Comentários referentes ao período entre 10/05/2013 a 16/05/2013
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Emerson Juliano Lucca²
As cotações do milho recuaram após o anúncio do relatório do USDA, no dia 10/05. O primeiro mês cotado (julho) fechou o dia 16/05 em US$ 6,41/bushel, após US$ 6,94 uma semana antes.
Assim como para a soja, o relatório foi baixista e nem mesmo o atraso no plantio do cereal nos EUA segurou o mercado. O USDA indicou o seguinte:
1) Uma produção de 359,6 milhões de toneladas nos EUA para 2013/14, contra 273,9 milhões na frustrada safra passada;
2) Estoques finais nos EUA, em 2013/14, na altura de 50,9 milhões de toneladas, contra apenas 19,3 milhões no final do atual ano comercial 2012/13;
3) Patamar de preços aos produtores estadunidenses, no novo ano comercial, entre US$ 4,30 e US$ 5,10/bushel;
4) A produção mundial poderá atingir a 965,9 milhões de toneladas no novo ano comercial, contra 857,1 milhões neste ano de 2012/13;
5) Os estoques finais mundiais passariam a 154,6 milhões de toneladas no final do novo ano, contra 125,4 milhões atualmente;
6) O Brasil exportará 18 milhões de toneladas e a Argentina 18,5 milhões em 2013/14.
Nesse contexto, embora não tenha tido efeito sobre as cotações nos últimos dias, é o ritmo de plantio que preocupa. Até o dia 12/05 o mesmo atingia a 28% da área, contra a média histórica de 65%. A questão maior em jogo é que a polinização do cereal se dará, com esse atraso, em pleno verão, onde o risco de falta de umidade é maior, embora o atraso atual seja exatamente pelo excesso de chuvas. Por outro lado, até o dia 1205, 5% da área semeada estava germinada, contra 28% na média. Ainda está longe de se contabilizar quebras na safra, porém, o risco de a mesma ocorrer futuramente aumentou.
Dito isso, a tendência é de nítida melhora no clima já nesta semana e as próximas, com temperaturas elevadas, propiciando forte aumento do plantio. Para o relatório do dia 19/05 o mercado espera um plantio atingindo entre 50% a 60% da área. Se isso vier a ocorrer, estará recuperado boa parte do atraso na semeadura do cereal estadunidense.
Tanto é verdade que o analista privado Informa Economics avançou uma projeção de área final semeada nos EUA em 39,54 milhões de hectares, contra 39,3 milhões indicados pelo USDA.
Paralelamente, enquanto Chicago recuava, a tonelada de milho FOB na Argentina e Paraguai subia de preço, premida pela demanda. Assim, o produto argentino fechou a semana em US$ 255,00 e o paraguaio em US$ 142,50, para maio.
O mercado brasileiro, com a colheita de verão praticamente encerrada e a colheita da safrinha ainda por acontecer, os preços internos do milho melhoraram um pouco no curto prazo. Na verdade, o comportamento do milho ficou muito semelhante ao da soja: preços mais firmes no curto prazo e forte tendência de queda para o segundo semestre, especialmente a partir da entrada da safrinha.
Além disso, com a crise nos preços internos do suíno e do frango, mesmo com a redução nos preços da soja e do milho a demanda não aquece suficientemente para estancar um quadro futuro de baixa.
Complica muito esse quadro de maior oferta interna, com altos estoques finais em 2013/14 o fato de que as exportações brasileiras de milho não decolarem. Nos primeiros 10 dias de maio apenas 78.000 toneladas tinham sido embarcadas, fato que mantém a previsão de apenas 250.000 a 300.000 toneladas no mês. (cf. Safras & Mercado)
Assim, o balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 23,98/saco, enquanto os lotes estiveram ao redor de R$ 26,00/saco. Nas demais praças do país, os lotes giraram entre R$ 12,50/saco em Sapezal e Campo Novo do Parecis (MT) e R$ 25,50/saco nas regiões de Videira, Concórdia e Chapecó (SC). Quanto à safrinha, compradores se fizeram presentes no Paraná a R$ 19,00/saco, enquanto na região mato-grossense de Sorriso o valor ficou em R$ 11,00/saco para julho/agosto. Em Goiás, onde a falta de chuvas já está preocupando os produtores, o milho safrinha esteve entre R$ 16,50 e R$ 17,00/saco, também para julho/agosto.
Enfim, o governo anuncia leilões de contratos de opção de venda de milho para até dois milhões de toneladas, ainda na safra 2012/13. O preço foi fixado a R$ 15,12/saco para o Mato Grosso e R$ 19,74/saco para os Estados do Sul e os demais da região Centro-Oeste. O exercício deverá ser feito até o dia 30/11/2013, não havendo recursos para novos leilões nesta modalidade. (cf. Safras & Mercado)
A semana terminou com a importação, no CIF indústrias brasileiras, chegando a R$ 43,64/saco para o produto dos EUA e R$ 38,11/saco para o produto argentino, ambos para maio. Já o produto argentino, para junho, ficou em R$ 37,49/saco. Na exportação, o transferido via Paranaguá atingiu a R$ 26,93/saco para maio; R$ 26,62 para junho; R$ 26,41 para julho; R$ 26,14 para agosto; R$ 26,17 para setembro; R$ 24,30 para outubro; R$ 24,54 para novembro e R$ 24,52/saco para dezembro.
¹Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
²Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.