As cotações da soja em Chicago ensaiaram um movimento de recuperação, porém, o mesmo não se sustentou e o bushel voltou aos níveis da semana anterior. O fechamento desta quinta-feira (06) ficou em US$ 9,58/bushel, contra US$ 9,50 uma semana antes. A média de setembro ficou em US$ 9,68, para o primeiro mês cotado, contra US$ 10,07/bushel em agosto.
Além do avanço da colheita nos EUA, a qual continua caminhando para um recorde, o relatório de estoques trimestrais, na posição de 1º de setembro, acabou sendo baixista. O mesmo apontou que os estoques de soja cresceram 3% em relação a 1º de setembro de 2015, se estabelecendo em 5,36 milhões de toneladas naquele país. O mercado esperava um volume de 5,5 milhões de toneladas. Já a safra final de 2015 foi levemente revisada para baixo, ficando agora em 106,8 milhões de toneladas. Lembramos que a nova safra, que está sendo colhida neste momento, projeta uma colheita de até 114,3 milhões de toneladas. Importante se faz destacar que o analista privado Informa Economics revisou para cima a sua estimativa de soja para os EUA, indicando uma safra de 117 milhões de toneladas naquele país. Efetivamente estamos diante da maior safra da história estadunidense.
Nesse contexto, o mercado espera o relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para o dia 12/10.
O que impede de as cotações recuarem mais é a boa demanda pela soja dos EUA neste momento. Nesse sentido, as vendas líquidas, para 2016/17, chegaram a 1,69 milhão de toneladas na semana encerrada em 22/09, sendo a China o maior comprador com 833.600 toneladas. Já as inspeções de exportação estadunidenses somaram 1,1 milhão de toneladas na semana encerrada em 29/09. No acumulado do ano, iniciado em 1º de setembro, as inspeções somam 3,4 milhões de toneladas, contra 2,5 milhões em igual momento do ano anterior.
Quanto à colheita estadunidense, a mesma alcançava a 26% da área total até o dia 02/10, contra a média histórica de 27% nesta época. Da área que resta, 74% das lavouras estavam em condições entre boas a excelentes, melhorando em relação a semana anterior.
No mercado brasileiro, o câmbio se manteve ao redor de R$ 3,25 na média semanal. Nestas condições, os preços internos recuaram um pouco. A média gaúcha no balcão ficou em R$ 69,20/saco, enquanto os lotes fecharam a semana entre R$ 74,50 e R$ 75,50/saco. Nas demais praças nacionais os lotes giraram entre R$ 75,50 e R$ 77,50/saco no Piauí e Tocantins, R$ 72,00/saco em Sapezal (MT) e R$ 73,00/saco no centro e norte do Paraná.
Os preços internos continuam pouco atrativos, havendo pouca soja disponível para comercialização, o que mantém o mercado muito lento, com negócios em torno de volumes pequenos.
Os preços futuros terminaram a semana indicando R$ 73,50/saco no FOB para maio no interior gaúcho. Consideramos preços muito elevados se olharmos a tendência que se desenha. Ou seja, em o câmbio se mantendo nos atuais níveis, o produtor gaúcho deverá receber ao redor de R$ 62,00/saco na próxima safra (preço de balcão) podendo muito bem, dependendo da safra colhida, tal preço romper o piso dos R$ 60,00. A título de comparação, no início de maio de 2015 o valor do saco no balcão foi de R$ 59,53, enquanto em maio de 2016 o mesmo atingiu a média de R$ 71,83. Na mesma época, em 2013 o valor médio foi de R$ 53,97 e em maio de 2014 atingiu a R$ 63,34. Ou seja, o mercado nacional está voltando a valores nominais até menores do que três anos, enquanto os custos de produção subiram constantemente. Somente um ganho expressivo de produtividade média para compensar tal situação.