Comentários referentes ao período entre 29/03/2013 a 11/04/2013
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Emerson Juliano Lucca²
As cotações do milho em Chicago se recuperaram levemente nesta semana, fechando a quinta-feira (11) em US$ 6,51/bushel, após US$ 6,30 uma semana antes. O relatório de oferta e demanda do USDA, divulgado no dia 10/04, igualmente trouxe poucas notícias novas. A produção mundial subiu para 855,9 milhões de toneladas e os estoques finais, para 2012/13, chegam a 125,3 milhões de toneladas (esta sim uma informação mais impactante, pois o crescimento de tais estoques, em relação a março, é de 6,6%. Também os estoques finais nos EUA foram elevados, passando agora para 19,2 milhões de toneladas, com ganho de 3,2 milhões de toneladas em relação a março. A safra argentina foi mantida em 26,5 milhões, enquanto a brasileira foi elevada para 74 milhões de toneladas. Por sua vez, as exportações brasileiras do cereal chegariam a 19,5 milhões de toneladas (um volume otimista a julgar pelo comportamento atual dos embarques e de nossa logística).
Ainda nos EUA, o mercado começa a cogitar a possibilidade da área de milho recuar no atual plantio, devido ao excesso de chuvas. Caso isso venha a ocorrer, a soja será privilegiada com área maior.
Enquanto isso, na Argentina e no Paraguai, a tonelada FOB fechou a semana valendo US$ 240,00 e US$ 127,50 respectivamente. Paralelamente, no Brasil os preços continuaram recuando, com perdas semanais entre 2% e 6% conforme as diferentes praças. O balcão gaúcho já fechou a semana na média de R$ 24,98/saco, enquanto os lotes, no norte do Estado, vieram a R$ 25,60/saco. Nas demais praças, os lotes oscilaram entre R$ 14,00/saco em Sapezal (MT) e R$ 25,25/saco em Videira (SC).
Por sua vez, segundo Safras & Mercado, o preço no porto para agosto/setembro bateu em R$ 25,00/saco, fato que levou a paridade de exportação no interior para R$ 19,00 a R$ 20,00/saco no Paraná; R$ 16,00 a R$ 17,00/saco em Goiás; e abaixo de R$ 10,00/saco no Mato Grosso. Nesse último caso, menos do que o preço mínimo estabelecido para a safrinha. Ou seja, a tendência vai se confirmando com o passar do tempo e a entrada da safra de verão, a perspectiva de uma importante safrinha, a menor possibilidade de exportação, e o recuo dos preços internacionais.
Por falar em exportação, os embarques de abril ficaram estimados, no final desta segunda semana, em 300.000 toneladas, após 214.000 toneladas na primeira semana, sob efeito de volumes remanescentes de março. Por enquanto, após setembro, não há demanda de exportação para o milho brasileiro.
Nesse contexto, o mercado calcula que 8 milhões de toneladas embarcadas até setembro ainda deixaria um excedente de 20 milhões de toneladas no mercado interno. Um forte fator baixista para o segundo semestre. Para aliviar tal quadro, conta-se com aquisições do governo. Como os estoques públicos teriam hoje apenas 530.000 toneladas, o governo teria que adquirir entre 3 a 4 milhões de toneladas sob forma de AGF. Ainda segundo Safras & Mercado, “…a compra é baseada no preço mínimo CIF no armazém credenciado. As regiões que detêm estes armazéns podem se beneficiar. As que não têm, terão ainda o custo de frete como despesa. O governo deverá limitar volumes por CPF para evitar concentrar negócios apenas em uma região e, espera-se, que não apenas o Mato Grosso venha a ser beneficiado. O governo poderá comprar também via Contrato de Opção, ou seja, um compromisso de compra futura a um determinado preço. Para o produtor, em um ano como este, a alternativa é péssima.”
Enfim, até o momento o clima está perfeito para a safrinha, havendo comprador na região de Sorriso (MT) a R$ 11,50/saco, com a colheita iniciando em maio e junho próximos. Ao mesmo tempo, a colheita da safra de verão, no Centro-Sul brasileiro, atingia a 58% no dia 05/04, sendo que no Rio Grande do Sul a mesma chegava a 81%.
A semana terminou com a importação, no CIF indústria brasileira, valendo R$ 43,22/saco para o produto dos EUA e R$ 35,53/saco para o produto da Argentina, ambos para abril. Já o produto argentino, para maio, ficou em R$ 35,29/saco. Na exportação, o transferido via Paranaguá registrou os seguintes valores: R$ R$ 25,07/saco para abril; R$ 24,97 para maio; R$ 24,60 para junho; R$ 25,10 para julho; R$ 24,96 para agosto; R$ 24,66 para setembro; R$ 24,30 para outubro; e R$ 24,23/saco para novembro.
¹Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
²Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.