Comentários referentes ao período entre 11/10/2013 a 17/10/2013
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum ¹
Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca ²
Guilherme Gadonski de Lima ³
O mercado do milho caminhou na mesma direção da soja, porém, com variações mínimas. O fechamento deste dia 17/10 ficou em US$ 4,43/bushel, contra US$ 4,38 uma semana antes.
A volatilidade é grande no mercado na medida em que as estatísticas oficiais não se fizeram presentes devido ao impasse político nos EUA. Tal impasse foi resolvido temporariamente na quinta-feira (17) tornando a próxima semana promissora em eventos. Nesse sentido, o mercado trabalhou a atual semana na base do boato, da especulação e de análises técnicas.
No geral, diante da safra que se está colhendo nos EUA, continua não havendo motivos altistas para o milho em Chicago. Por enquanto, o mercado considera que a colheita de milho estadunidense possa ter chegado a 35% da área.
Além disso, um dos poucos dados divulgados foi o da exportação semanal, a qual decepcionou o mercado por ficar abaixo do esperado. O volume informado foi de 551.375 toneladas, confirmando que o preço do milho dos EUA, apesar do recuo dos últimos meses, continua muito caro no cenário internacional. Isso leva a crer em novas baixas do cereal até o final do ano. Particularmente porque, no momento, o produtor norte-americano está dando mais atenção à soja.
Outro fator que ameaça atrapalhar os preços do milho nos EUA vem da produção de etanol. Há fortes discussões em torno da redução das exigências para que as indústrias produzam 14,4 bilhões de galões em 2013/14 (reguladores das leis ambientais nos Estados Unidos deverão reduzir significativamente os mandatos de mistura de biocombustíveis para o próximo ano, marcando um recuo histórico
para uma ambiciosa proposta de 2007, segundo Safras & Mercado). Em havendo tal flexibilidade, e o preço do petróleo se estabilizar nos atuais níveis, o risco é de tais indústrias produzirem menos etanol e, portanto, usarem menos milho para tal finalidade. Isso significa mais milho disponível para a ração animal e exportações, pressionando os preços para baixo em Chicago.
Além disso, assim como no caso da soja, a produtividade do milho colhido nos EUA está indicando números superiores ao esperado. Algumas empresas começam a falar de média ao redor de 10.046 quilos/hectare.
Em isso se confirmando para o restante da colheita, novas mínimas em Chicago deverão ocorrer nas próximas semanas. Aliás, o bushel de milho já está no menor patamar dos últimos 37 meses, confirmando a tendência por nós indicada há meses.
Por sua vez, na América do Sul a tonelada FOB de milho na Argentina e no Paraguai fechou a semana respectivamente em US$ 190,00 e US$ 125,00, mantendo os valores da semana anterior.
Já no Brasil, os preços nesta semana melhoraram. O balcão gaúcho ficou em R$ 22,73/saco, enquanto os lotes se estabeleceram entre R$ 24,00 e R$ 24,50/saco. Nas demais praças os lotes oscilaram entre R$ 9,00/saco em Sapezal (MT) e R$ 25,00/saco em Videira (SC).
Durante a semana constatou-se que na BMF o mercado novamente buscou níveis abaixo de R$ 23,00/saco. Sem novas baixas o milho nacional está em plena perda de competitividade na exportação. Dito isso, os embarques em outubro alcançaram a 1,76 milhão de toneladas após 15 dias, com expectativa do mercado chegando a 3 milhões de toneladas para todo o mês.
Paralelamente, no Mato Grosso e nas demais praças nacionais o mercado físico segue lento. No Estado do Centro-Oeste a expectativa era pelo leilão de PEPRO que está programado para este dia 21/10. Ao mesmo tempo, as chuvas que ocorrem em praticamente todo o Centro-Sul brasileiro permitem um bom avanço no plantio da nova safra de verão do cereal.
Enfim, na importação CIF indústrias brasileiras, o produto dos EUA e da Argentina, para outubro, ficou cotado em R$ 34,81 e R$ 31,66/saco, respectivamente. Já o produto argentino, para novembro, ficou em R$ 32,30. Por sua vez, na exportação, o transferido via Paranaguá alcançou os seguintes valores: R$ 23,52/saco para outubro; R$ 23,60 para novembro; R$ 22,63 para dezembro; R$ 23,28 para janeiro; R$ 22,84 para fevereiro; R$ 22,49 para março; R$ 22,74 para maio; e R$ 24,12/saco para setembro/14. (cf. Safras & Mercado)
¹ Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
² Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.
³ Estudante do Curso de Economia da UNIJUI – Bolsista PET-Economia.