Por: Argemiro Luís Brum – Mestre e Doutor em Economia Internacional
Circula um sentimento, em boa parte dos economistas e instituições empresariais e financeiras do Brasil, que o melhor, neste final de ano, é desejar um Feliz 2016 aos amigos e clientes, tamanhas serão as dificuldades econômicas que o país passará em 2015. Se existem razões concretas para isso, também existe um bom motivo para se ver com mais otimismo o próximo ano. Obviamente, tudo dependerá dos passos que a nova equipe econômica dará. É verdade que terminamos 2014 praticamente no fundo do poço econômico, com um PIB estagnado em 0%; uma taxa de inflação oficial ao redor do teto da meta (6,5%) e uma inflação real pelo menos em 15% ao ano; com uma balança comercial em déficit ao redor de US$ 3 bilhões; com a geração de emprego caindo rapidamente enquanto o desemprego avança em diferentes setores; com um endividamento familiar brasileiro ao redor de 60%, enquanto a inadimplência atinge 25% dos cidadãos deste país; com uma infraestrutura sucateada, indicando novos e fortes reajustes de preços da energia elétrica e dos combustíveis; com escândalos de corrupção pública de toda ordem, particularmente na Petrobrás; com forte ameaça de termos nossa nota de crédito no exterior mais uma vez rebaixada; e assim por diante. Nosso PIB no ano que vem poderá não alcançar 1%. Enquanto isso, a Selic deverá bater entre 12,5% e 13,5% até o final de 2015, em busca de um retorno da inflação ao centro da meta (4,5%), fato que parece impossível devido ao aumento dos preços da energia em geral e das importações puxadas pela desvalorização cambial. Paralelamente, a Bovespa faz tempo que amarga recuos expressivos neste ano, puxados pelo desastre anunciado da Petrobrás, seja pela incompetência gerencial seja pela enorme corrupção que a consome. Atualmente o valor de mercado da maior estatal brasileira é de US$ 50 bilhões, ou seja, 83% a menos do que valia em maio de 2008. Enquanto isso, sua dívida cresceu de US$ 12 bilhões para US$ 110 bilhões. Mas, apesar de tudo isso, o que permite esperar um 2015 que venha a ser, senão positivo, pelo menos um divisor de águas, é o fato de que o governo federal reeleito esteja mudando o modelo econômico. A possibilidade de corrigir o rumo, finalmente, nos permite esperar, em não havendo retrocesso no processo, que em dois anos poderemos começar a sair do atoleiro econômico em que a péssima gestão pública nos colocou nestes últimos cinco anos, comprometendo inclusive os programas sociais. 2015 seria muitíssimo pior se não estivéssemos vendo nenhum movimento para corrigir o rumo, perpetuando os erros que afundariam ainda mais o país na crise. Pelo menos, mesmo que tênue, parece que iniciamos um processo de conserto, embora seja sabido que o remédio será amargo e os cortes serão profundos até voltarmos a respirar economicamente melhor.
Publicado originalmente por: Agrolink