As cotações do milho em Chicago oscilaram pouco durante a semana, tendo o bushel fechado o dia 27/08 em US$ 3,63, contra US$ 3,71 uma semana antes.
O início da colheita do cereal nos EUA, cujo auge se dará a partir de setembro, começa a pressionar o mercado, embora haja certa sustentação em função de um volume que pode ser um pouco menor do que o até agora previsto.
O mercado assimilou com reservas os resultados finais do levantamento feito pela ProFarmer em seu crop tour, os quais indicaram uma produção final de apenas 333,6 milhões de toneladas nos EUA (a reserva se deve ao fato de que historicamente o crop tour aponta números menores do que o USDA e do que realmente ocorre na prática). Por outro lado, as exportações semanais de soja, na semana anterior, ficaram 40% abaixo do mesmo período do ano anterior, registrando 282.700 toneladas para a safra velha e 576.400 toneladas para a safra nova. Soma-se a isso o clima normal previsto até o final de agosto, o que reduz praticamente a zero os riscos de perdas nas lavouras (salvo se ocorrer excesso de chuva na colheita). Além disso, a crise na China igualmente atrapalha o mercado do milho. (cf. Safras & Mercado)
Outro fator que pesou negativamente para o milho foi o forte recuo nos preços do petróleo no mercado mundial. O mesmo atingiu valores abaixo de US$ 40,00/barril durante a semana. Isso significa que a demanda por etanol de milho nos EUA tende a recuar, elevando os estoques do cereal em grão. Enfim, as condições entre boas a excelentes, relativas às lavouras estadunidenses, permaneceram em 69% do total. Em síntese, o clima durante a colheita, que se inicia, e o ritmo das exportações nos EUA serão a tônica do mercado nas próximas semanas.
Na América do Sul, enquanto a tonelada FOB na Argentina subiu para US$ 161,00, no Paraguai a mesma voltou a recuar, se estabelecendo em US$ 99,00 em termos médios.
No Brasil, os preços subiram um pouco mais, puxados pelo câmbio. A média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 24,28/saco, enquanto os lotes giraram em torno de R$ 29,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes ficaram entre R$ 16,00/saco no Nortão do Mato Grosso e R$ 28,00/saco nas regiões catarinenses de Videira, Concórdia e Campos Novos.
Existem algumas preocupações com o retorno das chuvas mais fortes neste final de agosto junto aos Estados que têm milho estocado a céu aberto. Isso pode, em caso de prejuízos, ajudar a manter a pressão altista, porém, nos parece ainda uma questão secundária.
Para temperar esse movimento mais firme do mercado temos que as exportações brasileiras em agosto, até o início da última semana do mês, chegavam a apenas 1,4 milhão de toneladas, contra uma expectativa de 3 milhões para o mês. Isso preocupa, pois o país corre o risco de ficar com estoques finais bem mais elevados do que se projetava, forçando os preços para baixo a partir da virada do ano, quando a colheita de verão se iniciar.
Por enquanto, é o câmbio o principal elemento que vem dando maior sustentação aos preços do milho. Uma acomodação do Real em níveis mais baixos, o que seria normal, forçaria um recuo nos preços do cereal nacional. Resta saber, nesse sentido, se o Banco Central continuará a intervir no mercado cambial buscando um ajuste nas taxas que atualmente estão extrapoladas.
Pelo sim ou pelo não, a forte desvalorização do Real eleva os preços nos portos nacionais, levando os produtores a reterem o milho na expectativa de preços ainda melhores, pois no momento as commodities brasileiras estão muito competitivas em razão do câmbio. A semana fecha com o referencial Campinas oscilando entre R$ 28,00 e R$ 28,50/saco CIF, com poucos negócios no mercado paulista. (cf. Safras & Mercado)
Enfim, as importações, no CIF indústrias brasileiras, ficaram, para agosto, em R$ 48,62/saco para o produto dos EUA e R$ 45,22/saco para o produto argentino. Já para setembro o produto argentino atingiu a R$ 47,62/saco. Na exportação, o transferido via Paranaguá registrou os seguintes valores: R$ 31,48/saco para agosto; R$ 31,51 para setembro; R$ 31,73 para outubro; R$ 31,82 para novembro; R$ 32,14 para dezembro; R$ 32,20 para janeiro; e R$ 32,48/saco para fevereiro.
Fonte: CEEMA