As cotações da soja voltaram a recuar nesta primeira semana de dezembro, rompendo o piso dos US$ 10,00/bushel para o primeiro mês cotado ao atingir US$ 9,95 no dia 02/12. Todavia, o fechamento desta quinta-feira (04) mostrou recuperação ficando em US$ 10,10/bushel. A média de novembro subiu para US$ 10,32/bushel, contra US$ 9,64 em outubro.
O mercado passa a ficar na expectativa do novo relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para este próximo dia 10/12. O mesmo deverá confirmar a safra recorde de 107 a 108 milhões de toneladas, assim como a recomposição dos estoques finais de 2014/15 para 12,2 milhões de toneladas.
Ao mesmo tempo, o clima continua normal na América do Sul e o plantio da nova safra de soja local avança, tendo sido já encerrado no Mato Grosso e boa parte do Centro-Oeste brasileiro. A perspectiva na América do Sul, em clima normal, é igualmente de uma safra recorde na colheita de 2015. Aliás, em isso acontecendo, o mercado está consciente de que se consolida uma reversão na tendência dos preços na medida em que a oferta passou a crescer bem mais do que a demanda mundial.
O preocupante neste contexto todo é que projeções de mais longo prazo começam a indicar a possibilidade de uma queda ainda mais expressiva nos preços da soja para os próximos anos. Por enquanto, consideramos prematuro tais indicações, porém, lembramos que a média histórica de Chicago, entre 1972 e 2007 foi de apenas US$ 6,60/bushel.
Nesse sentido, segundo William Tierney, da AgResource (EUA), em entrevista à Safras por ocasião do 2º Fórum de Agricultura da América do Sul, ocorrido nesta semana em Foz do Iguaçu (PR), a soja e o milho deverão assistir a um recuo de preços em Chicago no próximo ano de 2015. Para ele, os estoques elevados de soja nos EUA e no mundo (desde que ocorra uma safra normal na América do Sul, acrescentamos nós), somados ao aumento da produção em relação à demanda, não permitem descartar a possibilidade de o bushel voltar aos patamares de US$ 6,50 nos próximos dois anos.
Obviamente, uma situação destas seria um desastre para os produtores brasileiros, forçando um recuo na área plantada, pois a desvalorização do Real já está chegando ao seu limite. Para se ter uma ideia do estrago que isso causaria, mesmo a um câmbio a R$ 2,75, um bushel de soja a US$ 6,50 colocaria o saco de soja no balcão gaúcho em apenas R$ 33,00.
Por enquanto, o que se tem é um mercado debilitado pelos motivos já expostos, fato reforçado pela expectativa de uma safra brasileira entre 92 e 95 milhões de toneladas e argentina entre 55 e 57 milhões de toneladas para 2015.
Completando o quadro, o mercado começa a detectar uma redução nas vendas de soja por parte dos EUA, considerando que a demanda mundial já estaria se deslocando para a América do Sul em busca de sua safra nova.
Corrobora esse posicionamento o fato de que as exportações líquidas dos EUA, para o ano 2014/15, estarem diminuindo em volume semanal. Todavia, isso ainda não está tão evidente assim, tanto é verdade que a recuperação das cotações neste dia 04/12 se deu sobre a informação de volumes importantes exportados na semana. Pelo sim ou pelo não, o fato é que na semana encerrada em 20/11 as exportações líquidas ficaram em 1,48 milhão de toneladas na semana encerrada em 20/11, sendo 34% superior à média das últimas quatro semanas. O principal destino foi a China com 806.200 toneladas. Já as inspeções de exportação de soja somaram 1,85 milhão de toneladas na semana encerrada no dia 27/11, contra 2,85 milhões na semana anterior. Entretanto, no acumulado do ano comercial iniciado em 1º de setembro, as inspeções somam 21,3 milhões de toneladas, contra 17,5 milhões no mesmo período do ano anterior.
Pelo lado da demanda, a China deverá importar 73 milhões de toneladas de soja em grão no ano de 2014/15, com aumento de 4,6% sobre o ano anterior. Sua produção de soja ficará em apenas 12 milhões de toneladas, enquanto a produção total de oleaginosas somará 55,8 milhões de toneladas, com um recuo de 5% sobre o ano anterior. (cf. Safras & Mercado)
Em termos de prêmios no porto, os mesmos recuaram um pouco mais no Brasil nesta semana, ficando entre 60 centavos e US$ 1,90 por bushel. Nos EUA, o Golfo do México indicou valores entre 97 e 99 centavos de dólar por bushel, enquanto na Argentina os prêmios ficaram entre 60 centavos e US$ 1,80/bushel.
No Brasil, com o câmbio se acomodando entre R$ 2,50 e R$ 2,56, os preços da soja recuaram um pouco diante da queda em Chicago. O balcão gaúcho ficou em R$ 57,94/saco na média da semana, enquanto os lotes giraram entre R$ 55,80/saco em Sapezal (MT) e R$ 62,50/saco no oeste e norte do Paraná.
O plantio brasileiro avança bem, tendo atingido a 85% da área até o dia 28/11, contra a média histórica de 89% para esta época do ano. A área total nacional deverá ser de 31,4 milhões de hectares. O Brasil espera esmagar 38 milhões de toneladas neste atual ano comercial, exportando 47 milhões de toneladas de grãos de soja. No ano anterior os volumes foram de 36,3 e 46,5 milhões de toneladas respectivamente.
Enfim, diante do exposto acima, mais ainda ganha importância os preços futuros atualmente oferecidos para a próxima safra. No interior gaúcho o FOB para maio/15 ficou em R$ 57,00/saco. Já no Paraná, para março/abril o saco ficou em R$ 60,50 em Paranaguá (porto). No Mato Grosso, a região de Rondonópolis apontou US$ 18,50 ou R$ 47,36/saco ao câmbio atual para fevereiro. No Mato Grosso do Sul, Dourados trabalha com R$ 50,00/saco para março, enquanto em Goiás a região de Rio Verde registra o mesmo valor para fevereiro/março. Por sua vez, Brasília indicou R$ 52,00/saco para abril. Em Minas Gerais, a região de Uberlândia apontou US$ 20,20 ou R$ 51,71/saco. Enfim, na Bahia o saco, para maio, ficou cotado a R$ 53,00, enquanto no Maranhão tivemos R$ 50,00. No Piauí e Tocantins, igualmente para maio, o saco de soja ficou respectivamente em R$ 51,50 e R$ 48,50. (cf. Safras & Mercado)
Fonte: Ceema