As cotações da soja em Chicago oscilaram muito nesta semana. Depois de devolverem boa parte dos ganhos especulativos da semana anterior (US$ 10,01/bushel no fechamento do dia 07/07), o encerramento das operações desta quinta-feira (09) voltou a ser firme, ficando em US$ 10,37/bushel, enquanto novembro ficou em US$ 10,15.
O primeiro fator que causou o recuo é o sentimento, como alertamos, de que o clima não está, por enquanto, prejudicando efetivamente as lavouras estadunidenses. O máximo que se tem é um atraso pequeno no plantio, porém, bastou o anúncio de um clima mais seco nestes dias para que as projeções indicassem a possibilidade concreta de conclusão de tal plantio. Em segundo lugar, as exportações de soja dos EUA estão muito fracas, decepcionando o mercado. Em terceiro lugar, tanto a Argentina quanto o Brasil anunciaram uma safra recorde em 2014/15. O primeiro país apontando 61 milhões de toneladas enquanto a Conab brasileira revia o volume final nacional para 96,2 milhões de toneladas nesta última colheita. Enfim, a redução no volume de chuvas para a segunda quinzena de julho nos EUA tende a recuperar as condições das lavouras de verão daquele país. Vale ainda lembrar que a crise da economia grega, levando o plebiscito do dia 05/07 a votar majoritariamente no “não” às medidas de ajustes propostas pelos credores, derrubou o preço do petróleo e fortaleceu o dólar, fatos que puxam para baixo o preço das demais commodities.
O recuo só não foi mais forte na semana porque ocorreram ajustes técnicos altistas em alguns momentos, naturais após três dias consecutivos de baixa, os quais se somaram à possibilidade de o relatório de oferta e demanda, a ser anunciado neste dia 10/07, vir com um volume de safra e estoques finais dos EUA um pouco mais baixos do que os até o momento anunciados. Esse último aspecto foi a principal causa das altas do dia 09/07. Nesse sentido, institutos privados adiantavam uma colheita de 103,2 milhões de toneladas, contra 104,8 milhões em junho. Mesmo assim, se assim vier, será a segunda maior safra da história estadunidense, já que a safra 2014/15 atingiu a 108 milhões de toneladas. Para os estoques finais em 2015/16 o mercado apontava 10,3 milhões de toneladas, contra 12,9 milhões no relatório anterior. Para o ano anterior os estoques estão estimados (em revisão) em 7,9 milhões de toneladas.
Quanto às exportações líquidas de soja por parte dos EUA, para o ano 2014/15, iniciado em 01/09/14, as mesmas ficaram negativas em 10.300 toneladas na semana encerrada em 25 de junho. Para o ano comercial 2015/16, as vendas líquidas ficaram em 127.500 toneladas, segundo o USDA. Já as inspeções de exportação de soja chegaram a 197.441 toneladas na semana encerrada no dia 02 de julho. No acumulado do ano comercial, a se iniciar em 01/09/2014, as inspeções chegam a 48,08 milhões de toneladas, contra 42,69 milhões no ano anterior.
Por sua vez, as condições das lavouras estadunidenses de soja, até o dia 05/07, se apresentavam com 63% entre boas a excelentes, 28% regulares e 9% entre ruins a muito ruins, não havendo alteração em relação a semana anterior.
Aqui no Brasil, apesar do movimento baixista em Chicago, o fato de o Real voltar a se desvalorizar, chegando a R$ 3,23 em alguns momentos da semana (efeito do plebiscito grego, somado às dificuldades cada vez maiores da economia brasileira), sustentou os preços da soja. O balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 62,28/saco, enquanto os lotes ficaram entre R$ 70,00 e R$ 70,50/saco. Nas demais praças nacionais os lotes giraram entre R$ 57,50/saco nas regiões de Sapezal e Sorriso (M), e R$ 67,00/saco nas regiões paranaenses de Maringá, Londrina e Pato Branco. Na BM&F o contrato agosto/15 fechou a semana em US$ 21,97/saco.
Em termos de preços futuros, os mesmos continuaram muito elevados, indicando que os produtores que podem devem sim aproveitá-los. Isso porque a tendência geral, em safra normal nos EUA, é de tais preços recuarem para o final do ano, salvo um descontrole completo do câmbio no Brasil. Nesse último caso, é bom lembrar que o mercado financeiro nacional avança a projeção de o país fechar 2015 com um câmbio ao redor de R$ 3,20-R$ 3,25 por dólar, ou seja, nos patamares em que esteve nesta semana.
Assim, no interior gaúcho o preço FOB para maio/16 ficou em R$ 71,50/saco, para a compra. Em Paranaguá (porto do Paraná) a indicação de compra para março/abril chegou a R$ 74,50/saco. Já no Mato Grosso, a região de Rondonópolis, para fevereiro/março, trabalhou com valores de R$ 62,00/saco, enquanto no Mato Grosso do Sul a região de Dourados ficou com R$ 62,00/saco para o mesmo período. Em Goiás, a região de Rio Verde trabalhou com R$ 65,00/saco para fevereiro/março, enquanto Brasília ficava em R$ 64,00/saco para abril/16. Enfim, na Bahia, Maranhão, Piauí e Tocantins, para maio, os preços dos lotes se estabeleceram respectivamente em R$ 65,50; R$ 63,50; R$ 64,50; e R$ 62,00/saco.(cf. Safras & Mercado)
Fonte: CEEMA