Comentários referentes ao período entre 29/03/2013 a 11/04/2013
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Emerson Juliano Lucca²
As cotações da soja, após as fortes baixas resultantes dos relatórios do final de março, se recuperaram um pouco durante esta semana, num claro ajuste técnico, alimentado pelas expectativas do relatório de oferta e demanda anunciado no dia 10/04.
Assim, na véspera do relatório o bushel chegou a US$ 13,95, fechando esta quinta-feira (11) em US$ 14,02.
O relatório do USDA não chegou a trazer grandes novidades, embora tenha aumentado a produção e os estoques mundiais. Para os EUA a produção foi mantida em 82,06 milhões de toneladas na safra passada, com estoques finais em 3,4 milhões de toneladas, enquanto o mercado esperava um número um pouco maior, ao redor de 3,67 milhões de toneladas. Isso pode dar algum suporte às cotações nos próximos dias. O número do estoque foi menor porque o relatório aumentou o esmagamento e as exportações estadunidenses para o ano 2012/13. Sobre a futura safra, se espera as primeiras projeções no relatório de maio.
Quanto à safra mundial, o relatório indicou um volume produzido neste último ano de 269,63 milhões de toneladas, com estoques finais agora em 62,6 milhões de toneladas. O USDA manteve a projeção da safra do Brasil em 83,5 milhões de toneladas e a da Argentina em 51,5 milhões de toneladas. As importações chinesas ficaram agora em 61 milhões de toneladas para o ano comercial, após 63 milhões indicados no relatório de março passado.
Dito isso, diante de um clima que não está assim tão favorável à semeadura do milho nos EUA, o mercado já cogita um aumento na área de soja naquele país. Embora cedo para conclusões, tem-se aí um elemento baixista para o mercado caso venha a se confirmar.
No curto prazo, as exportações líquidas dos EUA, em soja, na semana encerrada em 28/03, ficaram em 392.700 toneladas para o ano 2012/13, iniciado em 1º de setembro. O principal comprador foi a China, com 138.400 toneladas. Já para o ano 2013/14 as exportações chegaram a 355.100 toneladas, sendo igualmente a China o maior comprador, com 354.000 toneladas.
Na Argentina, as primeiras projeções para a futura safra 2013/14 avançam um volume de 56 milhões de toneladas. Já a atual safra, que vem sendo colhida, continua tendo estimativas desencontradas. Os números variam entre 48,5 a 51,5 milhões de toneladas. A colheita, no dia 04/04, teria chegado a 1,8 milhão de hectares de uma área total semeada de 19,7 milhões. Isso perfaz 9,1% do total, portanto. Mas a soja oriunda da nova safra do vizinho país começa então a entrar no mercado, pressionando mais os preços internacionais, embora com a quebra da safra os volumes tendem a ser menores neste ano. Tanto é verdade que em janeiro as vendas externas de farelo de soja argentino ficaram em 1,07 milhão de toneladas, contra 1,43 milhão um ano antes. (cf. Safras & Mercado)
O prêmio nos portos brasileiros melhorou um pouco, porém, ainda se mantém negativo na maioria dos pontos de embarque. Os mesmos oscilaram entre menos 15 centavos e mais 20 centavos por bushel, sendo que o porto de Rio Grande é o único que ainda mantém prêmios positivos entre 15 a 20 centavos por bushel. Já em Rosário (Argentina), para maio, o prêmio oscilou entre 35 e 55 centavos positivos e no Golfo do México (EUA) entre 81 e 90 centavos, sendo esse último para abril.
No Brasil, apesar da pequena recuperação de Chicago, o câmbio acabou recuando, com o Real voltando a patamares de R$ 1,97. A pressão da colheita, especialmente no sul do país nesse momento, continua a derrubar os preços médios. Assim, o balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 53,35/saco, havendo regiões já trabalhando com valores ao redor de R$ 51,50. Nos lotes, o Rio Grande do Sul trabalhou com valores entre R$ 55,00 e R$ 58,50/saco. Nas demais praças nacionais, os lotes oscilaram, na compra, entre R$ 42,50/saco em Sapezal (MT) e R$ 54,00/saco no norte do Paraná e região de Campos Novos (SC).
Na BMF/Bovespa o contrato para maio ficou em US$ 29,75/saco, para julho em US$ 29,97 e para novembro em US$ 27,35/saco.
A colheita no Brasil avança, tendo atingido a 76% da área no dia 05/04. Nessa data o Rio Grande do Sul atingia a 26%, o Paraná 88%, o Mato Grosso 99%, o Mato Grosso do Sul já havia encerrado a mesma, Goiás chegava a 94%, São Paulo igualmente acusava encerramento, Minas Gerais ficava em 49%, Bahia 57%, Santa Catarina 34% e os demais Estados produtores em 48%.
Enfim, contrariando os números do USDA, o analista privado Safras & Mercado informa uma produção final brasileira em 82,5 milhões de toneladas, sendo 15,5 milhões no Paraná, 12,1 milhões no Rio Grande do Sul, 24,1 milhões no Mato Grosso, 8,9 milhões em Goiás, 5,9 milhões no Mato Grosso do Sul, 3,4 milhões em Minas Gerais, 1,9 milhão em São Paulo, 3,3 milhões na Bahia, 1,56 milhão em Santa Catarina e 5,8 milhões nos demais Estados produtores. Em se confirmando este número final no país a atual safra será 21,9% superior à registrada no ano passado.
¹Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
²Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.