Comentários referentes ao período entre 12/07/2013 a 18/07/2013
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum ¹
Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca ²
As cotações da soja em Chicago registraram um movimento normal durante a semana. Com o primeiro mês cotado passando a ser agosto, a partir do dia 15/07, o bushel da oleaginosa acabou recuando quase um dólar naquele dia, porém, em considerando o comportamento que vinha ocorrendo para agosto, as cotações subiram um pouco, fechando a quinta-feira (18) em US$ 14,69/bushel (um ano antes o bushel estava em US$ 16,83). Nota-se o forte recuo do óleo de soja, agora cotado em 45,52 centavos de dólar por libra-peso no fechamento deste dia 18/07 (um ano antes o óleo estava valendo 54,01 centavos em Chicago), enquanto o farelo cedeu para US$ 470,40/tonelada curta (um ano atrás a tonelada curta valia US$ 514,00).
O quadro geral é o mesmo, agora com a distância entre o preço atual e a cotação de novembro/13 baixando para US$ 2,04/bushel já que o fechamento para este último mês, neste dia 18/07, ficou em US$ 12,65/bushel.
O mercado vive o período especulativo do clima nos EUA, embora não haja motivos para maiores preocupações, pelo menos por enquanto, e uma safra superior a 93 milhões de toneladas continua se confirmando. Todavia, durante a semana a meteorologia apontou curtos períodos de seca no Meio-Oeste dos EUA, fato que bastou para aquecer as cotações. Na prática, como os atuais estoques daquele país estão em níveis muito baixos, uma recuperação dos mesmos somente viria com uma safra cheia a ser colhida a partir de outubro. Ou seja, qualquer possibilidade de quebra eleva as cotações no curto prazo. E a especulação está fazendo o possível para aproveitar tais momentos, resistindo ao máximo à tendência de recuo nas cotações. Nos próximos 45 dias as lavouras estadunidenses estarão em seu período crítico em termos climáticos.
Nesse sentido, o USDA divulgou que, até o dia 14/07, as lavouras entre boas a excelentes atingiam a 65% do total, contra 27% em situação regular e 8% em condições ruins a muito ruins. No primeiro caso houve um recuo de dois pontos percentuais em relação à semana anterior. O mercado também está receoso quanto ao atraso da futura colheita, devido a um plantio mais tardio, fato que criaria um período mais longo de entressafra com poucos estoques.
Paralelamente, a Associação Norte-Americana dos Processadores de Óleos Vegetais (NOPA) divulgou que a trituração de soja estadunidense, em junho, atingiu a 3,24 milhões de toneladas, contra 3,34 milhões em maio e 3,14 milhões que era a expectativa do mercado.
Por outro lado, as inspeções de exportação de parte dos EUA alcançaram, na semana encerrada em 11/07, um volume de 99.876 toneladas, contra 67.519 toneladas da semana anterior (número revisado). No acumulado do ano comercial 2012/13, iniciado em 1º de setembro, o volume alcança a 35,16 milhões de toneladas, contra 34,02 milhões um ano antes.
Enfim, a China anunciou novo recorde mensal de importações de soja, devendo comprar 7 milhões de toneladas do produto em julho.
Quanto aos prêmios nos portos, para o mês de agosto próximo os mesmos voltaram a ser negativos no Brasil, com exceção de Rio Grande. Neste caso, os mesmos ficaram entre 15 e 30 centavos de dólar por bushel positivos. Já no restante do Brasil tivemos prêmios entre menos 4 e menos 10 centavos por bushel. Em Rosário (Argentina) o prêmio ficou entre zero e 15 centavos de dólar positivo. Já nos EUA, enquanto a nova safra não entra, os prêmios oscilaram positivamente entre 68 centavos e US$ 1,10 por bushel.
Por sua vez, no Brasil os preços permaneceram firmes, embora o câmbio tenha cedido um pouco no meio da semana, ficando em R$ 2,22 por dólar. Assim, o balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 63,71/saco, enquanto os lotes fecharam a semana entre R$ 68,50 e R$ 69,00/saco. Nas demais praças nacionais, os lotes ficaram, no disponível, entre R$ 56,00/saco em Sapezal (MT) e R$ 66,00/saco em Pato Branco (PR), acusando um leve recuo em relação a semana anterior.
Quanto ao mercado futuro, o preço de compra no porto de Paranaguá (PR), para março/14, atingiu a US$ 27,50/saco (R$ 61,00/saco ao câmbio atual), contra R$ 69,50/saco no disponível atualmente. No Rio Grande do Sul, na compra, para maio/14, o valor se manteve em R$ 61,00/saco. No Mato Grosso, a região de Rondonópolis fechou a semana com valores ao redor de R$ 51,50/saco para fevereiro/março do próximo ano, na compra. No Mato Grosso do Sul (Dourados), enquanto o disponível veio para R$ 60,00 no momento, o preço futuro (fevereiro/14) ficou em R$ 51,00/saco na compra. Em Goiás, indicações de compra a US$ 23,50/saco para fevereiro/14 (R$ 52,20/saco ao câmbio de hoje). Na região de Brasília valores de R$ 54,00/saco para abril/14. Em Minas Gerais, para março/14, valores de R$ 54,50, enquanto na Bahia o saco de soja, para maio/14, ficou em R$ 55,00. Para o mesmo mês, o Maranhão registrou R$ 53,50; Piauí R$ 56,30; e Tocantins R$ 52,80/saco. (cf. Safras & Mercado) Na BM&F/Bovespa, o contrato agosto/13 ficou em US$ 31,30/saco e o mês de novembro/13 a US$ 29,28/saco.
¹ Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
² Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.