As cotações do trigo em Chicago cederam um pouco durante esta semana, fechando o dia 16/07 em US$ 5,62/bushel, após US$ 5,72 uma semana antes.
O relatório de oferta e demanda do USDA não trouxe grandes novidades para esse mercado. A produção dos EUA foi até aumentada, ficando agora em 58,5 milhões de toneladas na projeção (isso, apesar dos problemas climáticos que atingiram muitas lavouras locais), enquanto os estoques finais para 2015/16 chegaram a 22,9 milhões de toneladas, ganhando 800.000 toneladas em relação a junho. O preço médio ao produtor estadunidense, para o novo ano comercial, ficou entre US$ 4,75 e US$ 5,75/bushel, ganhando 35 centavos de dólar em relação a junho, contra US$ 5,99 em 2014/15 e US$ 6,87 em 2013/14. Tal indicativo de preço mostra que há um pequeno espaço para um recuo nas cotações atuais, embora possivelmente pouco expressivo.
Em termos mundiais, a produção total está agora estimada em 722 milhões de toneladas, sem grandes mudanças sobre o indicado em junho, enquanto os estoques finais mundiais, para 2015/16, foram aumentados para 219,8 milhões de toneladas, confirmando o viés baixista que esse mercado possui. Em 2014/15 os estoques finais ficariam em 212,1 milhões e dois anos atrás em 193,5 milhões de toneladas.
Dito isso, as vendas líquidas estadunidenses de trigo, na semana encerrada em 02/07, atingiram a 345.900 toneladas para o ano 2015/16 iniciado em 1º de junho. Enquanto isso, as inspeções de exportação chegaram a 249.787 toneladas na semana encerrada em 09/07, acumulando 1,86 milhão de toneladas, contra 2,72 milhões em igual período do ano anterior.
Ao mesmo tempo, até 12/07, a colheita do trigo de inverno nos EUA atingia a 65% da área, contra 68% na média histórica para a época. Já as lavouras de primavera apresentavam 71% entre boas a excelentes, 23% regulares e 6% entre ruins a muito ruins. No geral, a qualidade das mesmas melhorou um pouco em relação a semana anterior.
Nos portos do Mercosul a tonelada FOB de trigo manteve o preço das semanas anteriores. Na Argentina, a mesma oscilou entre US$ 190,00 e US$ 245,00, enquanto no Uruguai ficou entre US$ 190,00 e US$ 205,00, e no Paraguai entre US$ 190,00 e US$ 200,00.
No mercado brasileiro, os negócios continuam relativamente parados, com pouca liquidez e com os moinhos abastecidos. Esse fato provoca recuo nos preços médios. O balcão gaúcho fechou a semana em R$ 28,23/saco, enquanto os lotes ficaram em R$ 500,00/tonelada, ou seja, R$ 30,00/saco. Já no Paraná os lotes giraram entre R$ 650,00 e R$ 680,00/tonelada, ou seja, entre R$ 39,00 e R$ 40,80/saco.
O plantio, que atingia a 97% no Paraná e 80% no Rio Grande do Sul na semana passada, pouco evoluiu durante esta semana devido ao excesso de chuvas, inundações, granizo e temporais de diversas intensidades. Nesse sentido, muitas lavouras, especialmente no Paraná, tiveram sua qualidade totalmente comprometida. Esse fato deverá reduzir ainda mais a projeção de produção futura, assim como a oferta de produto de qualidade no final do ano. Ou seja, o potencial de aumento de preços internos para o próximo ano subiu.
Enquanto isso, devido a alta externa e a um câmbio que se manteve ao redor de R$ 3,13 por dólar, as importações igualmente avançam menos. Em junho, segundo a SECEX, o país importou 416.500 toneladas de trigo, contra 430.500 em maio. Mesmo assim, ficaram acima da média para o mês, que é de 409.400 toneladas. Cerca de 90% das mesmas procederam da Argentina, 9% do Paraguai e 27% do Uruguai. Nos últimos 12 meses encerrados em junho, a Argentina exportou 47,9% do trigo comprado pelo Brasil, enquanto os EUA ficaram com 32,3% e o Uruguai com 10,2%. O principal destino das importações nacionais foi São Paulo, com 21,3%, seguido da Bahia com 12,7%, Paraná com 11,9%, Pernambuco e Ceará com 12% cada um, e o Pará com 10%. (cf. Safras & Mercado)
A tendência, no curto e médio prazo, é de pouca movimentação nos preços nacionais na medida em que os moinhos, abastecidos, esperam a nova safra brasileira, a ser iniciada em setembro. Todavia, a mesma, além de menor, poderá vir com qualidade mais uma vez comprometida. Afora as intempéries já vividas nestas últimas semanas, os meteorologistas estariam indicando que o El Niño deste ano poderá ser o mais forte dos últimos 50 anos. Isso colocaria em xeque as lavouras tritícolas do sul do país, pelo excesso de chuvas, granizo e temporais decorrentes deste fenômeno.
Fonte: CEEMA