“A chave para a solução do problema de logística e infraestrutura está não só em construir novas estradas, mas conservar as já existentes. Temos cerca de 50 mil quilômetros de estradas que necessitam de manutenção que não é realizada”, afirma presidente da ABAG.
Com valor Bruto da Produção (VBP) do setor agropecuário estimado em R$ 450,3 bilhões, para 2013, com crescimento de 18,2% em relação ao resultado de 2012, quando o faturamento obtido com a venda de 20 produtos agrícolas e cinco pecuários totalizou R$ 380,8 bilhões, de acordo com cálculo feito pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), 2013 tende a ser favorável. A aceleração dos preços das principais commodities agrícolas e o aumento no volume de produção, especialmente de soja e cana-de-açúcar, indicam resultado positivo para o ano.
De acordo com o presidente da ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio), Luiz Carlos Corrêa Carvalho, no ano passado, o setor agrícola teve um desempenho positivo, principalmente na área de grãos. “A grave seca ocorrida nos Estados Unidos, a mais rigorosa dos últimos cinquenta anos, prejudicou a sua produção em 120 milhões de toneladas, somente em soja e milho. Isso abriu uma janela de oportunidades para a safra brasileira 2012/13”, comenta.
Já no cenário atual, segundo Carvalho, a conjuntura de preços das commodities agrícolas deverá permanecer aquecida até pelo menos meados do ano, quando será possível fazer uma avaliação mais segura da safra 2013/14 dos Estados Unidos, cujos estoques estão em níveis bem abaixo do normal. A China, para atender as suas necessidades domésticas, precisa importar mercadoria. As maiores disponibilidades estão no cone sul, onde o Brasil encontra dificuldade para ofertar produtos em tempo mais rápido. “Essa situação é favorável para a comercialização da safra brasileira. Mais capitalizado, o agricultor fica predisposto em elevar o padrão tecnológico das suas lavouras, com maiores aquisições de insumos e máquinas. Para as feiras e exposições realizadas neste primeiro semestre, as perspectivas são de resultados promissores”, acrescenta.
Entretanto, o presidente da ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio), ressalta que o grande entrave, sem dúvida, vai ser o escoamento dessa grande produção. “O setor produtivo, diante da deficiência crônica da infraestrutura terá de pagar preços cada vez mais elevados de frete. Em algumas regiões, mais distantes dos portos, com percursos por rodovia acima de dois mil quilômetros para escoar a cobertura da zona de produção aos portos, o custo do frete chega a quase um terço da receita. Isso prejudica significativamente a competitividade da produção nacional”, explica Carvalho.
A ABAG trabalhará este ano com mais vigor nas questões ligadas a logística e infraestrutura, que inclusive será o tema do 12º Congresso Brasileiro do Agronegócio, que ocorrerá em São Paulo no dia 05 de agosto de 2013. Os debates serão intensos. Os problemas com a nova legislação do motorista poderão causar grandes transtornos, principalmente com a colheita da safra recorde de grãos, que deve chegar a 180 milhões de toneladas.
“Nós da ABAG, juntamente com a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), e outras 12 entidades encaminhamos recentemente à ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, um documento solicitando medidas para solucionar ou atenuar as sérias consequências da crônica deficiência de infraestrutura logística do País para o escoamento da safra de grãos que está sendo colhida. Essa foi a principal decisão tomada após as discussões e debates durante o Fórum Safra Recorde de Grãos: os Desafios da Logística, realizado pela Abag e Abiove, em novembro de 2012, em São Paulo”, enfatiza o presidente da ABAG.
Segundo Carvalho, o documento encaminhado ao Governo Federal tem também a incumbência de cobrar do governo a resolução dos problemas imediatos decorrentes da aplicação da Lei 12.619/12, que disciplina sobre a jornada de trabalho dos caminhoneiros e que foi prorrogada para entrar em vigor no próximo mês de março, por força de uma decisão da própria Casa Civil.
“É necessário um planejamento integrado entre as diversas instâncias ligadas à área de logística e também os vários níveis governamentais para solucionar os gargalos. O plano de investimentos recentemente anunciado pelo governo prevê aplicação de R$ 42 bilhões em rodovias e R$ 91 bilhões em ferrovias nos próximos 25 anos. A questão é que o problema está no curtíssimo prazo. A chave para a solução do problema está não só em construir novas estradas, mas conservar as já existentes. Temos cerca de 50 mil quilômetros de estradas que necessitam de manutenção que não é realizada. Essa é uma das razões que, na última reunião do Fórum Mundial, as estradas brasileiras tiveram classificação de 2,9, contra uma média mundial de 4,0 e de 3,4 da América Latina”, conclui.
Fonte: Diário da Manhã – Passo Fundo