Estoques apertados nos EUA, enquanto a nova safra não é processada, e clima chuvoso nos últimos dias deram espaço para especulações altistas em Chicago desde a semana anterior. Com isso, as cotações da soja ganharam quase um dólar por bushel em relação ao primeiro dia de outubro, com fechamento desta quinta-feira (23) ficando em US$ 9,93/bushel para o primeiro mês cotado, enquanto para maio/15 o mesmo ficou em US$ 10,12. Nota-se que, após pouco mais de um mês, o bushel de soja para os meses futuros volta à casa dos US$ 10,00.
Todavia, o clima durante esta semana já foi mais seco e quente, propiciando uma melhoria no ritmo da colheita. Entretanto, a mesma continua atrasada, servindo de potencial para a firmeza temporária das cotações em Chicago. Por enquanto, o viés de médio prazo continua baixista, pois a safra dos EUA será a maior da história enquanto as expectativas para o plantio de 2015 mostram uma tendência de novo aumento na área semeada com soja. Nesse sentido, segundo o analista privado Informa Economics, a futura área estadunidense da oleaginosa poderá chegar a 35,8 milhões de hectares. Isso representaria um aumento de 5,1% sobre a área de 2014, que já foi bem superior a de 2013. Isso se deve ao fato de que os preços da soja continuarem mais interessantes do que os do milho em Chicago.
Colaborou para que as cotações externas estabilizassem e até recuassem um pouco na semana o fato de que as preocupações com a estiagem no Centro-Oeste brasileiro terem diminuído. Há chuvas previstas para este final de semana na região, após chuvas já ocorridas em muitos locais nesta semana anterior. Espera-se, com isso, que o plantio brasileiro de soja aumente de ritmo a partir de agora.
Por outro lado, as inspeções de exportação de soja por parte dos EUA atingiram a 1,99 milhão de toneladas na semana encerrada em 16/10. No acumulado do ano comercial iniciado em 1º de setembro, as inspeções estão em 5,9 milhões de toneladas, contra 4,8 milhões em igual momento do ano anterior. Assim, as inspeções estão 23% acima do volume registrado no ano passado neste momento, oferecendo igualmente motivo para firmeza das cotações.
Quanto à colheita propriamente dita, a atual safra chegou a 53% da área até o dia 19/10, contra 66% na média histórica. Entretanto, apesar do atraso, a qualidade das lavouras restantes permanece com 73% entre boas a excelentes condições, contra 21% regulares e 6% entre ruins a muito ruins.
Pelo lado da demanda, a China apontou importações de 5,03 milhões de toneladas em setembro, acumulando no ano 52,7 milhões de toneladas, ou seja, um aumento de 15,7% sobre igual período de 2013. Desse total o Brasil vendeu 3,37 milhões de toneladas em setembro, acumulando vendas no ano de 28,7 milhões de toneladas, ou seja, 54,4% do total comprado pelos chineses no período. Em relação ao ano anterior, o aumento das vendas brasileiras é de 4%. Já a Argentina vendeu 979.700 toneladas em setembro, acumulando 4,6 milhões de toneladas no ano de 2014, ou seja, um aumento de 28,3%. (cf. Safras & Mercado)
Por sua vez, os prêmios nos portos brasileiros ficaram entre US$ 1,30 e US$ 3,30/bushel, sem alterações em relação a semana anterior. Nos EUA, o Golfo do México registrou valores entre US$ 1,18 e US$ 1,22/bushel, enquanto na Argentina (Rosário) os valores ficaram entre US$ 1,50 e US$ 2,30/bushel.
No mercado brasileiro, a média gaúcha subiu, apoiada particularmente pelo câmbio, que voltou a se aproximar de R$ 2,50 durante a semana. A mesma ficou em R$ 54,03/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 61,50 e R$ 62,00/saco. Nas demais praças nacionais, os lotes oscilaram entre R$ 53,50/saco em Sapezal (MT) e R$ 61,00/saco no norte e oeste do Paraná.
Em termos de preços futuros, os lotes foram assim cotados, durante a semana: R$ 55,50/saco FOB no interior gaúcho para maio/15; no Paraná, o porto de Paranaguá ficou em R$ 59,00/saco para março/abril do próximo ano; no Mato Grosso, a região de Rondonópolis fixou R$ 50,00/saco para fevereiro; em Dourados (MS) o valor do saco chegou a R$ 47,00 para março; em Goiás, a região de Rio Verde, assim como Brasília, ficou igualmente em R$ 50,00/saco para fevereiro; em Minas Gerais, Uberlândia indicou valor de R$ 48,56/saco para abril; em Barreiras (BA) o valor futuro chegou a R$ 48,06/saco ao câmbio de R$ 2,49; enfim, Balsas (MA), Uruçuí (PI) e Pedro Afonso (TO) registraram, para maio/15, respectivamente R$ 49,50; R$ 51,00 e R$ 47,00/saco.
Na BMF/Bovespa, o contrato novembro/14 fechou a semana em US$ 24,11/saco, enquanto maio/15 ficou em US$ 21,60.
Fonte: Ceema