Comentários referentes ao período entre 29/03/2013 a 04/04/2013
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Emerson Juliano Lucca²
As cotações da soja, nesta virada de mês pós-relatório de intenção de plantio nos EUA e relatório de estoques trimestrais, recuaram fortemente. O fechamento desta quinta-feira (04/04) ficou em US$ 13,72/bushel, após US$ 13,80 na véspera e US$ 14,04 uma semana antes. A média de março fechou em US$ 14,54/bushel, contra US$ 14,59 em fevereiro. O farelo fechou o dia 04 de abril em sua mais baixa cotação desde junho/12 (US$ 397,10/tonelada curta) e o óleo de soja na mais baixa do ano de 2013 (48,55 centavos de dólar por libra peso).
Na verdade, todas as notícias são negativas ao mercado. A safra sul-americana avança em sua colheita, devendo mesmo confirmar um volume de 30 milhões de toneladas acima do registrado no ano passado. Além disso, enquanto a colheita brasileira continua sendo estimada entre 83,5 e 84,5 milhões de toneladas, analistas privados dos EUA elevaram a colheita argentina para 52 milhões de toneladas (lembramos que no auge da seca deste ano naquele país, no início de fevereiro, chegou-se a projetar uma safra de 48 milhões de toneladas). Soma-se a isso o anúncio de estoques mais elevados nos EUA, além de uma expectativa de futura safra neste país que pode superar a 91 milhões de toneladas. Para piorar o quadro, ameaças de crescimento dos focos de gripe aviária na China deixam o mercado preocupado com a possibilidade desse país reduzir suas importações de soja. Enfim, na área financeira, a crise no Chipre momentaneamente se acalmou, embora a situação econômica na União Europeia continue muito ruim.
A partir de agora será o clima nos EUA que ditará o rumo das cotações em Chicago. Vale ainda destacar que um novo relatório de oferta e demanda do USDA está previsto para esta próxima semana.
Por sua vez, os prêmios nos portos brasileiros se mantêm negativos, com uma variação entre mais 20 e menos 24 centavos de dólar por bushel, para o mês de abril. Na Argentina, para maio, os mesmos estiveram entre 40 e 55 centavos positivos neste início de abril. E no Golfo do México (EUA), os mesmos registraram valores entre 75 e 83 centavos de dólar positivos.
No Brasil, mesmo com o câmbio se mantendo ao redor de R$ 2,02 por dólar os preços da soja recuaram. A pressão de Chicago foi muito forte, assim como a dos prêmios negativos. Desta forma, o balcão gaúcho terminou a semana na média de R$ 54,78/saco, enquanto os lotes giraram ao redor de R$ 57,75/saco. Nas demais praças nacionais os lotes ficaram entre R$ 43,00/saco em Sapezal (MT) e R$ 54,30/saco no norte do Paraná, ambos para compra. As perdas médias na semana, na maioria das diferentes praças, foram acima de 2%. Ou seja, na medida em que a colheita nacional avança a tendência dos preços vai se confirmando. Há ainda espaço para novos recuos de preço, especialmente se a safra dos EUA avançar normalmente. Mesmo porque, os problemas de logística nos portos brasileiros permanecem acentuados.
Na BM&F/Bovespa o mês de maio/13 ficou em US$ 29,44/saco, enquanto novembro/13 fechou a semana em US$ 27,21/saco.
Quanto à colheita no Brasil, até o dia 28/03 a mesma atingia a 72% do total esperado, sendo 22% no Rio Grande do Sul, 84% no Paraná, 97% no Mato Grosso, 99% no Mato Grosso do Sul, 91% em Goiás, 97% em São Paulo, 43% em Minas Gerais, 47% na Bahia, 21% em Santa Catarina e 37% nas demais praças produtoras. (cf. Safras & Mercado)
¹Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
²Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.