As cotações do trigo subiram fortemente nesta semana, acompanhando o movimento da soja. O bushel chegou a bater em US$ 5,04 no fechamento do dia 20/04, se constituindo este valor no mais alto desde o início de novembro passado. Posteriormente, a tomada de lucros e a realidade de uma oferta importante reduziram as cotações, com o fechamento desta quinta-feira (21) ficando em US$ 4,95. Mesmo assim, bem acima do fechamento da semana anterior, que foi de US$ 4,59.
Houve boa demanda pelo produto dos EUA, com as inspeções de exportação, na semana encerrada em 14/04, ficando em 456.924 toneladas. Com isso, o acumulado do ano comercial 2015/16, que se encerra em 31/05 próximo, chega a 20,2 milhões de toneladas, contra 19,6 milhões em igual momento do ano anterior. Já as vendas líquidas, para o mesmo ano comercial, atingiram a 124.700 toneladas na semana encerrada em 07/04. As mesmas ficaram 41% abaixo da média das quatro semanas anteriores. Para o ano comercial 2016/17 o volume vendido foi de 211.500 toneladas.
Ao mesmo tempo, o USDA divulgou as condições das lavouras estadunidenses, sendo que até o dia 17/04 cerca de 54% estavam entre boas a excelentes, 34% regulares e 9% entre ruins a muito ruins.
No Mercosul, a tonelada FOB para exportação registrou valores entre US$ 170,00 e US$ 200,00, sem modificações em relação a média das últimas semanas.
Aqui no Brasil, os preços continuam estabilizados. A média no balcão gaúcho fechou a terceira semana de abril em R$ 33,93/saco, enquanto os lotes permaneceram em R$ 680,00/tonelada (R$ 40,80/saco). No Paraná os lotes se mantiveram entre R$ 780,00 e R$ 800,00/tonelada, ou seja, entre R$ 46,80 e R$ 48,00/saco.
Continua uma reduzida liquidez interna, fato que leva o mercado a não reagir nem mesmo diante de preços de importação mais baratos e um dólar ao redor de R$ 3,55. Os moinhos continuam estocados, com grande dificuldade para escoar a farinha diante da crise econômica profunda que vive o Brasil. Desta maneira, uma possível recuperação de preços, agora prevista para maio, pode não acontecer como o esperado, devendo demorar mais tempo.
No final da semana o trigo argentino estava 0,6% mais caro do que o referencial interno, enquanto o produto do Uruguai e do Paraguai estava 1,4% e 4,3% respectivamente mais atrativo (cf. Safras & Mercado).
O mercado interno espera com ansiedade o momento em que os moinhos deverão recompor estoques e, com isso, buscar com mais intensidade o produto nacional de qualidade superior, hoje muito escasso no Brasil.
Dito isso, em o Real se mantendo valorizado nos atuais níveis, as importações deverão aumentar, prejudicando a melhoria do preço nacional. Mesmo assim, no médio prazo a tendência é de os preços brasileiros do trigo aumentarem. Isso se deve, além da escassez de produto de qualidade, devido a frustração da última safra, ao fato de que haverá forte redução na área semeada na atual safra de inverno. No Rio Grande do Sul, por exemplo, as últimas estimativas dão conta de que a redução na área semeada com trigo possa chegar a 30%.
Enfim, o governo, com o novo preço mínimo anunciado, procura estimular o trigo de alta qualidade, já que não valorizou os demais trigos. Isso nos parece insuficiente para reverter a tendência de plantio diante dos altos custos de produção atuais e das constantes intempéries que se abatem anualmente sobre a cultura. Além disso, mesmo que se espere preços melhores em função deste quadro interno, não se pode esquecer que a Argentina deverá ser muito mais agressiva nas suas exportações, neste ano, graças a retirada do imposto de exportação sobre o trigo no final do ano passado.
Fonte: CEEMA
Gráfico do TRIGO na CBOT (Chicago) – Vencimento Mai/16