As cotações do milho em Chicago ficaram praticamente estáveis nesta semana, fechando a quinta-feira (06) em US$ 3,69/bushel. A média de julho ficou em US$ 4,06/bushel, contra US$ 3,64 em junho.
Pelo lado das exportações, as mesmas continuaram fracas nos EUA, fechando duas semanas atrás em 364.900 toneladas para 2014/15 e 443.300 toneladas para a safra 2015/16, enquanto na semana passada as mesmas ficaram em 920.000 toneladas para o corrente ano comercial.
O clima é normal, com alguma preocupação com o aumento das temperaturas neste início de agosto. Mas, por enquanto, sem alterar o rumo do mercado. A atenção do mesmo se volta para o relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para o próximo dia 12/08.
Houve igualmente boatos de que os EUA teriam adquirido 500.000 toneladas de milho brasileiro, para embarques em agosto e setembro, o que acomodou as pressões altistas locais. Além disso, o novo recuo do petróleo, ficando o barril abaixo de US$ 50,00, reduziu o interesse pelo etanol de milho naquele país, pressionando os preços do cereal para baixo. (cf. Safras & Mercado)
No mercado internacional ainda, a maior presença do Brasil, da Argentina e da Ucrânia reduzem a demanda pelo cereal dos EUA, segurando os preços locais em níveis mais baixos. Vale ainda lembrar que faltam cerca de 30 dias para a nova safra estadunidense de milho começar a ser colhida.
Nesse sentido, por enquanto as condições das lavouras continuam muito boas, com 70% entre boas a excelentes, ganhando um ponto percentual em relação a semana anterior. Isso estaria indicando uma produtividade final bem melhor do que alguns analistas estão apontando. Por enquanto, a expectativa é de uma média entre 10.360 a 10.674 quilos/hectare. A grande dúvida que existe é sobre o tamanho da área a ser efetivamente colhida a partir dos excessos de chuvas ocorridos no momento do plantio.
Enquanto esperam o relatório oficial, as empresas privadas de consultoria apontaram suas projeções. A Bloomberg indicou uma safra de 337,9 milhões de toneladas, reduzindo em 1,48% o volume em relação ao anúncio de julho.
Na Argentina, a tonelada FOB subiu um pouco em relação à semana anterior, ficando em US$ 160,00, enquanto no Paraguai a mesma voltou a recuar, fechando esta primeira semana de agosto em US$ 101,00.
Aqui no Brasil, apesar da boa nomeação de navios, a demanda ainda está reduzida para esta época do ano. Ao mesmo tempo, a colheita da safrinha avança e pressiona os preços locais. O clima está propício para o desenvolvimento da mesma.
O balcão gaúcho fechou na média de R$ 23,13/saco, enquanto os lotes ficaram entre R$ 27,50 e R$ 28,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes giraram entre R$ 15,00/saco no Nortão do Mato Grosso e R$ 28,00/saco nas regiões catarinenses de Videira, Campos Novos e Concórdia.
O principal elemento que altera o rumo normal do mercado é o câmbio. O Real já está “sobre-desvalorizado” o que deveria ajudar em exportações maiores, porém, ainda não se nota isso.
Tanto é verdade que as vendas em julho ficaram em 1,28 milhão de toneladas, havendo uma expectativa, para agosto, de exportações entre 3 a 3,2 milhões de toneladas. As nomeações de navios chegam a 4,8 milhões para o corrente mês. (Cf. Safras & Mercado)
A curiosidade no mercado nacional é que, apesar do câmbio, os preços nos portos brasileiros não tiveram altas proporcionais à desvalorização do Real. Assim, segundo ainda Safras & Mercado, foi melhor vender porto ao câmbio de R$ 3,10/dólar (valores de R$ 32,00 a R$ 33,00/saco no porto) do que a R$ 3,45/dólar, quando o porto paga R$ 30,50/saco.
Além disso, há um grande risco em jogo. Como o câmbio já está “sobre-desvalorizado”, um retorno do mesmo a patamares normais (R$ 3,00 a R$ 3,10 pela paridade de poder de compra), teremos uma forte queda nos preços do milho nas vendas futuras, pressionando os valores praticados no mercado interno diante de uma colheita recorde da safrinha. Nesse contexto, para que os preços não venham a cair muito será preciso que o Brasil exporte muito milho entre novembro e janeiro (últimos três meses do atual ano comercial). Por enquanto, os indicativos não apontam para tal realidade.
Mas, pelo lado dos produtores de milho, as vendas diminuem na expectativa de um Real ainda mais desvalorizado e de preços locais, portanto, melhores. Isso freia em parte a oferta local em certas regiões, mesmo em plena colheita da safrinha.
Enfim, a semana terminou com a importação, no CIF indústrias brasileiras, valendo R$ 47,21/saco para o produto dos EUA e R$ 43,27/saco para o produto da Argentina, ambos em agosto. Já o produto argentino para setembro ficou em R$ 45,99/saco. Na exportação, o transferido via Paranaguá, atingiu a R$ 29,34/saco para agosto; R$ 29,60 para setembro; R$ 30,63 para outubro; R$ 30,88 para novembro; R$ 31,11 para dezembro; R$ 32,08 para janeiro; e R$ 32,33/saco para fevereiro. (cf. Safras & Mercado)
Fonte: CEEMA