Comentários referentes ao período entre 04/10/2013 a 10/10/2013
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum ¹
Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca ²
Guilherme Gadonski de Lima ³
As cotações da soja em Chicago praticamente estabilizaram nesta semana. O fechamento da quinta-feira (10) ficou em US$ 12,88/bushel, ou seja, no mesmo valor do fechamento de uma semana atrás. O motivo principal é que o mercado está sem informações oficiais dos EUA em função do impasse entre o Congresso e o Executivo deste país quanto ao orçamento federal. Isso faz com que os órgãos públicos fiquem paralisados. Assim, o mercado está sem referência oficial, ficando ao sabor de dados privados, muitos deles alimentados por pura especulação, e pela chamada análise técnica. Nesse sentido, o relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para este dia 11/10, foi suspenso e não se sabe quando o mesmo sairá e nem mesmo se sairá, podendo ser cancelado.
Dito isso, o que se tem de concreto, em princípio, é que existe um atraso na colheita dos EUA, já previsto em função do atraso no plantio, e que agora aumenta um pouco pelas chuvas que seguidamente caem na região produtora. Porém, isso não deverá causar problemas maiores para o encerramento da colheita, apesar de apenas 20% da área (estima-se) esteja colhida até o momento.
Ao mesmo tempo, o analista privado Informa Economics estimou na semana uma safra de soja nos EUA de 86,4 milhões de toneladas, com uma produtividade média de 2.804 quilos/hectare. Vale ressaltar que este número, apesar de ser superior ao divulgado pelo USDA em seu relatório de setembro (85,7 milhões de toneladas) é menor do que o número divulgado pela própria Informa em setembro (88,1 milhões de toneladas). Ou seja, os institutos privados estariam convergindo aos poucos com os números oficiais, embora o mercado esteja sem estas últimas informações no momento.
Enquanto isso, na Argentina e no Brasil o plantio da nova safra avança, ajudando a inibir novas altas em Chicago. Na Argentina, até o dia 06/10 o plantio atingia a 8% da área, agora estimada em 3,46 milhões de hectares. Esta área, por enquanto, surpreendentemente seria 5,9% menor do que a semeada em 2012/13. Resta saber se, no final, isso irá se confirmar.
Quanto a comercialização da safra velha argentina (2012/13), até o início de outubro 71% da mesma estava negociada pelos produtores, contra 87% em igual momento do ano anterior.
Paralelamente, os prêmios fecharam a semana, no Brasil, para fevereiro, entre 35 e 68 centavos de dólar por bushel. Para maio próximo Paranaguá indicou prêmio entre 4 e 7 centavos por bushel. Já na Argentina, Rosário registrou valores entre 30 e 58 centavos igualmente para fevereiro, enquanto nos EUA não há informações disponíveis.
Por sua vez, no Brasil o plantio da nova safra de soja, até o dia 04/10, atingia a 3% da área esperada, ficando dentro da média histórica. O Paraná registrava 12%, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul 2% cada um, e Goiás 1%.
Vale destacar que a área brasileira é esperada em aumento de até 4%, chegando próxima de 30 milhões de hectares neste ano. Assim, segundo a Conab, se o clima ajudar, o Brasil poderá se consolidar, pela primeira vez na história, como o maior produtor de soja do mundo, atingindo uma produção entre 87,6 e 89,7 milhões de toneladas, superando a safra passada entre 7,5% e 10%,
Nesse contexto, os preços futuros continuam indicando, para o momento da colheita, valores bem mais baixos do que os atuais. Tomando-se por base Chicago maio/13 a US$ 12,55/bushel neste momento, e um câmbio ao redor de R$ 2,18 (fechamento do dia 10/10), o saco de soja, no balcão gaúcho, ficaria em abril/maio próximos em torno de R$ 49,00 e R$ 52,00.
Ora, hoje o preço médio gaúcho, no balcão, está em R$ 64,54/saco, enquanto os lotes oscilam entre R$ 73,00 e R$ 74,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes giram entre R$ 61,00/saco em Sapezal (MT) e R$ 74,50/saco no norte do Paraná.
Quanto aos preços futuros, no Rio Grande do Sul, para maio, o interior cota a R$ 60,00/saco FOB. No Paraná, para março, Paranaguá está em US$ 27,50/saco (R$ 59,95/saco ao câmbio desta quinta-feira). No Mato Grosso, a soja em Rondonópolis, para março, ficou em US$ 21,70/saco (R$ 47,30/saco). Em Goiás, para fevereiro, o saco registrou US$ 22,80 (R$ 49,70). Na região de Brasília o valor ficou em R$ 52,00 para abril. Em Minas Gerais, para o mesmo mês, R$ 53,00/saco. Enfim, para a Bahia, Maranhão, Piauí e Tocantins, todos para maio, os valores futuros ficaram respectivamente em US$ 23,30 (R$ 50,79); R$ 52,20; R$ 55,00 e R$ 51,20/saco. (cf. Safras & Mercado)
Enfim, a BMF registrou, no final da semana, US$ 32,04/saco (R$ 69,85) para o contrato de novembro; US$ 28,21/saco (R$ 61,50) para março e US$ 26,79/saco (R$ 58,40) para maio.
¹ Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
² Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.
³ Estudante do Curso de Economia da UNIJUI – Bolsista PET-Economia.