As cotações da soja em Chicago oscilaram bastante durante esta semana, apresentando particularmente um viés de baixa. Embora o fechamento para o primeiro mês (ainda agosto), nesta quinta-feira (06) tenha ficado em US$ 9,85/bushel, o que passa a contar mesmo para a formação do preço no Brasil é o mês seguinte (setembro), o qual fechou em US$ 9,56, ou seja, nitidamente mais baixo. Além disso, novembro, que reflete a colheita nos EUA, ficou ainda mais baixo, registrando, neste dia 06/08, o valor de US$ 9,43/bushel. A média de julho, para o primeiro mês cotado, ficou em US$ 10,13/bushel, após US$ 9,64 em junho. Ou seja, após as altas de julho, as cotações voltaram aos níveis de junho nestes primeiros dias de agosto.
O contexto geral é o mesmo! Diante de uma safra que se apresenta, até o momento, cheia (105,8 milhões de toneladas), o mercado especula no clima e no volume exportado pelos EUA. Além disso, aguarda com atenção o relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para este próximo dia 12/08. O mesmo deverá definir melhor o volume de produção e os estoques finais estadunidenses e mundiais para 2015/16.
Nesse sentido, as exportações líquidas dos EUA, em soja, na semana encerrada em 23/07, foram muito boas para o ano 2014/15, registrando 416.700 toneladas, sendo que a China teria comprado 300.000 toneladas deste total. Já para a safra 2015/16 o volume vendido no total ficou em 899.100 toneladas na semana citada. Enquanto isso, as inspeções de exportação estadunidenses de soja, na semana encerrada em 30/07, chegaram a 148.498 toneladas. Com isso, o acumulado do ano comercial 2014/15, iniciado em 1º de setembro de 2014, chega a 48,8 milhões de toneladas, contra 43,1 milhões um ano antes.
Por sua vez, o anúncio de cancelamento de uma compra de 200.000 toneladas por parte da China, esfriou em parte o ânimo do mercado externo durante a semana. Como sabemos, a China passa por um forte ajuste em sua economia, com o crescimento diminuindo bastante na tendência para 2015. Além disso, a crise financeira que se faz presente no país atinge a capacidade de consumo da população local.
No geral, apesar destes aspectos, o viés continua baixista em Chicago já que o clima permanece positivo, apesar de um calor mais intenso neste mês de agosto. Tanto é verdade que as condições das lavouras estadunidenses melhoraram nesta última semana. Até o dia 02/08 as mesmas apresentavam 63% entre boas a excelentes (62% uma semana antes); 26% regulares e 11% entre ruins a muito ruins.
Em relação ao próximo relatório de oferta e demanda, a empresa privada de consultoria Informa Economics projeta agora um volume final de 103,1 milhões de toneladas, ficando abaixo de sua estimativa anterior e abaixo do que o USDA indicou em julho. Ao mesmo tempo, a FC Stone projeta uma safra de 103,3 milhões de toneladas.
Aqui no Brasil, os preços da soja continuaram subindo em razão do câmbio. A forte desvalorização do Real, que jogou nossa moeda a R$ 3,47 em alguns momentos desta semana, sustenta o preço da soja, por enquanto, porém, pressiona para cima os custos de produção. Assim, a média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 66,25/saco, enquanto os lotes giraram entre R$ 74,50 e R$ 75,00/saco. Nas demais praças os lotes ficaram entre R$ 61,00/saco no Nortão do Mato Grosso e R$ 72,50/saco no norte e centro do Paraná.
Na prática, os preços nacionais estão dependendo do câmbio, já que Chicago se mantém em níveis normais, por enquanto. O sentimento é que tal câmbio, em a situação política e econômica no Brasil se ajustando, o mínimo que seja, venha a ceder até o final do ano, devendo se estabilizar em torno de R$ 3,35 a R$ 3,40. Claro que isso dependerá de como o ajuste fiscal avançará no país, pois se viermos a perder o grau de investimento a tendência é de nova desvalorização cambial.
Nesse contexto, o sentimento quanto aos preços futuros não se alterou. Os mesmos, em nosso entender, continuam muito bons se levarmos em conta que o quadro, em caso de safra normal, tende a ser baixista na época de nossa colheita.
Nesse momento, o FOB interior gaúcho, para maio, está em R$ 74,00/saco. No Paraná, o porto de Paranaguá registra, para março/abril um valor de R$ 77,00/saco, enquanto a região de Rondonópolis (MT) trabalha com R$ 65,00/saco. Já no Mato Grosso do Sul, Dourados apontou um valor de R$ 66,00/saco para fevereiro/março, enquanto Rio Verde (GO) ficou em R$ 67,50. A região de Brasília, para abril, apontou R$ 66,50/saco na compra, enquanto Uberlândia (MG), para fevereiro, esteve em R$ 66,00/saco. Enfim, para maio/16, Barreiras (BA) indicou R$ 68,50/saco; Balsas (MA) ficou em R$ 65,50/saco; Uruçuí (PI) registrou R$ 66,50/saco e Pedro Afonso (TO) ficou em R$ 64,50/saco. (cf. Safras & Mercado) Todas as praças seguiram o movimento altista ocorrido no disponível devido ao câmbio.
Enfim, na BM&F o contrato setembro/15 fechou em US$ 21,22/saco, enquanto o novembro/15 ficou em US$ 21,02/saco.
A título de informação, a ABIOVE reviu para cima a estimativa de safra de soja brasileira em 2014/15, com a mesma ficando em 94,4 milhões de toneladas. Desde total, 50,3 milhões de toneladas serão exportadas e 40,1 milhões esmagadas. Deste total triturado, a produção de farelo será de 30,4 milhões de toneladas, sendo que 15,1 milhões serão consumidos no mercado interno e 15,2 milhões exportados. Por sua vez, a produção de óleo de soja alcançará 7,95 milhões de toneladas, com 6,6 milhões se direcionando ao consumo interno e 1,3 milhão de toneladas exportadas.
Em termos de exportação, o Brasil vendeu 32,2 milhões de toneladas de grãos de soja no primeiro semestre de 2015, o que representou 1% de aumento sobre igual período do ano anterior. Todavia, em valor, refletindo a forte queda nos preços internacionais na oleaginosa, as vendas somaram US$ 12,5 bilhões nos primeiros seis meses do corrente ano, ficando 22% abaixo do valor obtido com as vendas externas no mesmo período do ano anterior. No farelo de soja, em volume as vendas atingiram a 7,3 milhões de toneladas no período considerado (+12%), enquanto a receita ficou em US$ 2,97 bilhões (-15%). Enfim, com o óleo de soja as vendas físicas atingiram a 679.000 toneladas (+5%), enquanto a receita ficou em US$ 495,1 milhões (-14%). (cf. ABIOVE)
Fonte: CEEMA