As cotações do trigo em Chicago fecharam a semana também firmes, com o bushel ficando em US$ 5,26 no dia 23/10.
E isso, mesmo com o plantio do trigo de inverno nos EUA alcançando 76% da área esperada até o dia 19/10, ficando dentro da média histórica. Como na soja e no milho, depois das fortes e constantes quedas nos preços, os especuladores usam qualquer motivo para tentar elevar as cotações visando auferir lucros imediatos.
As vendas líquidas estadunidenses, na semana encerrada em 09/10, atingiram a 454.000 toneladas para o atual ano comercial 2014/15, iniciado em 1º de junho. Tal volume manteve estável a média das últimas quatro semanas, sendo que a Nigéria comprou 108.100 toneladas do total. Já as inspeções de exportação estadunidenses, relativas a semana encerrada em 16/10, indicaram um volume de 481.878 toneladas. No acumulado do ano comercial 2014/15 o volume atinge 10,5 milhões de toneladas, contra 15,6 milhões no ano anterior, confirmando uma performance menor neste ano.
Para 2015, projeções de área a ser semeada dão conta de um total de 22,8 milhões de hectares, ficando assim apenas 0,5% acima da área registrada neste ano de 2014. (cf. Informa Economics)
Pelo lado argentino, o vizinho país teria 6 milhões de toneladas para exportar neste ano, podendo colocar 5 milhões no Brasil. Todavia, isso depende da política governamental de liberar tais exportações. A Argentina espera colher, no final deste ano, um total de até 12 milhões de toneladas de trigo, contra 9 milhões no ano passado. Já em farinha de trigo os argentinos teriam um potencial de embarque ao redor de 750.000 toneladas, contra 250.000 exportadas em 2014. Porém, aqui também as vendas externas dependem da liberação de licenças por parte do governo Kirchner.
A semana terminou com a tonelada de trigo FOB safra nova, nos portos argentinos, valendo entre US$ 238,00 e US$ 250,00. Nesse último preço, o produto chegaria CIF moinhos paulistas ao redor de R$ 763,00/tonelada, pelo câmbio atual. Isso representa, no interior do Paraná e Rio Grande do Sul, respectivamente R$ 659,00 e R$ 610,00 (indicação para dezembro). Já o trigo duro dos EUA, na paridade de importação, colocaria o produto no interior dos dois Estados citados em R$ 894,00 e R$ 845,00/tonelada. Enfim, o trigo gaúcho, estivado porto de Rio Grande, entre US$ 200,00 e US$ 230,00/tonelada, ao câmbio atual, corresponde a R$ 393,00 e R$ 466,00/tonelada ou R$ 23,58/saco e R$ 27,96/saco.
Por sua vez, mesmo com preços um pouco melhores e leve recuo nos prêmios, o leilão de Pepro realizado pela Conab teve demanda para 94,2% dos recursos ofertados. Isso permitirá o escoamento de 150.700 toneladas das 160.000 disponibilizadas. No acumulado das duas primeiras operações de Pepro oficiais, o escoamento soma 218.700 toneladas, sendo 213.500 do Paraná e o restante de São Paulo e Mato Grosso do Sul.
O fato é que tais leilões e mais um clima ruim, que leva a uma estimativa de perda de um milhão de toneladas, sem falar na forte queda na qualidade do trigo gaúcho que está sendo colhido, tem elevado o preço do produto nesse final de outubro. Assim, a média gaúcha no balcão subiu para R$ 25,80/saco, enquanto os lotes chegaram a valores de R$ 500,00/tonelada (R$ 30,00/saco) no Rio Grande do Sul e R$ 550,00/tonelada (R$ 33,00/saco) no Paraná.
Nesse último Estado, segundo o Deral, a colheita chegava a 72% da área no dia 20/10, não havendo ainda projeção de quebras importantes na produção. Os produtores paranaenses haviam comercializado apenas 13% do trigo colhido.
Enfim, o preço do trigo está começando a subir, porém, o motivo é aquele que nenhum produtor brasileiro desejava: quebra de safra. Além disso, com o forte aumento no potencial de volume a ser produzido de trigo de baixa qualidade, especialmente no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, os preços a serem obtidos pelo produtor serão bem mais baixos do que os indicados acima.
Fonte: Ceema