico – Milho BM&F – Vencimento Set/2018

Gráfico - Milho BM&F - Vencimento Set/2018

Gráfico – Milho CBOT – Vencimento Set/2018Gráfico - Milho CBOT - Vencimento Set/2018


SOJA – As cotações da soja em Chicago, nestes primeiros dias de maio, apresentaram um leve viés de alta, com oscilações importantes em alguns momentos. O fechamento desta quinta-feira (03/05) ficou em US$ 10,43/bushel, para o primeiro mês cotado, contra US$ 10,28 uma semana antes. A média de abril ficou em US$ 10,37/bushel, contra US$ 10,39 em março passado e US$ 9,46/bushel em abril/17. Portanto, em relação há um ano o bushel continua valendo quase um dólar a mais neste momento.

E isso tudo, mesmo com o ritmo de plantio nos EUA aumentando, e entrando agora no mês decisivo. Ao mesmo tempo, o clima está positivo para a semeadura da soja. Aliás, o excesso de umidade em abril faz o mercado, mais uma vez, cogitar na possibilidade de haver transferência de área do milho para a soja. Se isso vier a ocorrer, a área da oleaginosa poderá superar a do ano passado e não ser 1% menor como o relatório de intenção de plantio indicou no final de março passado. Até o dia 29/04 o plantio da soja nos EUA atingia a 5% da área esperada, exatamente dentro da média histórica.

Paralelamente, os Fundos venderam um pouco mais de posições em Chicago, afrouxando a pressão altista que havia em determinados momentos de abril passado. Mesmo assim, com o Banco Central dos EUA, em sua reunião deste início de maio, mantendo a atual taxa de juros básica, os Fundos tendem a permanecer ativos na
Bolsa.

Dito isso, o clima nos EUA continuará sendo o fator decisivo para definir o movimento das cotações na Bolsa nas próximas semanas. Reuniões entre EUA e China nesta semana poderão definir um caminho para o litígio comercial recente entre os dois países. Este fato deverár repercutir com mais intensidade em Chicago na próxima
semana, embora o mercado não espere grandes avanços nestas negociações. Por enquanto, não se espera a aplicação das tarifas aduaneiras prometidas por ambos os países desde março passado, fato que alivia a pressão sobre a Bolsa no curto prazo.

Enquanto isso, na Argentina, os prêmios no porto continuam elevados diante da forte quebra de safra ocorrida no país. Depois da seca, agora é o excesso de chuvas que atrapalha, atingindo as lavouras no momento da colheita.

Aliás, as cotações em Chicago estão se sustentando muito graças a firmeza do farelo de soja que, nesta semana, voltou a superar os US$ 400,00/tonelada curta em alguns momentos, valor que não era visto desde julho de 2016. Com a forte quebra na safra argentina, fornecedor de 50% do farelo no mercado mundial, o produto dos EUA passa a ser mais procurado, fortalecendo as cotações do grão igualmente.

Por sua vez, as vendas líquidas de soja por parte dos EUA, na semana encerrada em 19 de abril, atingiram a 697.100 toneladas, ficando 33% abaixo da média das quatro semanas anteriores, enquanto para o ano 2018/19 as mesmas atingiram a 76.600 toneladas. No somatório dos dois anos as mesmas ficaram abaixo do esperado pelo mercado, fato que esfriou um pouco as cotações durante a semana. Já as inspeções de exportação, na semana encerrada em 26/04, somaram 679.379 toneladas, acumulando no atual ano comercial um total de 43,5 milhões de toneladas, contra 49,5 milhões em igual momento do ano anterior. Vale lembrar que a China não está comprando soja dos EUA desde o dia 10/04 e tal quadro somente mudará se houver acordo entre os dois países em torno do litígio comercial que se iniciou ainda em março.

Aqui no Brasil, os preços se estabilizaram, embora o câmbio continue dando forte sustentação aos mesmos na medida em que o dólar chegou a valer R$ 3,55 em alguns momentos desta semana. Assim, o balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 77,42/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 81,00 e R$ 81,50/saco. Nas demais praças nacionais os lotes giraram entre R$ 71,00/saco em Querência (MT) e R$ 84,00/saco em Campos Novos (SC), passando por R$ 82,00 em Pato Branco (PR), R$ 72,50 em Chapadão do Sul e São Gabriel (MS), R$ 75,00 em Goiatuba (GO); R$ 75,50 em Pedro Afonso (TO) e R$ 76,50/saco em Uruçuí (PI) (cf. Safras & Mercado).

Com a possibilidade de acordo entre China e EUA, os prêmios cederam em torno de 40% de seu valor de 20 dias atrás nos portos brasileiros, com Rio Grande trabalhando entre US$ 0,72 e US$ 0,96/bushel, enquanto Paranaguá (PR), ficou entre US$ 0,74 e US$ 0,98/bushel. Assim, se não fosse o câmbio no Brasil, o preço da soja já teria recuado nestes últimos dias, já que Chicago igualmente cedeu um pouco. Este pode ser um sinal de que a excelente janela de preços, que se abriu em meados do mês de abril, esteja se fechando paulatinamente neste início de maio. Ou seja, até se definirem os litígios comerciais entre China e EUA, o mercado volta a depender muito do comportamento cambial brasileiro. Ora, o Banco Central do Brasil já começa a vender dólares no mercado visando segurar a desvalorização do Real. O mercado espera terminar 2018 com a moeda nacional valendo ao redor de R$ 3,35 por dólar.

Afora isso, vale ainda destacar que as exportações brasileiras de soja seguem firmes, com o setor privado estimando que em abril o país tenha embarcado 12,2 milhões de toneladas, enquanto dados oficiais dão conta de um volume ao redor de 10,26 milhões de toneladas vendidas no mês passado (cf. AgResources).

Enfim, a colheita da soja no país atingia a 98% da área esperada em 27/04, contra 95% na média histórica nesta data. Faltava colher 8% da área no Rio Grande do Sul; 4% na Bahia, 5% em Santa Catarina e 8% no conjunto dos Estados do Tocantins, Piauí e Maranhão (cf. Safras & Mercado).

Gráfico – Soja CBOT – Vencimento Set/2018Gráfico - Soja CBOT - Vencimento Set/2018

Fonte: CEEMA

Análise semanal dos Mercados do Milho, Soja e Trigo – 24/03/2018

SOJA – As cotações da soja em Chicago consolidaram o movimento de recuo nesta semana, porém, o mesmo não chegou a ser intenso. O fechamento desta quinta-feira (22) ficou em US$ 10,29/bushel, contra US$ 10,40 uma semana antes.

Houve chuvas nas regiões produtoras da Argentina, fato que acalmou um pouco o mercado, embora as perdas por lá já sejam irreversíveis em boa parte das lavouras. Efetivamente a tendência é de que o vizinho país colha apenas 40 milhões de toneladas de soja, contra 57 milhões inicialmente previstas. Mas o mercado já precificou esta situação e tal realidade parece não pesar muito mais sobre as cotações em Chicago.

Neste momento, as atenções se voltam para o relatório de intenção de plantio do USDA, previsto para este próximo dia 29/03. Há expectativa do anúncio de uma área recorde de soja, com aumento em relação a 2017, em detrimento do milho.

Por outro lado, durante esta semana pesou favoravelmente para as cotações o fato das exportações de soja estadunidenses estarem melhores do que o esperado para esta época do ano, momento em que a safra sul-americana entra no mercado.

Dito isso, importante se faz lembrar que os Fundos estão com posições compradas significativas em Chicago e a qualquer momento poderão vendê-las, provocando um “efeito manada”, derrubando as cotações.
Além disso, informações meteorológicas dão conta de que o fenômeno La Niña estaria enfraquecendo e o sistema El Niño o substituirá ainda neste ano. Isso significa maior quantidade de chuvas. A questão é se tais chuvas viriam sobre as áreas produtoras dos EUA, pois daqui em diante será o clima neste país, dentre outros fatores, que ditará o comportamento dos preços em Chicago.

Enquanto isso, a Associação Norte-Americana dos Processadores de Óleos Vegetais (NOPA) informou que o esmagamento de soja atingiu a 4,18 milhões de toneladas em fevereiro, volume que ficou acima do registrado em fevereiro de 2017, sendo recorde para um mês de fevereiro.

Já as exportações líquidas dos EUA, para o ano 2017/18, somaram 1,27 milhão de toneladas na semana encerrada em 08/03, ficando 30% acima da média das quatro semanas anteriores. Para o ano seguinte o volume atingiu a 77.400 toneladas. A soma dos dois anos ficou dentro das expectativas do mercado. Quanto às inspeções de exportação, o volume atingiu a 490.536 toneladas na semana encerrada no dia 15/03, decepcionando o mercado. No acumulado do atual ano comercial, iniciado em 01/09/2017, o volume inspecionado chega a 40,2 milhões de toneladas, contra 45,8 milhões em igual momento do ano anterior.
Aqui no Brasil os preços no balcão gaúcho melhoraram um pouco mais durante a semana, porém, os lotes recuaram de forma geral no país. O câmbio ajudou um pouco, quando bateu em R$ 3,30 no transcorrer da semana.

Assim, o balcão gaúcho fechou na média de R$ 70,35/saco, enquanto os lotes fecharam entre R$ 73,30 e R$ 73,70/saco. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 78,00/saco em Abelardo Luz (SC) e R$ 61,50 em Sinop e Sorriso (MT), passando por R$ 73,00 no centro e norte do Paraná; R$ 63,50 em São Gabriel e
Chapadão do Sul (MS); R$ 64,00 em Goiatuba (GO); R$ 67,00 em Pedro Afonso (TO) e R$ 70,50/saco em Uruçuí (PI).

A colheita da soja no Brasil, até o dia 16/03, chegava a 56% da área, contra 59% na média histórica e 63% na mesma época do ano passado. Por Estado, a colheita atingia a 4% no RS; 66% no PR; 92% no MT; 88% no MS; 65% em GO; 60% em SP; 50% em MG; 22% na BA; e 15% em SC. Destes Estados, Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás, São Paulo e Santa Catarina apresentam atraso na colheita em relação ao realizado no ano passado (cf. Safras & Mercado).

Enfim, enquanto órgãos públicos estimam a colheita brasileira entre 113 a 114 milhões de toneladas, analistas privados, caso de Safras & Mercado, continuam avançando um volume de 117,3 milhões de toneladas.

Gráfico da SOJA na CBOT (Chicago) – Vencimento Maio/2018

Gráfico da SOJA da BM&F (B3) – Vencimento Maio/2018


MILHO – As cotações do milho em Chicago recuaram um pouco nesta semana, fechando o dia 22/03 em US$ 3,76/bushel, contra US$ 3,86 uma semana antes.

As chuvas na Argentina, embora não suficientes, acalmaram um pouco o mercado, mesmo que as quebras, de uma certa maneira, já estejam precificadas. Neste momento, a safra do vizinho país está estimada em 34 milhões de toneladas, sendo 7 milhões abaixo da estimativa inicial.

Por outro lado, o bom volume das exportações semanais estadunidenses seguraram recuos mais importantes em Chicago. Efetivamente, as mesmas atingiram a 2,5 milhões de toneladas na semana encerrada em 08/03. Tal volume ficou 41% acima da média das quatro semanas anteriores, superando as expectativas do mercado.

O mercado se concentra cada vez mais no relatório de intenção de plantio, previsto para o dia 29/03, já que há expectativa de redução de área a ser semeada com o milho. Analistas privados estadunidenses avançam que a área poderá ficar em 35,8 milhões de hectares e, pela primeira vez na história, ficar abaixo da área semeada com soja. No ano passado a área semeada com milho nos EUA ficou em 36,4 milhões de hectares.

Na Argentina, a tonelada FOB atingiu a US$ 185,00, enquanto no Paraguai a mesma atingiu a US$ 175,00 na média semanal.

Já no mercado interno brasileiro os preços voltaram a melhorar um pouco mais. A média gaúcha fechou a semana em R$ 31,92/saco no balcão, enquanto os lotes fecharam entre R$ 40,00 e R$ 41,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes giraram entre R$ 21,00 em Sorriso e Campo Novo do Parecis (MT) e R$ 42,00/saco em Itahandu (MG), passando por R$ 41,50 em Videira (SC). Quanto à safrinha, o Nortão do Mato Grosso trabalhou com R$ 18,50/saco para entrega no início de setembro, porém, sem interesse de venda nesse nível de preço (Cf. Safras & Mercado).

A semana fechou com o mercado aguardando maiores definições quanto aos leilões de venda oficiais. Na região Sorocabana paulista os valores ficaram em R$ 39,00/saco, enquanto o referencial Campinas permaneceu em R$ 43,00/saco no CIF.

Neste sentido, o governo comunicou que terá um milhão de toneladas para a realização de leilões em todo o ano, sendo que o restante se destinará à venda de balcão. Os estoques estariam no Mato Grosso, e o governo espera colocar semanalmente entre 50.000 e 60.000 toneladas. Os leilões podem começar em abril (cf. Safras & Mercado).

No mercado futuro da BM&F acredita-se que a oferta irá aumentar daqui em diante, com os preços começando a ceder. Obviamente, muito irá depender da evolução da colheita nas regiões produtoras, especialmente em São Paulo. Ao mesmo tempo, o ritmo de venda por parte dos produtores igualmente será importante para definir um novo quadro de preços.

Enfim, a colheita do milho de verão no Brasil chegou a 51% em 16/03, contra 47% nomesmo período do ano passado. O RS havia colhido 82%, SC 58%, PR 46%, SP 66%, MS 78%, GO/DF 35%, MG 18%, e MT 44%. Já o plantio da segunda safra (safrinha) atingia, na mesma data, a 93% do total no Centro-Sul brasileiro, contra 95% na mesma época do ano passado, sendo que o MT havia semeado 98%, PR 90%, MS 88%, GO 93%, MG 85%, e SP 82% (cf. Safras & Mercado).

Gráfico do MILHO na CBOT (Chicago) – Vencimento Maio/2018

Gráfico do MILHO da BM&F (B3) – Vencimento Maio/2018


TRIGO – As cotações do trigo em Chicago recuaram fortemente nesta semana, fechando a quinta-feira (22) em US$ 4,55/bushel, contra US$ 4,78 uma semana antes e US$ 5,05 no primeiro dia de março.

Houve ajustes técnicos diante das fracas exportações de trigo por parte dos EUA, da grande oferta mundial do cereal, da melhoria do clima em regiões produtoras da Rússia e Ucrânia, assim como chuvas nas Planícies dos EUA, produtoras de trigo. Mesmo assim, a seca nesta região causou estragos que deverão ser avaliados nas próximas semanas.

No Mercosul, a tonelada de trigo FOB na exportação fechou a semana entre US$ 190,00 e US$ 200,00 na compra.

Já no Brasil, o balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 31,39/saco, um dos melhores preços dos últimos meses. Nos lotes, o valor médio subiu para R$36,00/saco. No Paraná, o balcão se manteve entre R$ 34,00 e R$ 36,00/saco, enquanto os lotes atingiram R$ 42,00 a R$ 43,20/saco. Em Santa Catarina, o balcão permaneceu entre R$ 32,00 e R$ 33,00/saco, enquanto os lotes fecharam a semana em R$ 37,20/saco.

Na medida em que a colheita de verão caminha para o encerramento, a liquidez no mercado do trigo tende a ser retomada, pois as indústrias devem buscar novas compras. Por enquanto, as dificuldades na venda da farinha de trigo seguram uma melhor recuperação do cereal.

Além disso, embora o câmbio tenha ajudado um pouco ao atingir R$ 3,30 em alguns momentos da semana, as importações de trigo, especialmente da Argentina, continuam importantes. Em fevereiro o Brasil comprou 420.000 toneladas, somando um total de 3,5 milhões de toneladas no atual ano comercial. Este é o quarto maior volume dos últimos 10 anos para o período.

Vale destacar que o Brasil exportou 23.200 toneladas de trigo de baixa qualidade, pelo terceiro mês consecutivo.

Assim, a reação nos preços, que finalmente acontece, embora ainda tímida, vem das variáveis externas, pois recentemente o preço do cereal subiu muito no mercado mundial. Infelizmente, tais preços voltaram a recuar nesta semana. Resta esperar que o câmbio no Brasil, pressionado agora pelo primeiro aumento dos juros básicos nos EUA e pela nova redução na Selic brasileira, associado as indefinições quanto às eleições presidenciais, mude de patamar e supere os R$ 3,30/dólar. Se isto ocorrer nas próximas semanas, o pouco que resta de trigo de qualidade no Brasil será ainda mais valorizado, puxando igualmente o trigo inferior.

Gráfico do TRIGO na CBOT (Chicago) – Vencimento Maio/2018

 

Fonte: CEEMA e CONAB

Em fevereiro, IBGE prevê safra 5,6% inferior à de 2017

A segunda estimativa de 2018 para a safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas totalizou 227,2 milhões de toneladas, 5,6% inferior à obtida em 2017 (240,6 milhões de toneladas), redução de 13,4 milhões de toneladas. Em relação à 1ª estimativa da safra 2018, divulgada em fevereiro (226,1 milhões de toneladas), a produção aumentou 0,5%. O arroz, o milho e a soja são os três principais produtos deste grupo, que, somados, representam 92,9% da produção e 86,8% da área a ser colhida.

Em relação a 2017, houve aumento de 2,5% na área da soja e reduções de 7,1% na área do milho e de 3,3% na área de arroz. Quanto à produção, devem ocorrer reduções de 1,6% para a soja, 13,5% para o milho e 5,7% para o arroz. A publicação completa, a série histórica e a publicação deste levantamento estão à direita dessa página.

Estimativa de fevereiro para 2018 227,2 milhões de toneladas
Variação safra 2018 / safra 2017 -5,6% (-13,4 milhões de toneladas)
Variação safra 2018 / 1ª estimativa 2018 +0,5% (+1,1 milhão de toneladas)

Entre as regiões, a distribuição da produção de cereais, leguminosas e oleaginosas, em toneladas, foi: Centro-Oeste (98,6 milhões); Sul (79,7 milhões), Sudeste (22,0 milhões), Nordeste (18,5 milhões) e Norte (8,3 milhões). Em relação à safra passada, houve aumento de 3,6% no Nordeste e reduções de 6,9% no Centro-Oeste, de 5,1% no Sul, de 7,9% no Sudeste e de 6,3% no Norte.

Estimativa de fevereiro em relação à produção de 2017 

Entre os trinta principais produtos, quinze apresentaram variação positiva na estimativa de produção em relação ao ano anterior: algodão herbáceo em caroço (12,1%), amendoim em casca 2ª safra (12,0%), aveia em grão (15,4%), cacau em amêndoa (0,6%), café em grão-arábica (17,1%), café em grão-canephora (7,0%), castanha-de-caju (10,4%), cevada em grão (29,9%), feijão em grão 2ª safra (8,7%), mamona em baga (29,9%), mandioca (1,2%), sorgo em grão (9,2%), tomate (1,9%), trigo em grão (44,3%) e triticale (38,7%).

Os quinze produtos com queda foram: amendoim em casca 1ª safra (-4,6%), arroz em casca (-5,7%), banana (-1,3%), batata-inglesa 1ª safra (-11,4%), batata-inglesa 2ª safra (-3,8%), batata-inglesa 3ª safra (-15,8%), cana-de-açúcar (-2,2%), feijão em grão 1ª safra (-0,7%), feijão em grão 3ª safra (-6,7%), fumo (-3,3%), laranja (-1,5%), milho em grão 1ª safra
(-14,9), milho em grão 2ª safra (-12,8%), soja em grão (-1,6%) e uva (-16,3%).

Estimativa de fevereiro em relação a janeiro de 2018

No LSPA de fevereiro destacaram-se as variações nas seguintes estimativas de produção, na comparação com janeiro: sorgo (7,3%), café canephora (2,9%), milho 2ª safra (0,7%), soja (0,6%), arroz (0,0), milho 1ª safra (-0,1%), algodão herbáceo (-0,6%), tomate (-1,2%), café arábica (-1,2%), feijão 3ª safra (-1,3%), feijão 2ª safra (-1,4%), feijão 1ª safra (-1,5%), cacau (-20,9%) e castanha-de-caju (-29,5%).

ALGODÃO HERBÁCEO (em caroço) – A segunda estimativa da produção do algodão alcançou 4,3 milhões de toneladas, uma queda de 0,6% em relação ao mês de janeiro. O rendimento médio também está 0,6% menor, enquanto a área plantada sofreu uma redução de 0,1%. Essa redução foi influenciada pela estimativa de Goiás, pois houve redução de 7,5% em relação ao mês anterior e pela Bahia, que neste mês informou redução de 2,0% na estimativa de produção. Em Goiás, a área plantada também diminuiu 7,8%, com aumento de 0,3% no rendimento médio e, na Bahia, apesar da área plantada ter crescido 0,7%, o rendimento médio caiu 2,7%, o que está relacionado às expectativas quanto ao clima.

ARROZ (em casca) – A estimativa de produção de arroz em fevereiro foi de 11,7 milhões de toneladas, 2.449 toneladas a menos que a estimativa do mês anterior. A previsão para o rendimento médio não se alterou em relação ao mês de janeiro e à área plantada sofreu uma redução de apenas 381 hectares. Cabe ressaltar as variações nos estados do Paraná e Goiás. O Paraná reduziu sua expectativa de produção em 6,4%, puxada pela estimativa do rendimento médio que ficou 6,1% menor que a do mês anterior, visto que a previsão de área plantada ficou apenas 0,3% menor. Em Goiás, houve redução de 1,6% na área plantada. Entretanto, a expectativa de produção ficou 5,8% mais alta, com a previsão de aumento de 7,5% no rendimento médio.

CACAU (em amêndoa) – A estimativa da produção foi de 215,7 mil toneladas, uma redução de 20,9% em relação a 2017. Em fevereiro, a Bahia atualizou sua previsão para o cacau, com redução de 39,6% em relação a janeiro de 2018, quando os cálculos obedeceram à metodologia do LSPA, que considera as cinco últimas médias anuais de rendimento, eliminando-se os extremos, e a área do ano anterior. O estado não aguarda uma boa safra, tendo a Supervisão de Agropecuária do IBGE baiana relacionado como principais causas para a redução a irregularidade climática e o abandono e extinção de algumas lavouras.

CAFÉ (em grão) – A estimativa da produção de café foi de 3,2 milhões de toneladas, ou 53,0 milhões de sacas de 60 kg. Para o café arábica, a produção estimada foi de 2,5 milhões de toneladas, ou 40,9 milhões de sacas de 60 kg, redução de 1,2% em relação ao mês anterior. Apesar do aumento de 1,3% no rendimento médio, a área a ser colhida apresenta redução de 2,4%. Em fevereiro, a Bahia ajustou sua estimativa para a produção de café arábica, reduzindo a área plantada e a área a ser colhida em 21,1% e 29,3%, respectivamente, enquanto o rendimento médio aumentou 5,7%. A produção foi estimada em 87,3 mil toneladas, ou 1,5 milhão de sacas de 60 kg, queda de 25,2% em relação a janeiro. Quanto ao café canephora, a produção estimada é foi de 728,9 mil toneladas, alta de 2,9% em relação a janeiro. As maiores variações no mês também foram na Bahia, com produção estimada em 97,2 mil toneladas, ou 1,6 milhão de sacas.

CASTANHA-DE-CAJU (amêndoa) – A estimativa de produção foi de 148,6 mil toneladas, redução de 29,5% em relação ao mês anterior. Com uma produção de 68,5 mil toneladas de amêndoa, o Ceará, atualizou a estimativa anterior, que foi calculada utilizando-se da metodologia do LSPA. O estado tem atravessado longo período de seca, sendo responsável por 46,1% da produção nacional de castanhas-de-caju. Outros importantes produtores são Rio Grande do Norte, com uma produção estimada de 33,9 mil toneladas e Piauí com 30,0 mil toneladas. A produção de castanha-de-caju está concentrada na região Nordeste, em áreas de clima tradicionalmente sujeito à ocorrência de seca, estando, portanto, a produção relacionada à quantidade e regularidade das chuvas ao longo do ano, particularmente nas épocas mais sensíveis das plantas, como na floração e frutificação.

FEIJÃO (em grão) – Com uma produção estimada em 3,3 milhões de toneladas, o feijão apresentou queda de 1,4% em relação ao mês anterior. A previsão para a 1ª safra foi reduzida em 1,5% na comparação com a estimativa de janeiro, com quedas na Bahia (-21,9%) e no Paraná (-3,0%). Em Pernambuco, porém, a estimativa cresceu 156,6% em relação a janeiro, por conta da expectativa positiva para o clima.

A 2ª safra de feijão foi estimada com redução de 1,4% frente à estimativa de janeiro. O declínio na expectativa de produção da 2ª safra de feijão deve-se, principalmente, à redução nos estados da Bahia (7,5%), Paraná (1,7%) e Goiás (10,7%), por conta do clima. Expectativas com relação à rentabilidade também servem de estímulos à tomada de decisão em relação ao plantio da safra das secas.

Em relação à 3ª safra, houve redução de 1,3% na produção em relação à estimativa anterior. Goiás foi o estado com maior influência nesse resultado, com queda de 3,7% na produção. Os maiores produtores desta safra são Minas Gerais (37,3%), Goiás (34,7%) e São Paulo (11,9%). Expectativas com relação à rentabilidade das lavouras também representam estímulos à tomada de decisão em relação ao plantio da safra irrigada.

MILHO (em grão) – A estimativa de produção do milho alcançou 86,1 milhões de toneladas, aumento de 0,4% em relação ao mês anterior. Para a 1ª safra, a produção estimada foi de 26,5 milhões de toneladas, queda de 0,1% em relação ao mês anterior. Paraná, Goiás, Bahia e Pará informaram reduções em suas estimativas de produção em relação a mês anterior.

Para a 2ª safra, a produção estimada foi de 59,7 milhões de toneladas, aumento de 0,7% em relação ao mês anterior. O crescimento da estimativa da produção do milho 2ª safra no mês se deve, principalmente, a Goiás, que aumentou em 4,7% sua estimativa de produção, totalizando 7,9 milhões de toneladas, por causa das expectativas positivas para o clima. Outro estado que aumentou sua estimativa de produção na 2ª safra foi o Paraná, prevendo crescimento de 0,6% e 12,4 milhões de toneladas de milho no período.

SOJA (em grão) – A estimativa para produção de soja é de 113,2 milhões de toneladas, aumento de 0,6% quando comparado com o mês anterior (112,4 milhões de toneladas). A área plantada aumentou 0,5%, alcançado 34,7 milhões de hectares. No caso do rendimento médio, o aumento foi de 0,2%. A colheita avançou nos principais estados produtores, porém encontra-se atrasada em relação a 2017. O excesso de chuvas tem dificultado os trabalhos no campo e consequentemente elevado os custos de produção, seja para controlar as doenças fúngicas ou pelo aumento no consumo dos combustíveis. Em compensação, em fevereiro, o preço da soja atingiu o maior patamar em um ano na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOLT). A falta de chuvas na Argentina desde novembro continua impulsionando os valores da oleaginosa no mercado internacional, assim como o atraso na colheita no Brasil devido ao excesso delas.

A maior alteração na produção este mês foi em Goiás, com crescimento de 6,8% graças ao reajuste no rendimento médio, que subiu 6,5% por causa do bom clima em fevereiro. Com isso, a estimativas de produção de soja no estado foi de 11,2 milhões de toneladas e se aproximou da safra recorde de 2017, que foi de 11,4 milhões de toneladas. A Bahia também atualizou suas estimativas, com crescimento de 11,4% na área plantada e redução de 10,7% no rendimento médio. Com isso a produção esperada é de 4,7 milhões de toneladas, 0,5% menor que a estimativa divulgada no mês anterior. No Paraná, ocorreram problemas climáticos, como excesso de chuvas e duas semanas de estiagem.

SORGO (em grão) – A estimativa da produção foi de 2,3 milhões de toneladas, alta de 7,3% em relação ao mês anterior. A área plantada e a área a ser colhida apresentaram crescimento de 2,7%, enquanto o rendimento médio aumentou 4,5%. Os dados foram impulsionados por Goiás, que estimou uma produção de 992,4 mil toneladas, aumento de 24,1% em relação ao mês anterior, devendo o rendimento médio alcançar 3 523 kg/ha, aumento de 23,3%. Goiás deve participar com 42,3% da produção nacional em 2018, sendo seguido por Minas Gerais, com 594,2 mil toneladas e participação de 25,3% no total.

TOMATE – Apesar da queda de 1,2% na produção de tomate em fevereiro, em relação a janeiro de 2018, a safra brasileira em 2018, de 4,5 milhões de toneladas deve atender satisfatoriamente ao consumo interno. Os maiores produtores são Goiás com 32,4% da produção nacional, São Paulo com 21,1%, Minas Gerais com 16,7%, Bahia com 4,5% e Santa Catarina com 4,4%.

Fonte: IBGE

2018, mais complicado que 2017

O ano de 2018, em seus primeiros dias, já está confirmando os alertas feitos! A economia passará por grandes turbulências no Brasil. Apesar de alguns indicadores econômicos, caso do PIB, apontarem para uma melhoria, os mesmos não são suficientes para oferecer garantias de sustentabilidade no médio prazo.

No cenário internacional, o aquecimento da economia dos EUA confirma a necessidade de aumento nos juros básicos daquele país. Isso fez com que estourasse a primeira bolha especulativa do ano, com Nova York e as demais bolsas de ações mundiais recuando fortemente neste dia 05/02. Existe a projeção de três aumentos de juros nos EUA no corrente ano.

Ora, juro mais alto naquele país tende a deslocar capitais dos países emergentes, caso do Brasil, para a América do Norte. Como o Brasil é tomador de capital externo, tal situação levará a uma desvalorização do Real, com potencial inflacionário importante, o qual obrigará a uma elevação de nosso juro básico (Selic).

No front interno, a ameaça de o governo brasileiro romper com a “regra de ouro” nos levou ao rebaixamento de nossa nota de crédito no exterior, nos deixando três degraus abaixo do grau de investimento (esta regra compõe a Lei de Responsabilidade Fiscal, determinando que o montante das operações de crédito não pode ser superior ao valor dos investimentos, tendo por objetivo impedir que o governo contraia financiamentos para quitar despesas correntes, ou seja, para manter a máquina pública funcionando. O descumprimento da mesma se equivale ao fato de um consumidor usar o cheque especial como complemento salarial no final do mês, pagando juros, ao invés de cortar despesas).

Esta realidade reforça o fracasso do governo na realização do ajuste fiscal necessário. Aliás, o rombo de R$ 124,4 bilhões nas contas do governo central em 2017, embora abaixo da meta corrigida de R$ 159 bilhões, é enorme, representando 1,9% do PIB. O total da dívida pública bruta brasileira deverá atingir 74,8% neste ano, contra 51,3% em 2011 (somente a dívida pública federal equivale, hoje, ao PIB total do México ou da Indonésia). E para 2018, já há um buraco calculado ao redor de R$ 200 bilhões.

Neste contexto, acaba de ser anunciado um bloqueio no orçamento federal da ordem de R$ 16,2 bilhões, visando permitir que se alcance pelo menos o déficit primário projetado, que é de R$ 159 bilhões.

Mas novos cortes serão necessários, especialmente se a Reforma da Previdência não sair. E mesmo que saia, será muito pequena e pouco ajudará (aliás, até o dia 20/02 tal reforma será definida no país e, caso não saia, deixará o mercado nacional ainda mais turbulento, com a Bovespa recuando e o Real se desvalorizando de forma mais intensa, fato que forçará a reversão da Selic).

Soma-se a isto o fato de a inflação oficial em porcentagem, ter potencial para quase dobrar, embora fique ao redor do centro da meta oficial (4,5% ao ano). Com isso, o consumo das famílias, que vem puxando timidamente o PIB, ficará mais comprometido. Especialmente porque continuamos tendo, neste início de 2018, um pouco mais de 60% de famílias brasileiras inadimplentes (no Rio Grande do Sul, as famílias inadimplentes em janeiro/18 eram 46,2% do total, contra 27,7% em janeiro/17). E a redução do desemprego pouco ajuda, pois ainda temos 11,8% de desempregados, sendo que os empregos gerados até o momento são majoritariamente informais e/ou de baixa qualidade (mesmo que com franca redução, 2017 foi o terceiro ano consecutivo com saldo negativo na geração de empregos no país).

Portanto, de baixa remuneração (a quantidade de pessoas empregadas com carteira assinada recuou 2% no quarto trimestre de 2017, enquanto o percentual de trabalhadores sem carteira assinada aumentou 5,7%)! Aliás, o rendimento médio da população brasileira fechou 2017 em R$ 2.154,00, aumentando apenas 1,6% sobre 2016, enquanto a inflação oficial no ano passado foi de 2,95%. É bom lembrar que a média do endividamento brasileiro era de R$ 4.400,00 por pessoa no final de 2017.

Ou seja, mais do que o dobro da renda auferida. Por outro lado, a turbulência maior está por vir na medida em que a campanha eleitoral para Presidente da República avançar em um contexto em que os pré-candidatos existentes não oferecem confiança. O risco de elegermos um “populista irresponsável para com as contas públicas” é enorme.

Em tal contexto, não é por acaso que os investidores estrangeiros, em janeiro, já frearam suas participações no mercado brasileiro. Por sua vez, grande parte dos Estados da Federação estão quebrados, caso do Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, o mesmo acontecendo com os municípios (no Rio Grande do Sul, 2017 terminou com 25% dos municípios no vermelho, com a situação geral devendo piorar em 2018). Enfim, a safra de verão atual será menor, com preços médios baixos, consolidando uma situação que já foi ruim em 2017. Ou seja, se no ano passado os preços não reagiram, porém, houve volume produzido, neste ano o risco é de, comparativamente, termos pouca mudança nos preços e menor volume de produção.

Portanto, 2018 será muito turbulento, podendo mesmo ser mais complicado que 2017, confirmando, infelizmente, que estamos longe da saída da crise econômica e de uma recuperação sustentável.

Fonte: CEEMA

Visite aqui o Relatório FOCUS do Banco Central – Edição de 09/02/2018

Mercado do Milho, Soja e Trigo – 10/02/2018

Mercado do Milho

Em relação ao final de dezembro as cotações do milho em Chicago melhoraram um pouco entre janeiro e este início de fevereiro. A média de dezembro ficou em US$ 3,44/bushel, após US$ 3,43 em novembro, enquanto em janeiro/18 a mesma passou a US$ 3,52. O fechamento deste dia 08/02 ficou em US$ 3,65/bushel.

O mercado igualmente ficou ligado ao clima na parte sul da América do Sul, porém, com menos preocupações em relação à soja. Mesmo com a redução da produção da Argentina, o mercado internacional não se mostra inquieto. Além disso, os recentes relatórios do USDA não trouxeram novidades. A produção passada dos EUA foi mantida em 371 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais para 2017/18 foram reduzidos para 59,7 milhões, após 62,9 milhões em janeiro. A produção brasileira está mantida em 95 milhões de toneladas, enquanto a da Argentina foi reduzida para 39 milhões (42 milhões de toneladas em janeiro) devido ao clima mais seco no vizinho país. Por sua vez, a produção mundial de milho está projetada em 1,041 bilhão de toneladas, e os estoques finais em 203,1 milhões de toneladas para 2017/18.

O quadro geral no mercado internacional do milho é de normalidade, com pouca volatilidade nas cotações.

Por sua vez, a tonelada FOB de milho na Argentina e no Paraguai fechou esta primeira semana cheia de fevereiro/18 em US$ 175,00 e US$ 137,50 respectivamente. Enfim, a relativa firmeza atual nas cotações do milho em Chicago se deve as boas exportações do cereal por parte dos EUA. As vendas líquidas estadunidenses, na semana encerrada em 25/01, somaram 1,85 milhão de toneladas. Tal volume ficou 93% acima da média das quatro semanas anteriores. Para 2018/19 o volume alcançou 31.000 toneladas. Na soma dos dois anos, o mercado esperava volume entre 1,0 milhão e 1,5 milhão de toneladas.

Aqui no Brasil, os preços médios do milho subiram um pouco nestes últimos dois meses, especialmente no centro do país. Já no Rio Grande do Sul houve grande estabilidade, com a média do balcão gaúcho, que era de R$ 27,12/saco na última semana de dezembro passado, recuando para R$ 26,95 na terceira semana de janeiro, e fechando nesta atual semana de fevereiro em R$ 27,38/saco. Para os lotes os valores oscilaram entre R$ 30,00 e R$ 31,00/saco neste início de fevereiro. Nas demais praças nacionais os lotes giraram entre R$ 16,00/saco em Sorriso, Sapezal e Campo Novo do Parecis (MT) e R$ 35,00/saco em Itahandu (MG), passando por R$ 32,00/saco em Videira e Concórdia (SC).

Em São Paulo, diante de estoques reduzidos dos consumidores, os negócios saíram entre R$ 35,00 e R$ 37,50/saco CIF disponível. Em função da entrada da safra de soja já começa a surgir problemas com o frete. Por enquanto não há expectativa de redução nos valores paulistas do milho e mesmo no contexto nacional, embora a safra de verão esteja entrando lentamente no mercado.

Segundo Safras & Mercado, até o dia 02/02 a colheita de verão atingia a 10% da área, contra 9% na mesma época do ano anterior. No Rio Grande do Sul a mesma atingia a 28%, Santa Catarina e São Paulo registravam 9% e o Paraná 2%.

Já o plantio da safrinha 2018 está mais lento neste ano. O mesmo chegava a 10% da área estimada, em 02/02, contra 20% em igual momento de 2017. O Centro-Sul brasileiro deverá semear, na safrinha, uma área de 10,8 milhões de hectares, o que representa um recuo de 5,8% sobre a área registrada no ano anterior (cf. Safras & Mercado).

Enfim, as exportações brasileiras de milho, em janeiro, somaram 3,02 milhões de toneladas. Com isso, o ano comercial 2017/18 (fevereiro a janeiro) fechou com um total exportado de 30,05 milhões de toneladas. Mesmo assim, os estoques de passagem para o novo ano que se inicia chegam ao redor de 17 milhões de toneladas, o segundo maior da história do país, após mais de 20 milhões no ano anterior. Assim, apesar do recuo na produção total, devido ao recuo na área de plantio e na produtividade de algumas regiões, os altos estoques deverão segurar os preços nos atuais níveis, salvo se houver frustração climática na safrinha deste ano.

Gráfico do Milho na BM&F – Vencimento Maio/2018

Gráfico do Milho na BM&F – Vencimento Set/2018

Gráfico do Milho na CBOT – Vencimento Set/2018


Mercado da Soja

Neste período em que estivemos de recesso as cotações da soja pouco oscilaram em Chicago. As médias mensais até baixaram um pouco, embora no final de janeiro/18 o bushel tenha flertado novamente com os US$ 10,00. Assim, após a média ter atingido, para o primeiro mês cotado, o valor de US$ 9,84/bushel em novembro, dezembro fechou em US$ 9,72, enquanto janeiro ficou em US$ 9,71/bushel. A média de janeiro de 2017 foi de US$ 10,18/bushel, a título de comparação. Nestes primeiros dias de fevereiro as cotações pouco se alteraram, com o bushel fechando o dia 08/02 em US$ 9,87.

O mercado externo, após especular bastante em torno do clima no sul do Brasil e na Argentina, acabou se concentrando mais recentemente na possibilidade de quebras na safra argentina, após as excelentes chuvas em boa parte do sul brasileiro durante todo o mês de janeiro. Há especulações de que a safra do vizinho país caia para 52 milhões de toneladas (a projeção inicial era de 57 milhões), com alguns analistas falando mesmo em volumes ao redor de 50 milhões. Como a Argentina fornece 50% do farelo de soja mundial, as cotações deste subproduto subiram em Chicago, sustentando o grão. De fato, a média da tonelada curta de farelo em Chicago, que foi de US$ 317,62 em novembro, subiu para US$ 322,74 em dezembro, chegando a US$ 325,95 em janeiro. No dia 08/02 o farelo fechou cotado a US$ 341,70/tonelada curta, retornando aos melhores valores desde meados de fevereiro de 2017.

Paralelo a isso, os fundos se mantiveram presentes, porém, de olho na taxa de juro básica nos EUA. A possibilidade de três aumentos na mesma, durante o corrente ano, tende a levar muitos deles a vender posições em Chicago e aplicar em títulos do Tesouro norte-americano. Isso seria um fator de baixa para as cotações. No entanto, por enquanto os mesmos se mostram com bom potencial de compra naquela Bolsa.

Por outro lado, os relatórios de oferta e demanda anunciados pelo governo dos EUA neste período, um deles neste dia 08/02, poucas novidades trouxeram em relação a safra passada estadunidense. Neste último, confirmou-se a produção de 119,5 milhões de toneladas (um pouco menor do que o anunciado até dezembro), porém, estoques finais em elevação, chegando a 14,4 milhões de toneladas para 2017/18, contra 12,8 milhões em janeiro e 8,2 milhões no ano anterior. Já a projeção de colheita no Brasil foi elevada para 112 milhões de toneladas (no Brasil, órgãos internos falam de um volume entre 108 e 110 milhões), enquanto na Argentina a produção foi reduzida para 54 milhões de toneladas. As importações chinesas foram mantidas em 97 milhões de toneladas. Quanto à produção mundial total para 2017/18, a mesma está agora projetada em 346,9 milhões de toneladas e os estoques finais em 98,1 milhões.

Ajudou para que o bushel se mantivesse mais firme nestes últimos dias o forte recuo no índice de ações da Bolsa de Nova York. Este recuo levou momentaneamente os fundos a se deslocarem com mais intensidade para as commodities.

Desta forma, no front externo o mercado continua estável, com viés de baixa na medida em que a colheita sul-americana se confirmar nesta ordem, salvo se a produção argentina continuar sendo diminuída (o clima neste mês de fevereiro voltou a ficar mais seco no sul brasileiro e em grande parte da região produtora do vizinho país).

Tanto é verdade que neste relatório do dia 08/02 o USDA indica uma média de preços, para 2017/18, entre US$ 8,90 e US$ 9,70/bushel para os produtores estadunidenses.

Afora isso, neste início de fevereiro as exportações de soja dos EUA continuaram a se mostrar fracas, com as mesmas ficando em apenas 359.000 toneladas na semana encerrada em 25/01, sendo 50% abaixo da média das quatro semanas anteriores. Para 2018/19 o volume ficou em 50.700 toneladas. No somatório destes dois anos o mercado esperava um volume entre 600.000 e 1,0 milhão de toneladas.

No Brasil, os preços da soja igualmente se mantiveram relativamente estáveis, oscilando muito mais em razão das mudanças de rumo do câmbio. Assim, no balcão gaúcho, após a média de R$ 64,61/saco na última semana de dezembro passado, o produto recuou para R$ 61,91 na terceira semana de janeiro, melhorando um pouco neste início de fevereiro, quando a média desta atual semana subiu para R$ 62,80/saco. Já os lotes oscilaram entre R$ 68,00 e R$ 68,50/saco no disponível. Nas demais praças nacionais os lotes giraram entre R$ 59,00/saco em Sinop, Sorriso, Nova Xavantina e outras regiões do Nortão mato-grossense, e R$ 70,00/saco em Campos Novos (SC).

A comercialização da safra passada, no dia 05/02, atingia a 96% do total no Brasil, contra 98% na média histórica, com o Rio Grande do Sul chegando a 87%, contra 94% na média, e Santa Catarina atingindo a 83%, contra 96% na média para esta data. Já a comercialização antecipada da nova safra, que começa a ser colhida no Brasil, atingia, no dia 05/02, a um total de 32%, contra 42% na média histórica, com o Rio Grande do Sul registrando apenas 19% contra 38% no ano passado e 28% na média histórica. Na prática, todos os Estados produtores estão com vendas antecipadas bem mais baixas do que a média (cf. Safras & Mercado). Isso demonstra que os atuais preços não animam os produtores, com os mesmos esperando uma melhoria nos próximos meses. A mesma será difícil, porém, como a dependência maior será do câmbio, há uma possibilidade de desvalorização do Real em função da forte volatilidade do mesmo devido as eleições presidenciais que se aproximam no Brasil. Neste momento, o Real voltou a se aproximar dos R$ 3,30 por dólar, com boa parte do mercado acreditando em R$ 3,50 para o término de 2018.

Enfim, quanto a atual colheita, a mesma atingia, até o dia 02/02, a 6% da área total no país, contra 8% na média histórica, sendo o Mato Grosso o principal Estado em avanço de colheita, com 20% da área já cortada ante 16% na média histórica. Goiás com 2% e Paraná e Mato Grosso do Sul com 1,5% vêm na sequência (cf. Safras & Mercado).

Gráfico da Soja na BM&F – Vencimento Maio/2018

Gráfico da Soja na CBOT – Vencimento Maio/2018


Mercado do Trigo

As cotações do trigo em Chicago, após registrarem um recuo em dezembro, quando a média do mês fechou em US$ 4,11/bushel, ante US$ 4,22 em novembro, subiram bastante em janeiro, particularmente a partir do final deste primeiro mês do ano. A média de janeiro/18 ficou em US$ 4,32/bushel, enquanto no dia 07/02 o mesmo bateu em US$ 4,60, numa disparada importante já que tal valor não era visto desde o início de agosto passado. O fechamento do dia 08/02, após o anúncio do relatório de oferta e demanda do USDA, acabou ficando em US$ 4,56/bushel.

Este relatório confirmou a produção estadunidense passada em 47,4 milhões de toneladas, com estoques finais para 2017/18 em 27,5 milhões. A produção mundial ficou agora em 758,2 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais atingem a 266,1 milhões. A produção da Argentina foi aumentada para 18 milhões de toneladas, enquanto a do Brasil foi mantida em apenas 4,25 milhões de toneladas (a frustrada safra do inverno passado). Com isso, o Brasil deverá importar entre 7,5 e 8 milhões de toneladas neste ano.

Assim, a razão principal para as atuais altas em Chicago está no clima seco nas regiões produtoras dos EUA, o qual estaria comprometendo a futura colheita. Uma nova safra reduzida naquele país compromete sensivelmente o quadro de oferta interna e o seu potencial exportador.

No Mercosul, a tonelada FOB para exportação fechou a semana valendo entre US$ 170,00 e US$ 180,00 na compra.

Já no Brasil, os preços se mantiveram relativamente estáveis neste período de 45 dias em que estivemos de recesso. O balcão gaúcho, que havia fechado o ano passado na média de R$ 29,72/saco, chegou a avançar para R$ 30,98 na terceira semana de janeiro, porém, voltou a recuar posteriormente, com a primeira semana de fevereiro fechando na média de R$ 29,62/saco. Já os lotes no mercado gaúcho fecharam esta semana em R$ 31,80/saco, enquanto no Paraná ficaram entre R$ 39,60 e R$ 41,40/saco. Em Santa Catarina, a região de Campos Novos registrou o valor médio de R$ 35,40 para os lotes, enquanto a média catarinense para o balcão ficou em R$ 32,50/saco. No Paraná, o valor médio de balcão atingiu a R$ 34,50/saco.

Os moinhos nacionais estão abastecidos com trigo importado, aproveitando-se de bons momentos cambiais em janeiro. Neste momento, o mercado interno está bastante calmo. A nova desvalorização do Real dos últimos dias deixa o produto importado mais caro, porém, isso ainda não foi suficiente para melhorar o preço interno. Assim, a tendência é de estabilidade nos preços do cereal no mercado nacional, salvo se a desvalorização do Real aumentar nas próximas semanas (a decisão sobre a reforma previdenciária brasileira até o final de fevereiro tende a ser um elemento importante neste contexto) e/ou as atuais altas em Chicago continuarem.

Gráfico do Trigo na CBOT – Vencimento Maio/2018

 

Fonte: CEEMA