Comentários referentes ao período entre 13/09/2013 a 19/09/2013
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca²
Guilherme Gadonski de Lima³
As cotações do milho em Chicago se estabilizaram, pressionadas pelo início da colheita nos EUA. A tendência agora é mais para novas baixas no valor do bushel de milho do que o contrário, já que a estimativa de safra naquele país é de um recorde ao redor de 352 milhões de toneladas. Nesse contexto, o fechamento desta quinta-feira (19) ficou em US$ 4,59/bushel.
As primeiras colheitas na região de Ohio dão conta de uma produtividade recorde para o local, entre 13.813 e 14.943 quilos/hectare. Algo excepcional que, obviamente não deverá ser a realidade do conjunto da safra estadunidense, porém, já dá um sinal de que a colheita será importante e, talvez, melhor do que o anunciado até o momento. Até o dia 15/09 apenas 4% da área total havia sido colhida, contra 10% na média histórica, havendo então muito milho para ingressar no mercado norte-americano nos próximos 45 dias. Nesse contexto, torna-se difícil encontrar motivos altistas para as cotações em Chicago a partir de agora, apesar das tentativas dos especuladores.
A qualidade das lavouras de milho nos EUA, no dia 15/09, registrava 17% entre ruins a muito ruins, 29% regulares e 54% entre boas a excelentes.
Por sua vez, na Argentina e no Paraguai a tonelada FOB ficou respectivamente em US$ 190,00 e US$ 125,00.
Nesse quadro, o mercado brasileiro sofre pressões baixistas novamente, na medida em que o produto brasileiro começa a perder liquidez diante da entrada da concorrência estadunidense no mercado externo. O mercado nacional procura agora definir em que patamar as mínimas irão chegar por aqui em novembro e janeiro. Soma-se a isso o fato de que as exportações nacionais ficaram menos atrativas com a revalorização do Real nesta semana, quando o mesmo bateu em R$ 2,19 no dia 18/09.
Mesmo assim, na primeira quinzena de setembro o Brasil exportou 1,63 milhão de toneladas de milho, surpreendendo parcialmente o mercado e indicando que o número de agosto poderá ser repetido agora. Isso permitiria um certo fôlego na manutenção de preços nacionais não tão baixos, pois reduz os estoques projetados para 2013/14.
Todavia, o complicador maior continua sendo a enorme safrinha. Segundo a própria Conab, somente no Mato Grosso ainda haveria 10 milhões de toneladas de milho para serem escoadas. Nesse sentido, os leilões de Pepro foram estendidos para a região Sul do Brasil. Agora apenas os consumidores do Sudeste ficam sem as vantagens do subsídio do Pepro. Nesse contexto, Paraná e Mato Grosso do Sul ficarão com menos pressão de compra e se verão obrigados a vender milho na exportação e/ou São Paulo, visando diminuir a oferta existente. (cf. Safras & Mercado)
Assim, no mercado brasileiro o balcão gaúcho fechou a semana estável, em R$ 23,27/saco, enquanto os lotes recuaram para R$ 24,00 a R$ 24,50/saco. Nas demais praças, na compra, os lotes oscilaram entre R$ 9,00/saco no Nortão do Mato Grosso e R$ 24,00 a R$ 25,00/saco em Santa Catarina.
Na prática, os produtores brasileiros que ainda não venderam seu produto ou fixaram preços na bolsa deixaram passar a melhor oportunidade diante da enorme safra dos EUA que está ingressando no mercado. Além disso a revalorização do Real em nada ajuda à formação dos preços. Ao câmbio atual, por exemplo, o interior paulista e de outras regiões do país passará a negociar milho abaixo dos R$ 20,00/saco, com o mesmo podendo chegar a R$ 18,00/R$ 19,00. (cf. Safras & Mercado)
Enfim, a importação, no CIF indústrias brasileiras, ficou em R$ 36,82/saco para o produto dos EUA e em R$ 32,82/saco para o produto argentino, ambos para setembro. O milho argentino para outubro igualmente registrou valor de R$ 32,82/saco. Já na exportação, o transferido via Paranaguá registrou os seguintes preços: R$ 23,14/saco para setembro; R$ 23,21 para outubro; R$ 23,05 para novembro; R$ 23,09 para dezembro; R$ 23,21 para janeiro; R$ 23,18 para fevereiro; R$ 23,14 para março; e R$ 23,21/saco para abril. (cf. Safras & Mercado)
¹ Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
² Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.
³ Estudante do Curso de Economia da UNIJUI – Bolsista PET-Economia.