Comentários referentes ao período entre 12/04/2013 a 18/04/2013
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Emerson Juliano Lucca²
As cotações do trigo em Chicago subiram um pouco na semana, fechando a quintafeira (18) em US$ 7,02/bushel, após US$ 6,97 uma semana antes.
O mercado está atento ao desenvolvimento das lavouras nos EUA. Nesse sentido, no dia 14/04 o trigo de inverno apresentava as seguintes condições: 12% péssimo, 19% ruim, 33% regular, 31% bom e 5% excelente.
Por sua vez, as vendas líquidas estadunidenses, para o ano comercial 2012/13, iniciado em junho passado, atingiram a 263.500 toneladas na semana encerrada em 04/04. A Nigéria foi o maior comprador com 90.400 toneladas. Já as vendas para o ano comercial 2013/14, a ser iniciado no próximo mês de junho, atingiram a 76.000 toneladas. O México foi o principal comprador, com 39.200 toneladas.
Quanto às inspeções de exportação, as mesmas chegaram a 638.882 toneladas na semana encerrada em 11/04, acumulando um total de 23 milhões de toneladas no atual ano comercial iniciado em junho passado, contra 23,7 milhões um ano antes.
Enquanto isso, a União Europeia anuncia uma produção de 139 milhões de toneladas para 2013/14, com um aumento de 5,3% em relação ao ano anterior. A nova colheita inicia a partir de julho próximo. A União espera exportar 20 milhões de toneladas desse total.
Já na Argentina, o aumento da área a ser semeada com trigo em 2013/14 deve ser de 8,3%, alcançando 3,9 milhões de toneladas segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires. Mesmo assim, tal área deve ficar 7% abaixo da média dos últimos cinco anos e 20% abaixo da média dos últimos 10 anos. Os produtores argentinos vêm desistindo de cultivar o cereal nos últimos anos devido às restrições de comercialização impostas pelo governo argentino com o objetivo de garantir a disponibilidade local. Assim, a preferência recai sobre a soja, que é mais lucrativa nestas condições. (cf. Safras & Mercado)
Quanto aos preços no Mercosul, a semana fechou com a região argentina de Bahia Blanca trabalhando com a tonelada a US$ 330,00 na compra, com recuo de 5,7% no mês. No Uruguai a tonelada ficou em US$ 315,00, enquanto no Paraguai o preço recuou para US$ 300,00, ambos para compra. O trigo para exportação brasileiro ficou na faixa de US$ 335,00/tonelada FOB. (cf. Safras & Mercado)
Nesse contexto, os preços no mercado brasileiro recuaram um pouco nesta semana, também puxados pelos leilões de venda de estoques, promovidos pela Conab, e as importações de trigo de fora do Mercosul, isentas da TEC. O balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 30,82/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 650,00 e R$ 670,00/tonelada. No Paraná, os lotes giraram entre R$ 710,00 e R$ 740,00/tonelada.
Para este 18/04 a Conab anunciava novos leilões de venda num total de 126.096 toneladas. Enquanto isso, o Brasil já teria importado mais de 300.000 toneladas de trigo dos EUA neste ano de 2013, sendo o referido volume seis vezes mais elevado do que toda a importação feita no ano passado com origem nesse país. O volume irá aumentar nas próximas semanas na medida em que a isenção da Tarifa Externa Comum do Mercosul irá até o dia 31/07. No total importado, apenas em março o Brasil adquiriu no exterior 755.200 toneladas, sendo 24.000 oriundas dos EUA e Canadá. A preocupação com a inflação está fazendo o governo brasileiro acelerar as compras externas do cereal, facilitando ao máximo as mesmas já que a Argentina tem bem menos trigo a ofertar neste ano.
Enfim, na paridade de importação, o trigo argentino, a um câmbio de R$ 1,99, chegava CIF aos moinhos paulistas ao valor de R$ 770,00/tonelada nesta semana. Para o trigo no norte do Paraná poder competir, o mesmo deveria ser vendido por até R$ 662,00/tonelada.
¹Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
²Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.