As cotações do trigo em Chicago não conseguiram sustentação nesta semana, fechando o dia 27/08 em US$ 4,84/bushel, após US$ 5,06 uma semana antes.
No início da semana houve certa sustentação pela fraqueza do dólar, somada a perspectiva de que haveria uma tendência de produção recorde do cereal na União Europeia e Rússia, onde a colheita igualmente se desenvolve.
Na sequência, a forte queda da soja em Chicago e as baixas vendas líquidas estadunidenses de trigo reverteram a pressão altista. Nem mesmo algumas condições adversas às lavouras ainda a serem colhidas nos EUA auxiliaram para manter o bushel em alta. As vendas líquidas estadunidenses de trigo, para o ano 2015/16, iniciado em 1º de junho, ficaram em apenas 314.400 toneladas na semana encerrada em 13/08. Esse volume foi 49% abaixo da média das quatro semanas anteriores. O principal comprador do produto estadunidense foi o Japão com 123.000 toneladas na semana.
Pressionou igualmente o mercado o fato de a China, além de sua crise econômico-financeira se manter forte (a Bolsa de Xangai recuou significativamente nos dias 24 e 25 de agosto, repetindo comportamento de dias anteriores), anunciar que suas importações de trigo, entre janeiro e julho, somaram 1,7 milhão de toneladas, caracterizando um recuo de 37% sobre igual período do ano anterior. (Cf. Safras & Mercado)
Por outro lado, as inspeções de exportação estadunidenses, na semana encerrada em 20/08, somaram 277.992 toneladas, ficando muito aquém das 560.328 toneladas verificadas na semana anterior.
Por sua vez, até o dia 24/08 a colheita do trigo de primavera nos EUA, segundo o USDA, atingia a 75% da área semeada. A mesma está muito acima da média histórica que é de 47% para esta época do ano.
No Mercosul, a tonelada FOB de trigo para exportação continuou nos mesmos patamares das semanas anteriores, variando entre US$ 190,00 (no Uruguai e Paraguai), até US$ 200,00 a US$ 245,00 (nos portos argentinos).
No mercado brasileiro, os preços, confirmando a tendência indicada nas últimas semanas, voltaram a subir. A média gaúcha no balcão atingiu a R$ 30,17/saco, enquanto os lotes se mantiveram em R$ 600,00/tonelada, ou seja, R$ 36,00/saco. No Paraná, os lotes continuaram entre R$ 650,00 e R$ 680,00/tonelada (R$ 39,00 e R$ 40,80/saco) mesmo com a colheita já atingindo a 5% da área semeada.
No geral, o mercado nacional ainda apresenta redução no volume de negócios, confirmando que o movimento da semana anterior foi excepcional, pois os moinhos ainda possuem bastante estoque de compras anteriores. No Rio Grande do Sul, inclusive, permanece a dificuldade de muitos moinhos para venderem a farinha, fato que reduz a moagem. Por enquanto, a indústria busca trigo das safras anteriores, desde que com qualidade superior, fato que privilegia o produto de 2013, quando a safra gaúcha foi excelente. (cf. Safras & Mercado)
O trigo já colhido no Paraná (5% da área) tem 1/3 em condições medianas a ruins, enquanto no Rio Grande do Sul as recentes chuvas ajudaram as lavouras, salvo as que foram atingidas por granizo e temporais. Mas continua uma grande incógnita a performance da atual safra gaúcha do cereal em função da enorme variação climática que a mesma sofreu (excesso de chuvas no plantio e período inicial, clima seco e calor de verão posteriormente, muito pouco frio até este final de agosto, e projeções de muita chuva entre setembro e novembro próximos).
Nesse contexto, e diante de um câmbio que desvalorizou o Real para mais de R$ 3,60 por dólar durante a semana, os compradores nacionais esperam que os preços do cereal possam baixar um pouco no auge da colheita, porém, há um sentimento de recuperação até importante dos preços logo adiante para o produto de qualidade superior caso o câmbio não se normalize. Por enquanto, o trigo dos EUA chega ao Brasil 30% mais caro do que o produto nacional, enquanto o trigo argentino está 25% mais elevado.
Assim, o mercado julga que a possibilidade de recuo nos preços do trigo na atual colheita é bem menor neste ano, porém, não se sabe em que nível tais preços poderão chegar exatamente. Tudo irá depender do volume e, principalmente, da real qualidade da atual colheita nacional.
Fonte: CEEMA