Comentários referentes ao período entre 13/09/2013 a 19/09/2013
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca²
Guilherme Gadonski de Lima³
Com a entrada do mês de novembro na primeira posição cotada, naturalmente o valor do bushel de soja recuou em comparação a setembro. Todavia, a cotação atual, se comparado ao seu movimento das últimas semanas, recuou pouco, fechando esta quinta-feira (19) em US$ 13,39/bushel. Para maio o fechamento deste dia 19/09 ficou em US$ 13,01/bushel.
Na prática, passado o relatório de oferta e demanda do dia 12/09, o mercado considerou que os números ali apontados já estavam previstos, havendo ainda a possibilidade de uma correção para cima nos mesmos devido ao retorno das chuvas no Meio-Oeste dos EUA nesta última semana. E as chuvas foram significativas, eliminando com a estiagem existente desde agosto. Resta saber agora o potencial de recuperação da soja que está em final de ciclo e quase no período de colheita.
Dito isso, existem analistas que ainda consideram que a oferta de soja nos EUA, se ficar a produção em 85,7 milhões de toneladas, continuará apertada no restante do ano e pressionando para cima os preços. Especialmente porque a demanda pelo produto estadunidense se mantém consistente, particularmente em relação a China.
Soma-se a esse raciocínio o fato de os agricultores locais, que participam de programas de subsídios, informarem agora que a área não semeada neste ano foi maior do que o anteriormente anunciado, ficando a mesma em 682.720 hectares e não em 655.605 hectares. A diferença é pequena mas serve para alimentar a especulação.
Enfim, o quadro agora é de expectativa quanto a real safra que os EUA terão. Nosso sentimento é que poderemos ter surpresas, com um volume mais consistente do que o último anunciado pelo USDA. A colheita inicia neste final de setembro, com ênfase em outubro.
Até o dia 15/09 as condições das lavouras estadunidenses de soja indicavam 52% entre boas a excelentes, 32% regulares e 16% entre ruins a muito ruins. A julgar por estes números, a safra estadunidense será pelo menos normal.
Pelo lado da demanda, a China informou que importou 6,37 milhões de toneladas de soja em grão no mês de agosto, com alta de 44,1% sobre o mesmo mês do ano passado. Em comparação com julho houve recuo de 11,5%, porém, no acumulado do ano comercial o volume atinge a 41,05 milhões de toneladas, ou seja, 4,4% acima do mesmo período do ano anterior.
Paralelamente, na Argentina os produtores locais já teriam vendido 64% da última safra de soja, contra 83% em igual momento do ano passado.
Por sua vez, como já se sabia, a projeção de prêmios para o próximo ano indica forte recuo em relação aos praticados nesta entressafra. Para fevereiro, Paranaguá trabalha hoje com valores entre 20 e 30 centavos de dólar por bushel, enquanto para maio os mesmos são negativos entre 10 e 15 centavos. Nos demais portos brasileiros, os prêmios, para fevereiro, ficaram entre 20 e 55 centavos de dólar por bushel. Na Argentina e nos EUA, para o mesmo mês, os prêmios oscilaram, respectivamente, entre 10 e 40 centavos, e entre 92 centavos e US$ 1,00 por bushel.
No Brasil, este comportamento um pouco mais baixista em Chicago e a forte revalorização do Real, após anunciado do Banco Central dos EUA de que irá manter a injeção de US$ 85 bilhões mensais na economia daquele país (a moeda brasileira fechou o dia 18/09 em R$ 2,19 por dólar), puxou para baixo os preços da soja, confirmando a tendência que indicávamos há semanas. Com isso, o balcão gaúcho fechou na média de R$ 65,63/saco e os lotes ficaram entre R$ 70,50 e R$ 71,00/saco na compra. Nas demais praças nacionais os lotes giraram entre R$ 59,80/saco em Sapezal (MT) e R$ 70,00/saco em Pato Branco (PR).
A tendência futura continua sendo de preços mais baixos no momento da colheita. Hoje, considerando Chicago para maio (US$ 13,07/bushel; um prêmio negativo de 10 centavos e o câmbio a R$ 2,19) o valor de balcão, para a soja gaúcha, oscilaria entre R$ 51,00 e R$ 54,50/saco, dependendo da margem das empresas compradoras.
Nesse contexto, os preços futuros continuam excelentes, mantendo o quadro já destacado ainda no primeiro semestre. No Paraná, por exemplo, o porto de Paranaguá cota o saco a US$ 28,00 para março (R$ 61,32 ao câmbio atual), contra um valor de R$ 73,50/saco no disponível atualmente. No Rio Grande do Sul, o FOB interior fixa o saco em R$ 61,50 na compra para maio. No Mato Grosso, a soja em Rondonópolis fica em US$ 23,00/saco para fevereiro (R$ 50,37 ao câmbio atual). No Mato Grosso do Sul, a região de Dourados estabelece R$ 52,50/saco para março, enquanto em Goiás o valor é de US$ 23,50/saco para fevereiro. Em Minas Gerais, para abril, a compra ficou em R$ 55,00 no Triângulo Mineiro. Enfim, na Bahia, Maranhão, Piauí e Tocantins os preços futuros, para maio, ficaram respectivamente em R$ 55,00; R$ 52,90; R$ 55,80; e R$ 52,20/saco. Já na BMF o contrato março fechou em US$ 28,75 e o maio em US$ 28,00/saco. (cf. Safras & Mercado)
¹ Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
² Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.
³ Estudante do Curso de Economia da UNIJUI – Bolsista PET-Economia.