As cotações do trigo em Chicago permaneceram abaixo dos US$ 5,00/bushel em boa parte da semana, cotação que não era vista desde o início de junho. Posteriormente, houve uma pequena reação, com o fechamento desta quinta-feira (06) ficando em US$ 5,07/bushel. A média de julho alcançou a US$ 5,47/bushel, após US$ 5,19 em junho.
As boas exportações de trigo por parte dos EUA impediu que as cotações recuassem mais, porém, a volta de um dólar mais firme indica dificuldades futuras na competitividade exportadora do cereal.
As vendas líquidas do cereal estadunidense, para o ano 2015/16, iniciado em 1º de junho, atingiram a 699.400 toneladas na semana encerrada em 23/07. Esse volume foi 86% superior à média das quatro semanas anteriores. Já as inspeções de exportação de trigo somaram 298.048 toneladas na semana encerrada em 30/07. No acumulado do ano comercial 2015/16 o somatório indica 3,12 milhões de toneladas, contra 4,04 milhões em igual momento do ano anterior.
Contrabalançou esse processo altista o fato de que o clima foi favorável às lavouras de trigo de primavera nos EUA, indicando uma safra muito boa. Além disso, os fundos venderam posições, pressionando o mercado local.
Quanto à qualidade das lavouras estadunidenses, até o dia 02/08 a colheita do trigo de primavera atingia a 8%, contra a média histórica de 11%. As condições das lavouras estavam em 70% entre boas a excelentes, 23% regulares e 7% ruins a muito ruins. Quanto ao trigo de inverno, a colheita chegava a 93% da área, superando a média histórica que é de 85% nessa época do ano.
Aqui na Argentina, o plantio da nova safra 2015/16 atingiu a 98% da área no início desta semana de agosto. O vizinho país espera semear 3,7 milhões de hectares com o cereal.
No Mercosul, os portos argentinos negociaram trigo entre US$ 190 e US$ 248,00/tonelada FOB. Já no Uruguai os valores ficaram entre US$ 190,00 e US$ 205,00/tonelada, enquanto no Paraguai a tonelada FOB permaneceu entre US$ 190,00 e US$ 200,00.
Pelo lado brasileiro, os preços melhoraram, com o balcão gaúcho fechando a semana na média de R$ 28,73/saco. Já os lotes ficaram em R$ 600,00/tonelada ou R$ 36,00/saco. No Paraná, os lotes se mantiveram entre R$ 650,00 e R$ 680,00/tonelada, ou seja, entre R$ 39,00 e R$ 40,80/saco.
Os negócios ainda são muito reduzidos no mercado nacional, com os moinhos abastecidos e aguardando a nova colheita que entra a partir de setembro pelo Paraná (algumas regiões do Norte do Paraná poderão iniciar a colheita a partir do dia 20/08). Apesar do clima ruim em boa parte do período, as perdas contabilizadas ainda não seriam importantes. Resta verificar na prática, a partir do produto colhido. Já no Rio Grande do Sul, onde a safra se desenha bem menor e comprometida parcialmente com o clima, o interesse de compra pelo restante do produto superior é maior. Mas os produtores resistem em vender a estes baixos preços.
O mercado ainda trabalha com uma safra de 7 milhões de toneladas no país, o que julgamos ser difícil de atingir. Particularmente porque a meteorologia prevê o retorno das fortes e constantes chuvas para o sul do país a partir do dia 20 de agosto justamente.
O ponto que está auxiliando a melhorar, de maneira mais específica, o preço atual do trigo é o câmbio. Nos níveis de R$ 3,47 por dólar as importações ficam muito caras, forçando os moinhos locais a se interessarem mais pelo produto nacional, enquanto surge um estímulo à exportação do cereal, particularmente no Rio Grande do Sul. Segundo Safras & Mercado, com um câmbio acima de R$ 3,40 o preço do produto gaúcho posto no porto de Rio Grande alcança a US$ 200,00. Ora, o trigo macio dos EUA está hoje a US$ 194,00 no Golfo do México, ou seja, apenas 3% abaixo do produto gaúcho.
Fonte: CEEMA