Comentários referentes ao período entre 31/05/2013 a 06/06/2013
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca²
As cotações do milho subiram um pouco na semana, porém, bem menos do que a soja. O fechamento desta quinta-feira (06) ficou em US$ 6,63/bushel, contra US$ 6,54 uma semana antes e US$ 6,70/bushel na média de maio. Ou seja, continua a contradição entre a realidade do mercado do milho em relação ao da soja, fato que justifica ainda mais a tendência de uma correção futuramente, caso ocorrer uma safra normal nos EUA.
Nesta primeira semana de junho o plantio do milho nos EUA deverá ser encerrado, sendo que os produtores deverão contratar seguro agrícola para o percentual que será plantado fora do período ideal, encerrado em 31/05. Mesmo assim, muitos analistas estadunidenses estão considerando que ao redor de 810.000 hectares poderão passar para a soja. Afinal, o USDA indicou que até o dia 02/06 o plantio nos EUA havia alcançado 91% da área esperada, com 63% das lavouras em condições entre boas a excelentes e 74% em germinação. Como a umidade do solo é excelente, basta o calor voltar para que a safra venha a caminhar para um recorde histórico. A colheita se inicia em setembro.
Nesse contexto, ganha importância o relatório de oferta e demanda que será anunciado no próximo dia 12/06. Paralelamente, importante se faz salientar que a Ucrânia inicia suas exportações de milho em outubro, competindo com os EUA e Brasil, fato que deverá pressionar para baixo as cotações do cereal no final do ano.
Na Argentina e no Paraguai, a tonelada FOB permaneceu em US$ 255,00 e US$ 142,50, respectivamente.
Nesse sentido, é bom frisar que a entrada da safrinha já deveria estar provocando redução nos preços nacionais novamente, porém, a surpreendente desvalorização do Real nesta semana (R$ 2,12 por dólar na manhã do dia 06/06) deu sustentação ao milho na exportação, elevando os preços do cereal nas diferentes praças nacionais, mais uma vez. Assim, enquanto o balcão gaúcho permaneceu em R$ 23,58/saco, na média semanal, os lotes subiram para R$ 28,00/saco na compra, em algumas praças gaúchas. Nas demais regiões brasileiras, os lotes oscilaram entre R$ 11,50/saco em Sapezal (MT) e R$ 26,00/saco no oeste e centro catarinense.
Hoje já encontra compradores no porto a R$ 28,30/saco, porém, sem negócios. O mercado se preocupa, agora, com espaço nos portos para escoar o milho, caso o câmbio se mantenha nestes níveis (o que parece difícil até o final do ano), na medida em que a safrinha cheia vem chegando. Vale destacar, nesse contexto, que há ausência de compradores para exportação após o mês de setembro. (cf. Safras & Mercado)
Enquanto isso, os embarques de milho em maio ficaram em apenas 275.000 toneladas, havendo um potencial de embarque para junho na altura de 500.000 toneladas.
Quanto à safrinha, em início de colheita, houve registros de preços, para julho, ao redor de R$ 11,00/saco no Nortão do Mato Grosso. As condições de armazenagem começam a preocupar sobremaneira o mercado, o que já era esperado. Essa realidade deve pressionar igualmente para baixo os preços do cereal no segundo semestre, apesar da ajuda inesperada e momentânea do câmbio neste momento. Aliás, outro elemento que entrou em destaque baixista na semana, foi o anúncio, pelo analista privado estadunidense Informa Economics de que a safra brasileira, no seu total, poderá chegar a 78,5 milhões de toneladas, contra 76,3 milhões estimadas anteriormente. Isso significa que não teria havido perdas no Centro-Oeste e Paraná com a estiagem de abril e parte de maio.
Enfim, a semana terminou com o CIF indústria brasileira valendo R$ 46,21/saco para o produto oriundo dos EUA e R$ 39,89/saco para o produto da Argentina, ambos para junho. Em julho, o produto argentino ficou a R$ 38,59/saco. Já na exportação, o transferido via Paranaguá registrou os seguintes valores: R$ 28,39/saco para junho; R$ 27,64 para julho; R$ 27,46 para agosto; R$ 27,27 para setembro; R$ 26,50 para outubro; R$ 26,11 para novembro; R$ 26,13 para dezembro; e R$ 25,57/saco para janeiro/14.
1 Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2 Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.