Comentários referentes ao período entre 11/10/2013 a 17/10/2013
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum ¹
Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca ²
Guilherme Gadonski de Lima ³
As cotações do trigo em Chicago, após iniciarem um pequeno processo de elevação, fecharam a semana nos mesmos níveis da semana anterior, atingindo a US$ 6,86/bushel no dia 17/10.
Nos EUA, com a falta de informações oficiais, o mercado se manteve ao sabor da especulação, esperando o término da colheita da atual safra e o comportamento do plantio da nova safra.
Enquanto isso, no Mercosul, as notícias de quebra nas safras da Argentina, do Paraná, do Paraguai e um pouco no Rio Grande do Sul, levaram os preços a ajustes para cima. Assim, no Up River argentino a tonelada, para embarque em 15 de dezembro, ficou em US$ 335,00 para compra. Em Baia Blanca a compra ficou em US$ 342,00 e em Necochea a US$ 330,00/tonelada. Nesse contexto, a indicação de trigo brasileiro para exportação, em dezembro, no FOB Rio Grande chegou a US$ 305,00/tonelada. Ao câmbio de R$ 2,15, registrado no final desta semana, isso equivale a R$ 600,00/tonelada nas regiões produtoras gaúchas ou R$ 36,00/saco, confirmando a tendência por nós apontada há algumas semanas.
Enquanto isso, na Argentina, o ano comercial 2012/13, que se encerra em 31/10, deverá indicar uma produção final de apenas 8,5 milhões de toneladas, com exportações de 3,2 milhões de toneladas. Para a nova safra, a projeção de produção já recuou para 10,5 a 11 milhões de toneladas, fato que permitirá exportar 4 milhões de toneladas.
Ainda na Argentina, o retorno das chuvas melhorou o quadro do trigo semeado para esta nova safra, porém, a situação é ruim ao norte da região de Buenos Aires. Hoje, apenas 12% das lavouras do país estão em muito boas condições, 67% boas, 23% regulares e 8% ruins.
Resta saber agora como o governo argentino irá proceder no que diz respeito a liberação das exportações.
Por sua vez, no Brasil, os preços se mantiveram firmes, porém, com tendência de baixa na medida em que a colheita avança no Paraná, mesmo esta sendo de qualidade ruim. Assim, o balcão gaúcho fechou a semana em R$ 40,59/saco, enquanto os lotes ficaram R$ 750,00/tonelada na compra (R$ 45,00/saco). Já no Paraná os mesmos oscilaram entre R$ 900,00 e R$ 920,00/tonelada na compra (R$ 54,00 a R$ 55,20/saco).
O Paraná já colheu 56% de sua área de trigo e os lotes obtidos continuam apresentando problemas de qualidade, com falling number (100 a 220) e PH (74 a 79) baixos. Muitas áreas prontas para a colheita foram agora atingidas por excesso de chuvas. O produto importado tem chegado no CIF Ponta Grossa a R$ 900,00/tonelada, sendo esse o preço balizador do mercado local.
Ou seja, no Paraná, mesmo com a péssima colheita, os preços cederam na média. Já o pouco produto de qualidade superior vem sendo negociado entre R$ 950,00 a R$ 980,00/tonelada, enquanto os moinhos insistem no valor de R$ 900,00/tonelada, balizado pela importação. Isso para o produto de qualidade superior. Já nas demais qualidades o preço esteve nos seguintes níveis nesta semana: PH 74 a 78 e falling number acima de 200 a tonelada valia R$ 800,00 (R$ 48,00/saco); PH 74/78 e falling number de 100 a tonelada era R$ 700,00 (R$ 42,00/saco).
Quanto ao Rio Grande do Sul, primeiros lotes de 100 toneladas teriam atingido o preço entre R$ 830,00 e R$ 850,00/tonelada (R$ 49,80 e R$ 51,00/saco) posto moinho. O mercado espera, assim que a colheita gaúcha ganhar força, que o preço se equilibre ao redor de R$ 750,00/tonelada (R$ 45,00/saco), pelo menos nestas próximas semanas. A colheita gaúcha continua estimada em 2,5 milhões de toneladas. (cf. Safras & Mercado)
Dito isso, vale alertar para o fato de que, por enquanto, lotes maiores a R$ 830,00/tonelada não estariam encontrando interesse de compra. Isso permite especular que, no final da colheita, os preços podem ficar bem mais baixos do que os atuais. Não se descarta valores, para o produto de qualidade superior, entre R$ 34,00 e R$ 38,00/saco. Obviamente, muito deste comportamento dependerá do interesse de compra das indústrias de outros Estados brasileiros.
A crise nacional do trigo elevou sobremaneira o preço do pão francês. A farinha acumula alta de 23,7% no ano e 30% nos últimos 12 meses. Com isso, o preço deste tipo de pão subiu 11,4% nos primeiros nove meses deste ano e 14,8% em 12 meses. (cf. Safras & Mercado / Agência CMA).
Enfim, na paridade de importação, relativa ao trigo duro do Kansas (EUA), pelo câmbio atual, leva o produto das regiões produtoras do Paraná a sair, para chegar ao mesmo preço do produto posto nos moinhos de São Paulo, por volta de R$ 790,00/tonelada ou R$ 47,40/saco. (Safras & Mercado)
¹ Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
² Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.
³ Estudante do Curso de Economia da UNIJUI – Bolsista PET-Economia.