SÃO PAULO, 14 Mar (Reuters) – Os diferenciais para a soja ofertados pelos compradores internacionais no porto de Paranaguá (PR) atingiram valores negativos pela primeira vez nesta safra 2012/13, pressionados pelo maior volume de grãos disponíveis, com a intensificação da colheita no Brasil.
Segundo representantes do mercado, os atrasos nos embarques em função do gargalo logístico também colocaram pressão sobre os chamados prêmios.
A soja brasileira passou a ter desconto na comparação com o primeiro contrato da bolsa de Chicago (CBOT), ficando em -2 centavos de dólar na quarta-feira.
Na segunda-feira, ainda havia um prêmio de 4 centavos por bushel contra a cotação de Chicago, situação bem diferente da vista antes da intensificação da colheita.
Em 1o de fevereiro, quando o volume colhido era menor, o prêmio era de 1,20 dólar e, no fim de 2012, na entressafra, o prêmio chegou a 1,40 dólar sobre o primeiro contrato de Chicago.
A colheita no Brasil atingiu nesta semana cerca de metade de uma safra recorde estimada para superar 80 milhões de toneladas. Mas a situação logística deficitária do país também tem pesado nos diferenciais.
“O gargalo logístico foi muito ruim, realmente. Há muita lentidão”, disse um operador do mercado, em São Paulo, na condição de anonimato.
Segundo ele, o atual volume total de grãos, entre soja e milho, esperando para embarque em Paranaguá está em cerca de 4,6 milhões de toneladas, enquanto a capacidade máxima de embarque do porto é de 65 mil toneladas por dia. Esse volume todo demoraria 70 dias para ser embarcado.
Segundo os traders, os problemas nos portos brasileiros afastam um pouco os compradores internacionais, que passam a oferecer prêmios menores.
Por outro lado, descontos para a soja nesta época do ano são comuns, devido à maior disponibilidade do produto, com o avanço da colheita no Brasil. Mas em 2013 a redução nos prêmios é considerada mais acentuada que em outros anos.
“A pressão de safra faz com que os prêmios recuem, com bastante gente vendendo. O mercado precifica isso”, disse o operador Adelson Gasparin, da corretora Agroinvvesti, do Rio Grande do Sul.
Junto com o porto de Santos, Paranaguá lidera na exportação de grãos no Brasil.
(Por Gustavo Bonato)