As cotações da soja em Chicago, depois de subirem durante parte da semana, motivadas por um movimento de compras devido a forte queda das mesmas nas semanas anteriores, acabaram recuando novamente no final do mês de julho. Com isso, a quinta-feira (31/07) fechou em US$ 12,24/bushel. Mesmo assim, pela primeira vez depois de longo tempo, os valores ficaram mais elevados do que os registrados uma semana antes (US$ 12,07/bushel no dia 24/07). Para maio/15 o fechamento deste dia 31/07 ficou em US$ 11,04/bushel.
A título de comparação, a média de julho ficou em US$ 12,60, contra US$ 14,27/bushel em junho.
O mercado funciona totalmente em função do clima nos EUA. No início da semana, a expectativa de clima mais seco e quente em agosto, mês decisivo para as lavouras de soja daquele país, motivou a elevação das cotações em Chicago. Todavia, mais para o final da semana os institutos de meteorologia dos EUA informaram que a primeira quinzena de agosto será de clima ameno e com bastante chuva sobre as regiões produtoras. Isso acabou revertendo o breve quadro altista que se desenhava. Todavia, durante todo o mês de agosto e parte de setembro o clima continuará provocando alta volatilidade nas cotações da oleaginosa. Nesse sentido, o relatório de oferta e demanda de agosto, previsto para o dia 12, ajudará a definir melhor o quadro.
Por enquanto, as lavouras estadunidenses continuam muito boas, justificando a projeção de uma safra recorde neste ano. Aliás, como já destacado na semana anterior, mesmo com as condições das lavouras recuando para 71% entre boas e excelentes, contra 23% regulares e 6% ruins a muito ruins (dados de 27/07), a situação continua sendo a melhor desde 1994.
Paralelamente, as exportações líquidas dos EUA, para o ano 2013/14, iniciado em 1º de setembro/13, na semana encerrada em 17/07, indicam um volume de 226.700 toneladas. O número foi bem mais elevado do que o registrado na semana anterior. Para o ano de 2014/15, a ser iniciado no próximo mês de setembro, o volume negociado foi de 2,45 milhões de toneladas.
Enquanto isso, na Argentina, onde a colheita está finalmente encerrada, a comercialização da safra 2013/14 atingiu a 50% de um volume total esperado ao redor de 55 milhões de toneladas.
Pelo lado da demanda, tem-se que a produção chinesa de soja, em 2014/15 (colheita a partir de agosto) deve chegar a apenas 12 milhões de toneladas, ou seja, 1,6% abaixo do registrado no ano anterior. Em termos do conjunto das oleaginosas, os chineses deverão produzir 56,8 milhões de toneladas neste novo ano comercial, isto é, 1,9 milhão a menos do que o colhido em 2013/14.
Já os prêmios se mantiveram, para agosto, bastante elevados nos diferentes portos mundiais que embarcam soja. No caso brasileiro, os mesmos oscilaram entre US$ 1,20 e US$ 2,10/bushel. Nos EUA, o Golfo do México indicou valores entre US$ 1,03 e US$ 1,12. Enfim, no porto de Rosário (Argentina), os valores ficaram entre 75 centavos e US$ 1,30/bushel.
Por sua vez, no mercado brasileiro os preços melhoraram um pouco devido a uma pequena desvalorização cambial, além do movimento de Chicago. Na quinta-feira (31) o mercado trabalhou com um câmbio ao redor de R$ 2,26 por dólar. Assim, a média gaúcha no balcão ficou em R$ 58,69/saco na última semana de julho. Os lotes giraram entre R$ 62,50 e R$ 63,00/saco. Nas demais praças nacionais, os lotes ficaram entre R$ 56,00/saco em Sapezal (MT) e R$ 64,00/saco em Pato Branco (PR).
Segundo Safras & Mercado, a área semeada com soja no Brasil, para 2014/15, deverá aumentar em 4%, atingindo a 31,2 milhões de hectares. Em clima normal a mesma poderá resultar em um recorde de 94,4 milhões de toneladas, ou seja, aumento de 9% sobre as 86,6 milhões de toneladas de 2013/14. Essa realidade, somada ao quadro que se desenha na Argentina, irá pressionar ainda mais para baixo os preços internos da oleaginosa em 2015, caso os EUA confirmem sua safra.
Quanto aos preços futuros, o interior gaúcho, para maio/15, indicou valor de R$ 56,00/saco FOB na compra. No Mato Grosso, para fevereiro/15, o saco de soja em Rondonópolis ficou em US$ 20,00 (R$ 45,20/saco ao câmbio de hoje). Em Goiás, para abril/15, o valor ficou em R$ 49,00/saco. Em Minas Gerais (Uberlândia), para o mesmo mês, o saco de soja chegou a R$ 51,00. Enfim, na Bahia, Maranhão, Piauí e Tocantins, o preço futuro da soja, para maio/15, ficou respectivamente em R$ 49,00; R$ 46,40; R$ 49,40; e R$ 45,00/saco.
Aqui no Rio Grande do Sul, pelos valores apresentados neste final de julho para maio/15 em Chicago, e considerando um câmbio entre R$ 2,20 e R$ 2,25 em março/abril próximos, o saco de soja no balcão ficaria ao redor de R$ 45,00 quando da colheita da nova safra.
Fonte: CEEMA