A cotação da soja, para o primeiro mês, subiu novamente fechando a quinta-feira (17) em US$ 8,97/bushel, contra US$ 8,81 na semana anterior e US$ 8,50 no primeiro dia de março. Vale destacar que os demais meses romperam o teto dos US$ 9,00/bushel, algo não ocorria desde o início de dezembro passado.
Além das oscilações do dólar no mercado internacional e da alta do petróleo em alguns momentos, dois motivos centrais explicariam tal comportamento: a) excesso de chuvas em parte das regiões produtoras dos EUA, fato que poderá atrasar o plantio e deslocar área para outras culturas; b) tomada de posição do mercado diante do futuro relatório de intenção de plantio nos EUA, previsto para o dia 31/03 (existe expectativa de alguma redução de área semeada com soja naquele país, embora a elevação recente do bushel possa reverter esse quadro).
Em contrapartida, a colheita sul-americana avança e caminha para um recorde, fato que permite esperar a continuidade das exportações desta região para os próximos meses, embora a forte valorização do Real nos últimos dias atrapalhe as vendas externas.
Ainda nos EUA, as inspeções de exportação de soja atingiram a 715.186 toneladas na semana encerrada em 10/03, contra 1,09 milhão na semana anterior. No acumulado do ano comercial, iniciado em 01/09/15, as inspeções somam 40,3 milhões de toneladas, contra 43,1 milhões em igual período do ano anterior.
Por sua vez, a Associação Norte-Americana dos Processadores de Óleos Vegetais (NOPA) informou que o esmagamento de soja nos EUA, em fevereiro, atingiu a 3,98 milhões de toneladas. O número ficou abaixo do registrado em janeiro, porém, um pouco acima do que esperava o mercado. (cf. Safras & Mercado).
Já na Argentina, o esmagamento de soja em janeiro atingiu a 3,84 milhões de toneladas. No ano comercial 2015/16, iniciado em abril/15, o total esmagado chega a 38,6 milhões de toneladas, contra 34,1 milhões no mesmo período do ano anterior.
No Brasil, os preços estão cedendo em função da valorização do Real. Esta puxada pelos desdobramentos da Operação Lava-Jato e, agora, com a possibilidade de impeachment da presidente Dilma cada vez mais presente após os acontecimentos desta semana. No dia 17/03 o Real voltou bater no piso dos R$ 3,60 por dólar. Com isso, a média gaúcha no balcão, que ficou em R$ 67,42/saco na semana, tende a recuar mais ainda para a próxima semana se tal quadro continuar. O pequeno avanço do bushel em Chicago não tem efeito neste momento conturbado da política brasileira, além de estarmos em plena colheita da safra.
Nesse sentido, o total colhido no país teria alcançado a 55% da área em meados de março. Já a comercialização antecipada atingia a 56% da safra até o dia 11/03, contra 51% no início de fevereiro. A média para o período é de 51% igualmente. (cf. Safras & Mercado).
Em termos de lotes, a semana fechou com o mercado gaúcho negociando o saco de soja a redor de R$ 73,00, enquanto nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 57,50/saco em Sapezal (MT) e R$ 71,00/saco em Pato Branco (PR).
O mercado nacional da soja está na total dependência do comportamento cambial, sendo que os produtores que deixaram de vender o produto antecipadamente, nesse momento, perdem entre 10 a 15 reais por saco em relação aos que o fizeram entre outubro e início de fevereiro em particular. Nesse momento, inclusive, já negócios ocorrendo no Mato Grosso para a safra a ser colhida em 2017.
Fonte: CEEMA
Gráfico da Soja na CBOT – Vencimento Set/16
Gráfico da Soja na BM&F – Vencimento Mai/16