As cotações do trigo em Chicago, após ensaiarem uma pequena recuperação durante a semana, acabaram fechando a quinta-feira (05/03) em forte baixa, registrando US$ 4,81/bushel. A média de fevereiro ficou em US$ 5,17/bushel, após US$ 5,43 em janeiro.
Nos EUA, o clima excepcionalmente frio neste final de inverno, com temperaturas de 30 graus negativos em algumas regiões do país, tende a causar alguns prejuízos ao cereal e vem preocupando o mercado.
Ao mesmo tempo, as vendas líquidas de trigo por parte dos EUA, para o ano 2014/15, iniciado em 1º de junho, chegaram a 328.300 toneladas na semana encerrada em 19/02. Embora tenha avançado 23% sobre a semana anterior, tal volume ficou 19% abaixo da média das quatro semanas anteriores. O principal comprador na semana foi o Japão com 68.000 toneladas. Para o ano 2015/16 o volume exportado foi de 130.700 toneladas. Por outro lado, as inspeções de exportação estadunidenses indicaram 450.093 toneladas de trigo na semana encerrada em 26/02. No acumulado do ano comercial atual, iniciado em 1º de junho, o volume alcança 17 milhões de toneladas, contra 23,9 milhões em igual momento do ano anterior.
Enquanto isso, o Conselho Internacional de Grãos (CIG) apontou, em seu relatório mensal, que a safra mundial de trigo 2014/15 será de 719 milhões de toneladas. O mercado espera agora o relatório do USDA, previsto para o dia 10/03, a fim de verificar se tais números conferem. Normalmente os números do USDA têm sido superiores. Já para o próximo ano comercial 2015/16 o CIG reduz a projeção de safra mundial para 705 milhões de toneladas.
Dito isso, na Austrália o Departamento de Agricultura local aponta para uma produção final de trigo ao redor de 24,4 milhões de toneladas em 2015/16, ano a ser iniciado em 1º de julho. Tal volume seria 3% superior às 23,6 milhões de toneladas do corrente ano.
Por sua vez, na região do Mar Negro o potencial de exportação aumentou neste ano de 2014/15. As vendas externas de trigo chegariam a 34,5 milhões de toneladas, com ganhos de 5% sobre o ano anterior. Tal volume seria dividido em 19,5 milhões de toneladas oriundas da Rússia, 11 milhões da Ucrânia e 4 milhões de toneladas do Cazaquistão. No período de julho/14 a janeiro/15 a Ucrânia exportou 8,4 milhões de toneladas de trigo, representando uma alta de 22% sobre o ano anterior, enquanto a Rússia chegou a 18 milhões de toneladas, ou seja, 35% sobre o mesmo período do ano anterior. (cf. Safras & Mercado)
Aqui na Argentina, o plantio de trigo da safra 2014/15 atingiu a 5,26 milhões de hectares, ou seja, 44,1% acima do registrado no ano de 2013/14. O volume colhido chega a 13,9 milhões de toneladas, após 9,2 milhões no ano anterior e 8 milhões em 2012/13. Ou seja, a produção argentina de trigo vem se recuperando nos últimos anos, fato que ajuda a segurar os preços internos no Brasil.
Quanto aos preços no Mercosul, os portos argentinos terminaram a semana com a tonelada do cereal valendo entre US$ 230,00 e US$ 248,00. Houve um pequeno recuo no valor da mesma em relação a semana anterior. A partir do último preço e ao câmbio atual, o produto chega CIF moinhos paulistas valendo R$ 941,00/tonelada, fato que coloca a paridade de importação, para o interior do Paraná e do Rio Grande do Sul, respectivamente em R$ 834,00 e R$ 785,00/tonelada. Já o trigo duro estadunidense vale hoje R$ 1.061,00/tonelada no CIF São Paulo, colocando a paridade de importação em R$ 952,00 no interior do Paraná e a R$ 903,00/tonelada no interior gaúcho.
No Brasil, os preços de balcão no Rio Grande do Sul fecharam a semana na média de R$ 25,42/saco, ou seja, praticamente sem variação em relação as últimas semanas. Os lotes ficaram em R$ 510,00/tonelada ou R$ 30,60/saco. No Paraná, os lotes melhoraram um pouco, passando a valores entre R$ 600,00 e R$ 620,00/tonelada, o que equivale a R$ 36,00 e R$ 37,20/saco respectivamente.
Na prática, a colheita da soja aumenta de intensidade, fato que deixa os negócios com trigo para um segundo momento. Mesmo assim, os produtores do Paraná aceleram as vendas de trigo visando abrir espaço para a safra nova de soja, fato que não deixa os preços melhorarem muito para o cereal. Além disso, os moinhos estão bem estocados, enquanto a greve dos caminhoneiros acabou paralisando as atividades de alguns moinhos, interrompendo as compras de trigo no mercado nacional.
Todavia, com a disparada do dólar durante a semana, muitas indústrias se lançaram a comprar trigo nacional já que a importação ficou mais cara. Esse quadro poderá ajudar a elevar um pouco mais o preço do trigo no Brasil nas próximas semanas, mesmo que se espere uma mudança mais consistente no cenário comercial do cereal apenas a partir de maio.
Em termos da futura safra, no Paraná existe atraso na colheita da soja, fato que começa a inviabilizar a safrinha de milho, levando os produtores locais a optarem pelo trigo. Isso poderá elevar a área semeada com trigo neste ano naquele Estado, contrariando as projeções iniciais a respeito. Ainda no Paraná, das 3,8 milhões de toneladas colhidas na última safra, 2,9 milhões já teriam sido vendidas pelos produtores rurais.
Enfim, concluído o mês de fevereiro, o comportamento médio dos preços se mantém muito baixo. Nos últimos 12 meses (março/14 a fevereiro/15) o preço do produto superior caiu 26% no Paraná, em relação ao ano anterior, enquanto no Rio Grande do Sul o recuo é de 20% levando-se em conta, nesse último caso, o preço de balcão.
Fonte: CEEMA