O atual movimento de alta em Chicago se deve à redução nos estoques finais dos EUA para 2014/15, conforme relatório do dia 10/12. Entretanto, a oferta de milho no mercado estadunidense é muito grande, levando a crer que tal movimento é muito mais de caráter especulativo do que propriamente em cima de razões concretas.
Dito isso, o mercado passa a considerar a possibilidade nova redução de área semeada com milho na futura safra dos EUA. O FSA, departamento que avalia a área plantada dos produtores dos EUA que participam dos programas de subsídios do governo local, acaba de indicar uma área de 34,8 milhões de hectares para 2015. Mas outro departamento, o NASS, que contabiliza também os produtores que não recebem apoio estatal, aponta para uma área de 36,8 milhões de hectares. Enquanto esta especulação existe, o fato de o trigo ter subido bem de preço devido o risco de a Rússia reduzir suas exportações, em função da forma desvalorização do rublo (50% no semestre), igualmente dá sustentação ao milho. Enfim, como frisado no boletim anterior, a relação de troca milho x soja continua sugerindo mais plantio de soja do que de milho no próximo ano nos EUA. (cf. Safras & Mercado)
Afora isso, não há outros elementos importantes de alta para o milho em Chicago, no curto prazo.
Na Argentina a tonelada FOB de milho bateu em US$ 200,00 nesta semana, enquanto no Paraguai a mesma chegou a US$ 142,50.
Por sua vez, no Brasil, o balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 24,36/saco. Um ano antes o preço gaúcho estava em R$ 23,47, o que confirma a recuperação do cereal nestes últimos meses nesse mercado. Todavia, tais preços são nominais, ou seja, mesmo melhorando, em termos reais o cereal atualmente registra perdas no seu preço em relação a 2013 já que a inflação oficial está em 6,54% e a real ao redor de, pelo menos, 15% no Brasil.
Nos lotes o preço gaúcho ficou em R$ 27,00/saco na média semanal, enquanto nas demais praças nacionais os mesmos giraram entre R$ 16,50/saco no Nortão do Mato Grosso e R$ 27,00/saco nas regiões catarinenses de Videira e Concórdia.
Um elemento que tem auxiliado muito na melhoria dos preços é a desvalorização do Real, fato que torna mais competitivo o milho exportado. Em Paranaguá, por exemplo, a base voltou para R$ 30,00/saco no disponível, enquanto em Santos chegou a R$ 30,50/saco. Diante disso, os produtores voltaram a recuar nas vendas e os preços aumentaram no mercado físico nacional, com o nominal Campinas (SP) chegando a R$ 29,50/saco CIF. O mercado espera com ansiedade as medidas da nova equipe econômica em torno da estabilização do câmbio e da inflação para tomar uma direção mais definitiva. (cf. Safras & Mercado)
Por enquanto, com o câmbio ajudando, as exportações de milho na primeira quinzena de dezembro chegaram a 2,06 milhões de toneladas, com a meta mensal sendo de 3 milhões. Se isso se confirmar também em janeiro, o ano comercial 2014/15 poderá bem terminar com vendas externas entre 19 e 20 milhões de toneladas de milho.
Mesmo assim, haverá muito milho em estoque e, se a nova safra de verão for normal, mesmo com a redução de área semeada pode-se esperar uma pressão baixista sobre os preços no primeiro semestre de 2015. Ou pelo menos uma estabilização dos preços do cereal nos atuais níveis.
A semana terminou com a importação, no CIF indústrias brasileiras, valendo R$ 39,92/saco para o produto dos EUA e R$ 40,89/saco para o produto da Argentina, ambos para dezembro. Já o produto argentino, para janeiro, valendo R$ 42,52/saco. Na importação, o transferido via Paranaguá registrou os seguintes valores: R$ 30,50/saco para dezembro; R$ 30,28 para janeiro; R$ 30,07 para fevereiro; R$ 29,85 para março; R$ 29,05 para maio; R$ 30,73 para julho; R$ 30,34 para setembro e R$ 30,92/saco para novembro. (cf. Safras & Mercado)