As cotações da soja em Chicago voltaram a recuar nesta primeira semana de novembro, após um momento altista na segunda quinzena de outubro provocado por especulações climáticas e ajustes técnicos. Entretanto, fecharam o dia 06/11 ainda bastante firmes.
O fechamento desta quinta-feira (06/11) ficou, portanto, em US$ 10,31/bushel, após US$ 10,10 no dia 04/11 e US$ 10,46 no dia 31/10. A média de outubro ficou em US$ 9,64/bushel, contra US$ 10,03 em setembro. Pela média de outubro nota-se que as cotações deste início de novembro continuam bem melhores.
A semana anterior havia terminado com os preços nos melhores momentos em quase três meses, apoiados pelo clima chuvoso nos EUA, que estaria atrasando a colheita naquele país; a falta de chuvas no Centro-Oeste e Sudeste brasileiros, atrasando o plantio da nova safra; e forte demanda pela soja estadunidense forçando aperto nos estoques; assim como problemas logísticos nos EUA para transportar a atual safra de verão, que é recorde histórico.
Todavia, bastou a melhoria no clima nos EUA e o retorno de chuvas no Centro-Oeste e Sudeste brasileiros para o mercado arrefecer e recuar bastante. Ou seja, o cenário de médio e longo prazo continua baixista em Chicago. Além disso, as exportações líquidas dos EUA, na semana encerrada em 01/09, para o ano 2014/15, não entusiasmaram, ficando em 1,33 milhão de toneladas, sem surpresas aparentes. Ao mesmo tempo, o mercado se posiciona para o relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para este próximo dia 10/11.
Nesse último caso, analistas privados estadunidenses avançaram as seguintes projeções:
1) FC Stone indica agora uma produção final de soja nos EUA em 109,7 milhões de toneladas; com produtividade média em 3.254 quilos/hectare;
2) Informa Economics fala de uma safra em 108,6 milhões de toneladas, com produtividade média em 3.221 quilos/hectare.
Nos dois casos, volumes um pouco menores do que os relatórios passados, porém, bem superiores a última indicação do USDA que foi de 106,9 milhões de toneladas e produtividade média de 3.167 quilos/hectare.
Vale ainda destacar que, nesse momento, não há mais atraso na colheita dos EUA, sendo que até o dia 02/11 a área colhida atingia a 83% do total, ficando exatamente dentro da média histórica.
Enquanto isso, na Argentina, o plantio da nova safra de soja se iniciou ao mesmo tempo em que se informou uma greve de estivadores no terminal portuário da Cargill em Rosário. (cf. Safras & Mercado)
Pelo lado da demanda, a China continua comprando firme, aproveitando-se dos melhores preços mundiais da soja, os mais baixos desde o início de 2010. Suas compras poderão crescer 38% neste mês de novembro. Para os chineses, a queda nos preços da soja chega a 23% neste ano. Assim, calcula-se que a China irá importar 5,8 milhões de toneladas de soja em novembro e 6,8 milhões em dezembro, contra 4,2 milhões em outubro segundo o órgão oficial chinês Centro Nacional de Informações de Grãos e Óleos da China.
Enfim, os prêmios nos portos brasileiros se mantiveram estáveis, oscilando entre 80 centavos de dólar e US$ 2,30/bushel para novembro. Também para o corrente mês o prêmio no Golfo do México (EUA) ficou entre US$ 1,12 e US$ 1,19/bushel, e em Rosário (Argentina) entre US$ 1,20 e US$ 2,30/bushel.
No Brasil, o retorno do câmbio à casa dos R$ 2,50 (mais precisamente R$ 2,51 no dia 05/11), ajudou a segurar os preços da soja, mesmo com o recuo em Chicago. Assim, a média gaúcha atingiu a R$ 56,94/saco no balcão, enquanto os lotes ficaram entre R$ 63,00 e R$ 63,50/saco. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 56,50/saco em Sapezal (MT) e R$ 64,00/saco em Pato Branco (PR). É bom lembrar que tais praças são de entressafra, havendo clara tendência de recuo futuro caso a safra nacional seja normal. Nesse sentido, o balcão gaúcho, a partir da realidade de Chicago para maio/15, indica valores entre R$ 45,00 e R$ 48,00/saco no momento da colheita. Tais preços melhoraram em relação às projeções indicadas em setembro, porém, ainda estariam cerca de R$ 15,00 a R$ 20,00/saco menores do que os realizados durante a colheita de 2013/14. Além disso, a presente projeção está sendo feita a um câmbio de R$ 2,50, fato que pode se alterar nos próximos meses em função das decisões econômicas que o segundo mandato da presidente Dilma irá apontar.
Já os preços futuros ficaram na seguinte situação: no Rio Grande do Sul, para maio, o FOB interior registrou R$ 58,50/saco; no Paraná, para março/abril, no porto de Paranaguá valores em R$ 62,50/saco; no Mato Grosso (Rondonópolis), para fevereiro, US$ 18,50/saco ou R$ 46,44 ao câmbio de hoje; no Mato Grosso do Sul (Dourados), para fevereiro, R$ 52,00/saco; em Goiás (Rio Verde), também para fevereiro, US$ 21,00/saco ou R$ 52,71; na região de Brasília, para abril, R$ 51,50/saco; em Minas Gerais (Uberlândia) o saco foi cotado a US$ 20,00 (R$ 50,20) para abril; na Bahia (Barreiras); Maranhão (Balsas); Piauí (Uruçuí) e Tocantins (Pedro Afonso), todos para maio, os valores respectivos foram de R$ 54,00; R$ 50,00; R$ 52,00; e R$ 48,00/saco. Enfim, o contrato da BM&F para maio/15 fechou a semana em US$ 22,65/saco.
Fonte: CEEMA