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Inflação por faixa de renda – Março/2022
Em março, o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda registrou taxas de inflação variando entre 1,24% para as famílias pertencentes aos estratos de renda mais alta e 1,74% no segmento de renda mais baixa. No acumulado no ano até março, a inflação varia entre 2,68% para o segmento de renda alta e 3,40% para o segmento de renda muito baixa. No acumulado em doze meses, a inflação varia entre 10% para as famílias de renda mais alta e 12% para as de renda mais baixa (tabela 1).
De acordo com os dados desagregados (tabela 2), observa-se que, de maneira geral, as maiores contribuições à inflação, em março, vieram dos grupos “alimentação e bebidas” e “transportes”. Nota-se, entretanto, que, enquanto para as duas classes de renda mais baixa a alta dos preços dos alimentos no domicílio foi o principal fator de pressão inflacionária, para os demais segmentos os aumentos do grupo transportes, especialmente dos combustíveis, formam os maiores pontos de impacto inflacionário.
No caso das famílias de renda mais baixa, a influência exercida pelos alimentos no domicílio, em março, foi decorrente de uma alta de preços generalizada que atingiu todos os dezesseis subgrupos que compõem este conjunto de bens, abarcando itens de grande relevância na cesta de consumo, como: arroz (que subiu 2,7%), feijão (6,4%), cenoura (31,5%), batata (4,9%), leite (9,3%), ovos (7,1%) e pão francês (3,0%). Já a pressão vinda do grupo transportes reflete muito mais o reajuste das tarifas de ônibus urbano (1,3%) e interestadual (3,0%) do que o aumento dos combustíveis, dado que o peso deste item na cesta de consumo destas famílias é bem menor que nos segmentos de renda mais alta. Por fim, deve-se ressaltar que, embora em menor intensidade, os aumentos de 6,6% do gás de botijão e de 1,1% da energia elétrica explicam a contribuição do grupo habitação à inflação das faixas de menor poder aquisitivo.
Na outra ponta, a inflação apurada para as famílias de renda mais alta foi impactada, sobretudo, pelo comportamento do grupo transportes, repercutindo a alta de 6,7% da gasolina, de 13,7% do óleo diesel e de 8,0% dos transportes por aplicativo, cujos efeitos foram, em parte, atenuados pela queda de 7,3% das passagens aéreas. De modo semelhante, a redução de 0,69% dos planos de saúde ajudou a dirimir o impacto do grupo saúde e cuidados pessoais, pressionado pelos reajustes de 1,3% dos medicamentos e de 2,3% dos produtos de higiene pessoal.
Na comparação com o mesmo período do ano passado, enquanto a inflação do segmento de renda muito baixa passou de 0,71%, em março de 2021, para 1,74%, em março 2022, a taxa apurada na faixa de renda mais alta passou de 1,0% para 1,24% na mesma base de comparação (gráfico 1). Para as famílias de renda mais baixa, o melhor desempenho dos alimentos em 2021, marcado por deflações de cereais, tubérculos e óleos e gorduras, aliado à queda de preços observada nos medicamentos e produtos de higiene e aos reajustes menos intensos do gás de botijão e da energia, explica este comportamento mais benevolente da inflação no ano passado. No caso das famílias de renda mais elevada, mesmo diante de uma variação mais intensa dos combustíveis ocorrida em março do ano passado, a alta menos acentuada da inflação em 2021 reflete os reajustes mais amenos dos serviços pessoais e as deflações dos serviços educacionais e de recreação.
Como consequência da alta mais forte em março de 2022, a inflação acumulada em doze meses voltou a subir para todas as classes de renda (gráfico 2), com a maior alta no período tendo ocorrido na classe de renda muito baixa (12,0%), enquanto a menor é verificada no segmento de renda alta (10,0%).
Os dados desagregados revelam que, para as famílias de renda mais baixa, a maior pressão inflacionária nos últimos doze meses reside no grupo habitação, impactado pelos reajustes de 28,5% das tarifas de energia elétrica e de 29,6% do gás de botijão (tabela 3). Para o segmento de renda mais alta, o foco está no grupo transportes, refletindo os aumentos dos combustíveis – gasolina (27,5%), etanol (24,6%), diesel (46,5%) e gás natural (45,6%) –, além do reajuste de 42,7% do transporte por aplicativo. Adicionalmente, o comportamento dos alimentos no domicílio, em especial os aumentos de 55,9% dos tubérculos, de 8,1% das carnes, de 18,9% de aves e ovos, de 13,5% dos leites e derivados e de 10,8% dos panificados, também provocou impactos altistas significativos sobre a inflação no período, sobretudo para as camadas de renda mais baixa.
Fonte: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA
Análise do Mercado de Ovos no Estado de Goiás – 20/04/2020
Nos últimos meses o mercado de ovos vem passando por momentos de grande instabilidade no Brasil, especialmente devido à volatilidade dos custos de produção, e em Goiás este cenário não é diferente.
As constantes altas nas cotações das commodities agrícolas, notadamente milho e soja, que são os principais componentes na produção da ração presente na dieta das poedeiras comerciais, são um bom exemplo.
Dentre os principais fatores que exerceram influência sobre o mercado de produção de ovos nos últimos tempos podemos destacar:
- Alterações no comportamento do consumidor brasileiro que, entre 2010 e 2019 aumentou em 55,41% o consumo per capita de ovos, passando de 148 para 230 ovos por habitante/ano, segundo a ABPA1.
- Elevação nos preços das commodities.
- Elevação nas cotações do dólar.
Dos custos de produção
No período compreendido entre Julho de 2019 e Abril de 2020, o câmbio (Dólar Americano) sofreu uma elevação média de 41,82% – passando de R$ 3,73 para R$ 5,29. Uma série de micronutrientes que são componentes para a produção de ração animal são importados, e portanto sofrem ação direta da variação cambial. Também não podemos nos esquecer das vacinas e demais medicamentos, que também têm seus princípios ativos importados, em sua grande maioria.
No caso do milho, principal componente na fabricação de rações para aves poedeiras, respondendo em média por 60% a 70% do volume, houve uma considerável elevação das cotações nos últimos meses. Segundo dados da CONAB2, entre Agosto de 2019 e Março de 2020 os preços médios do cereal subiram cerca de 69,45% no estado de Goiás, passando de R$ 27,20 para R$ 46,09 a saca. Essa elevação de preços já vem sendo noticiada por alguns veículos de imprensa – Clique aqui.
Em São Paulo o indicador CEPEA3, que é uma das principais referências para os preços do milho no Brasil, também sofreu considerável elevação, alcançando uma variação de 50,92% entre Agosto de 2019 e Março de 2020, passando de R$ 35,91 para R$ 56,67 a saca de 60 kgs.
O Farelo de Soja, outro importante componente na ração das aves, também sofreu com as elevações de preços. Dados da FAEG4 apontam para uma elevação da ordem de 49,53% entre Agosto de 2019 e Março de 2020, passando de R$ 1.070,00 para R$ 1.600,00 a tonelada. O farelo de soja responde em média por 20% a 30% no volume das rações produzidas.
Dos preços pagos aos produtores de ovos
Em São Paulo os preços pagos aos produtores de ovos, conforme aponta os dados do IEA5, subiram 31,31% entre Agosto de 2019 e Março de 2020, passando de R$ 79,59 para R$ 104,51 a caixa de trinta dúzias (ovos brancos tipo extra).
No estado de Goiás segundo a CONAB2, os preços subiram 28,40% entre Agosto de 2019 e Março de 2020, passando de R$ 99,55 para R$ 127,82 a caixa com trinta dúzias (ovos brancos tipo grande).
Da relação entre oferta x demanda
Segundo Mankiw6, oferta e demanda são as duas palavras que os economistas usam mais frequentemente – e com boas razões. A oferta e a demanda são as forças que fazem as economias de mercado funcionar. São elas que determinam a quantidade produzida de cada bem e o preço pelo qual o bem será vendido. Se quiser saber como a economia será afetada por qualquer acontecimento ou política, você precisa pensar, primeiro, nos impactos provocados sobre a oferta e a demanda.
No caso dos ovos essa lei da oferta e demanda também é válida em toda a sua extensão, principalmente nestes momentos em que ocorre uma elevação abrupta da demanda. Cabe ressaltar também que, por se tratar de um produto de origem animal, sua oferta não pode ser elevada de forma imediata, uma vez que depende da criação de novas aves, o que demandaria no mínimo de 5 a 7 meses.
Ocupando um local de destaque dentre os alimentos por sua versatilidade na culinária, o ovo é um dos alimentos mais nutritivos do mundo e ocupa os primeiros lugares do famoso ranking de super alimentos. Está entre os alimentos mais antigos consumidos pelo homem, e ao longo do tempo passou também a ser usado como ingrediente em diferentes receitas.
Está presente também na composição de medicamentos, cosméticos, além de possuir um valor simbólico em diferentes países, desde representar a criação da vida ou o renascimento, ao desejo de boa sorte e felicidade.
Nas últimas semanas o consumo de ovos disparou no país, devido às medidas de distanciamento social impostas pela pandemia do Coronavírus, conforme já vem sendo veiculado na imprensa nacional – Clique aqui.
Conclusões
Face às observações e dados aqui apresentados, podemos esperar mais aumentos nos preços dos ovos para as próximas semanas ou meses. Para isto basta observar que, a ração representa mais de 80% no custo de produção dos ovos, e que seus principais ingredientes (milho e farelo de soja), em Goiás tiveram elevação de preços da ordem de 69,45% e 49,53% respectivamente. Igual situação podemos ver na questão do câmbio, que possui interferência direta no preços de vários insumos de produção, e que neste caso subiu 41,82%.
Na avicultura geralmente as margens são muito apertadas, e portanto podemos afirmar que os produtores não conseguirão segurar o repasse de preços por muito tempo, uma vez que a elevação de 28,40% verificada nas cotações dos ovos em Goiás, nem de longe é capaz de cobrir a variação que ocorreu nos preços dos insumos de produção.
Elaborado por: Marsio Antônio Ribeiro7
1. ABPA - Associação Brasileira de Proteína Animal 2. CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento 3. CEPEA - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada 4. FAEG - Federação da Agricultura do Estado de Goiás 5. IEA - Instituto de Economia Agrícola de São Paulo 6. Mankiw, N. G. Introdução à economia – Tradução da 8ª edição norte-americana (página 54) – São Paulo, SP : Cengage, 2020 7. Economista; Pós graduado em Agronegócios pela UFPR; Pós graduado em Controladoria e Finanças pela UNIALFA
2018, mais complicado que 2017
O ano de 2018, em seus primeiros dias, já está confirmando os alertas feitos! A economia passará por grandes turbulências no Brasil. Apesar de alguns indicadores econômicos, caso do PIB, apontarem para uma melhoria, os mesmos não são suficientes para oferecer garantias de sustentabilidade no médio prazo.
No cenário internacional, o aquecimento da economia dos EUA confirma a necessidade de aumento nos juros básicos daquele país. Isso fez com que estourasse a primeira bolha especulativa do ano, com Nova York e as demais bolsas de ações mundiais recuando fortemente neste dia 05/02. Existe a projeção de três aumentos de juros nos EUA no corrente ano.
Ora, juro mais alto naquele país tende a deslocar capitais dos países emergentes, caso do Brasil, para a América do Norte. Como o Brasil é tomador de capital externo, tal situação levará a uma desvalorização do Real, com potencial inflacionário importante, o qual obrigará a uma elevação de nosso juro básico (Selic).
No front interno, a ameaça de o governo brasileiro romper com a “regra de ouro” nos levou ao rebaixamento de nossa nota de crédito no exterior, nos deixando três degraus abaixo do grau de investimento (esta regra compõe a Lei de Responsabilidade Fiscal, determinando que o montante das operações de crédito não pode ser superior ao valor dos investimentos, tendo por objetivo impedir que o governo contraia financiamentos para quitar despesas correntes, ou seja, para manter a máquina pública funcionando. O descumprimento da mesma se equivale ao fato de um consumidor usar o cheque especial como complemento salarial no final do mês, pagando juros, ao invés de cortar despesas).
Esta realidade reforça o fracasso do governo na realização do ajuste fiscal necessário. Aliás, o rombo de R$ 124,4 bilhões nas contas do governo central em 2017, embora abaixo da meta corrigida de R$ 159 bilhões, é enorme, representando 1,9% do PIB. O total da dívida pública bruta brasileira deverá atingir 74,8% neste ano, contra 51,3% em 2011 (somente a dívida pública federal equivale, hoje, ao PIB total do México ou da Indonésia). E para 2018, já há um buraco calculado ao redor de R$ 200 bilhões.
Neste contexto, acaba de ser anunciado um bloqueio no orçamento federal da ordem de R$ 16,2 bilhões, visando permitir que se alcance pelo menos o déficit primário projetado, que é de R$ 159 bilhões.
Mas novos cortes serão necessários, especialmente se a Reforma da Previdência não sair. E mesmo que saia, será muito pequena e pouco ajudará (aliás, até o dia 20/02 tal reforma será definida no país e, caso não saia, deixará o mercado nacional ainda mais turbulento, com a Bovespa recuando e o Real se desvalorizando de forma mais intensa, fato que forçará a reversão da Selic).
Soma-se a isto o fato de a inflação oficial em porcentagem, ter potencial para quase dobrar, embora fique ao redor do centro da meta oficial (4,5% ao ano). Com isso, o consumo das famílias, que vem puxando timidamente o PIB, ficará mais comprometido. Especialmente porque continuamos tendo, neste início de 2018, um pouco mais de 60% de famílias brasileiras inadimplentes (no Rio Grande do Sul, as famílias inadimplentes em janeiro/18 eram 46,2% do total, contra 27,7% em janeiro/17). E a redução do desemprego pouco ajuda, pois ainda temos 11,8% de desempregados, sendo que os empregos gerados até o momento são majoritariamente informais e/ou de baixa qualidade (mesmo que com franca redução, 2017 foi o terceiro ano consecutivo com saldo negativo na geração de empregos no país).
Portanto, de baixa remuneração (a quantidade de pessoas empregadas com carteira assinada recuou 2% no quarto trimestre de 2017, enquanto o percentual de trabalhadores sem carteira assinada aumentou 5,7%)! Aliás, o rendimento médio da população brasileira fechou 2017 em R$ 2.154,00, aumentando apenas 1,6% sobre 2016, enquanto a inflação oficial no ano passado foi de 2,95%. É bom lembrar que a média do endividamento brasileiro era de R$ 4.400,00 por pessoa no final de 2017.
Ou seja, mais do que o dobro da renda auferida. Por outro lado, a turbulência maior está por vir na medida em que a campanha eleitoral para Presidente da República avançar em um contexto em que os pré-candidatos existentes não oferecem confiança. O risco de elegermos um “populista irresponsável para com as contas públicas” é enorme.
Em tal contexto, não é por acaso que os investidores estrangeiros, em janeiro, já frearam suas participações no mercado brasileiro. Por sua vez, grande parte dos Estados da Federação estão quebrados, caso do Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, o mesmo acontecendo com os municípios (no Rio Grande do Sul, 2017 terminou com 25% dos municípios no vermelho, com a situação geral devendo piorar em 2018). Enfim, a safra de verão atual será menor, com preços médios baixos, consolidando uma situação que já foi ruim em 2017. Ou seja, se no ano passado os preços não reagiram, porém, houve volume produzido, neste ano o risco é de, comparativamente, termos pouca mudança nos preços e menor volume de produção.
Portanto, 2018 será muito turbulento, podendo mesmo ser mais complicado que 2017, confirmando, infelizmente, que estamos longe da saída da crise econômica e de uma recuperação sustentável.
Fonte: CEEMA
Visite aqui o Relatório FOCUS do Banco Central – Edição de 09/02/2018
Brasil decide liberar importação de feijão, mas…
BRASÍLIA (Reuters) – O presidente interino Michel Temer anunciou nesta quarta-feira a liberação da importação do feijão num esforço para diminuir o preço do alimento, cuja alta recente vem impactando a inflação.
Em nota no site do Planalto, o governo anunciou que a liberação contemplará a importação do feijão da Argentina, Paraguai e Bolívia. Também está sendo estudada a importação do produto do México, após assinatura de acordo sanitário, e da China.
Segundo o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, “o preço do principal produto na mesa dos brasileiros subiu em função de questões climáticas, que ocasionou a perda de praticamente todas a safra no Centro-Oeste”.
“Isso ocasionou uma queda na oferta e um aumento na demanda, fazendo com que os preços subissem”, afirmou o ministro no comunicado.
(Por Marcela Ayres)
Apresentada a notícia, passemos à análise crítica.
À exceção da China, nenhum dos países apontados pela reportagem acima figuram realmente entre os Players deste produto. Tal conclusão pode ser constatada nos gráficos abaixo, elaborados esta manhã utilizando dados da FAO/ONU.
Mesmo a China, ainda que figure entre os Players, sua produção é muito pequena e provavelmente não poderá nos atender.
Conclusão: Autorizar a importação não necessariamente significará que teremos uma reposição da oferta de feijão.
O Petróleo é nosso?
O famoso slogan “O Petróleo é nosso”, amplamente defendido por governos e líderes populistas desde a era Vargas (fundação da Petrobrás), não me parece muito sensato nos dias atuais.
Hoje vivemos uma nova era do “PeTróleo é nosso” e a estatal “PeTrobrás” tem prestado um desserviço à população brasileira. Na verdade este desserviço vem de muito tempo, passando por diferentes governos e prevalecendo com força e vigor ainda maior na atualidade.
Pois bem, neste feriado de finados resolvi tomar um pouco do meu tempo livre e apresentar aqui algumas informações (dados), que talvez possam permitir ao leitor tirar algumas conclusões acerca da real necessidade de a Petrobrás manter ou não o monopólio do petróleo, e mesmo de continuar sendo uma empresa estatal.
Em primeiro lugar faço uma pergunta ao nosso leitor: Em 2014 qual era a posição ocupada pelo Brasil no ranking dos preços da Gasolina segundo o Banco Mundial?
A resposta é que ocupávamos a 77ª posição, ou seja, nada menos que 76 nações ao redor do planeta tinham uma gasolina mais barata que a nossa. E entre estes países com gasolina mais barata estão alguns com economias parecidas com a nossa (em desenvolvimento), tais como: Índia, China, Rússia, México, etc. E aqui cabe um detalhe, por lá a Gasolina é de qualidade bem superior e raramente tem misturas que reduzem o rendimento (caso do etanol), o que torna a nossa ainda mais cara devido ao menor rendimento (Km rodado por litro).
O Banco Mundial realiza a cada dois ou três anos uma ampla pesquisa sobre os preços dos combustíveis ao redor do mundo, o que nos permite acesso a dados confiáveis sobre o assunto.
No gráfico abaixo apresentamos o comportamento dos preços (em dólar dos EUA) da Gasolina em três países selecionados: Brasil, EUA e Rússia. Também está apresentado no mesmo gráfico os preços do petróleo (por lito). O período abrange os últimos 23 anos após a abertura econômica, 1992 a 2015.
Se observarmos o gráfico acima, podemos notar que os preços da Gasolina no Brasil (barras azuis) são sempre bem mais elevados do que nos EUA (barras vermelhas) e também em relação à Rússia (barras verdes). Podemos também inferir que esses preços mais caros no Brasil independem do preço do Petróleo, ou seja, são sempre mais elevados que nos demais países selecionados.
Já no gráfico abaixo apresentamos a relação existente entre os preços da gasolina no Brasil e os países selecionados.
No gráfico acima podemos observar que, os preços no Brasil são em média 1,78 vezes os praticados nos EUA, e respectivamente 1,70 vezes os praticados na Rússia. Isso deixa claro que o povo brasileiro vem sendo “assaltado” pela empresa do “Petróleo é nosso”.
O gráfico abaixo nos traz outra análise também interessante, qual seja, a relação existente entre o preço do Petróleo e o da gasolina nos países selecionados.
O gráfico deixa clara a ineficiência da gestão na exploração, refino e comércio do petróleo no Brasil. Isso fica evidente ao observarmos que nos EUA o litro da gasolina custa em média 1,71 vezes o preço do petróleo, enquanto na Rússia custa 1,79 vezes. Mas em nossa terra Tupiniquim este número alcança a absurda média de 3,04 vezes, e em casos extremos alcançando 9,73 vezes.
A reflexão e indagação que deixo aos nossos leitores são as seguintes: Precisamos manter o monopólio do Petróleo nas mãos da Petrobrás, e mais, precisamos de uma estatal de petróleo?
Afinal, os combustíveis são um componente importante dentro do processo produtivo de qualquer economia, e os preços que nos são impostos pela Petrobrás certamente reduzem substancialmente nossa competitividade frente à outras economias, onde os combustíveis possuem preços bem mais acessíveis.
Por: Marsio Antônio Ribeiro
Os Mapas da Retaliação Governista
Seria uma mera coincidência o fato de, a energia ter SUBIDO MAIS justamente nos estados que não votaram em DILMA.? Acredito que não, e no meu modesto entendimento o Governo não respeita os princípios republicanos agindo com retaliação contra a população. Os dados (gráficos abaixo) mostram claramente a inexistência de uma isonomia nos reajustes. Peço a você que veja os mapas abaixo e elabore sua própria conclusão dos fatos, eles falam por si só.
Fonte: Folha de São Paulo
Fonte: Portal G1
Feliz 2016
Por: Argemiro Luís Brum – Mestre e Doutor em Economia Internacional
Circula um sentimento, em boa parte dos economistas e instituições empresariais e financeiras do Brasil, que o melhor, neste final de ano, é desejar um Feliz 2016 aos amigos e clientes, tamanhas serão as dificuldades econômicas que o país passará em 2015. Se existem razões concretas para isso, também existe um bom motivo para se ver com mais otimismo o próximo ano. Obviamente, tudo dependerá dos passos que a nova equipe econômica dará. É verdade que terminamos 2014 praticamente no fundo do poço econômico, com um PIB estagnado em 0%; uma taxa de inflação oficial ao redor do teto da meta (6,5%) e uma inflação real pelo menos em 15% ao ano; com uma balança comercial em déficit ao redor de US$ 3 bilhões; com a geração de emprego caindo rapidamente enquanto o desemprego avança em diferentes setores; com um endividamento familiar brasileiro ao redor de 60%, enquanto a inadimplência atinge 25% dos cidadãos deste país; com uma infraestrutura sucateada, indicando novos e fortes reajustes de preços da energia elétrica e dos combustíveis; com escândalos de corrupção pública de toda ordem, particularmente na Petrobrás; com forte ameaça de termos nossa nota de crédito no exterior mais uma vez rebaixada; e assim por diante. Nosso PIB no ano que vem poderá não alcançar 1%. Enquanto isso, a Selic deverá bater entre 12,5% e 13,5% até o final de 2015, em busca de um retorno da inflação ao centro da meta (4,5%), fato que parece impossível devido ao aumento dos preços da energia em geral e das importações puxadas pela desvalorização cambial. Paralelamente, a Bovespa faz tempo que amarga recuos expressivos neste ano, puxados pelo desastre anunciado da Petrobrás, seja pela incompetência gerencial seja pela enorme corrupção que a consome. Atualmente o valor de mercado da maior estatal brasileira é de US$ 50 bilhões, ou seja, 83% a menos do que valia em maio de 2008. Enquanto isso, sua dívida cresceu de US$ 12 bilhões para US$ 110 bilhões. Mas, apesar de tudo isso, o que permite esperar um 2015 que venha a ser, senão positivo, pelo menos um divisor de águas, é o fato de que o governo federal reeleito esteja mudando o modelo econômico. A possibilidade de corrigir o rumo, finalmente, nos permite esperar, em não havendo retrocesso no processo, que em dois anos poderemos começar a sair do atoleiro econômico em que a péssima gestão pública nos colocou nestes últimos cinco anos, comprometendo inclusive os programas sociais. 2015 seria muitíssimo pior se não estivéssemos vendo nenhum movimento para corrigir o rumo, perpetuando os erros que afundariam ainda mais o país na crise. Pelo menos, mesmo que tênue, parece que iniciamos um processo de conserto, embora seja sabido que o remédio será amargo e os cortes serão profundos até voltarmos a respirar economicamente melhor.
Publicado originalmente por: Agrolink
Classe Média.. onde..?
Na semana passada (mais precisamente no dia 15/10), após proferir uma palestra sobre mercado financeiro na UFG, um dos espectadores ali presentes me abordou em particular e fez as seguintes indagações: “Qual o tamanho da Classe Média no Brasil ?”, e “Qual o critério que define as Classes Sociais ?”. Segundo este me informou, ele estaria fazendo a mesma indagação à vários professores, a fim de obter obter uma visão mais abrangente sobre o tema em questão.
Visando não entrar em questões políticas (terríveis nestes tempos de eleição), orientei para que ele se inteirasse da questão, sugerindo duas matérias interessantes.
A primeira, publicada pela Agência Brasil (Governo Federal) em 25/06/2012:
A segunda, publicada pelo portal G1 (Globo) em 20/08/2013:
Em resumo:
Segundo a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) os critérios que definem as classes sociais no Brasil, divulgados no dia 29 de maio de 2012 têm como única variável a renda per capita familiar. A definição foi feita por uma comissão, vinculada à SAE, que aponta três classes gerais: baixa (R$ 81,00 a R$ 291,00), média (R$ 291,00 a R$ 1.019,00) e alta (acima de R$ 1.019,00). A classe média, por sua vez, está dividida da seguinte forma: baixa classe média, com renda familiar per capita entre R$ 291,00 e R$ 441,00; média classe média, entre R$ 441,00 e R$ 641,00; e alta classe média, com renda superior a R$ 641,00 e inferior a R$ 1.019,00.
E segundo os professores Wagner A. Kamakura (Rice University) e José Afonso Mazzon (FEA-USP), a “baixa classe média” inicia com renda média familiar de R$ 2.674,00.
Corrobora com esta constatação o fato de que o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) considera como “Salário Mínimo Necessário” o valor de R$ 2.862,73 em Setembro/2014 (http://www.dieese.org.br/analisecestabasica/salarioMinimo.html).
E o que é o Salário Mínimo Necessário:
É o Salário mínimo de acordo com o preceito constitucional “salário mínimo fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender às suas necessidades vitais básicas e às de sua família, como moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, reajustado periodicamente, de modo a preservar o poder aquisitivo, vedada sua vinculação para qualquer fim” (Constituição da República Federativa do Brasil, capítulo II, Dos Direitos Sociais, artigo 7º, inciso IV). Foi considerado em cada mês o maior valor da ração essencial das localidades pesquisadas. A família considerada é de dois adultos e duas crianças, os dois últimos consumindo o equivalente a um adulto. Ponderando-se o gasto familiar, chega-se ao salário mínimo necessário. Saiba mais em: http://www.dieese.org.br/metodologia/metodologiaCestaBasica.pdf
Minha opinião:
Acredito que os dois critérios são muito superficiais, principalmente o da SAE. Me parece insensato dizer que uma família auferindo renda per capita de R$ 291,00 possa ser considerada de classe média. Mesmo a renda familiar de R$ 2.674,00 proposta pelos professores Wagner A. Kamakura (Rice University) e José Afonso Mazzon (FEA-USP), parece não possuir critérios muito adequados.
Não sou e nem pretendo ser especialista no assunto, mas entendo que a definição de uma classe social deveria incluir outros critérios, tais como o grau de instrução, perfil de consumo, etc.
Direciono meu alerta principalmente às empresas, muitas das quais tem orientado seu planejamento estratégico com base em dados da estratificação social. Tal procedimento, se adotado de forma pouco criteriosa e com base apenas nos indicadores aqui mencionados por ser algo temerário.
O custo da inércia
Por Luciana Seabra | De São Paulo (Valor Econômico – 19/03/2014)
Dez fundos DI e de renda fixa com patrimônio superior a R$ 100 milhões renderam mais dinheiro aos gestores do que aos investidores em 2013. Essas carteiras, com taxa de administração que chega a 5%, reúnem patrimônio de R$ 16,4 bilhões e um total de 929.245 cotistas. A gestão desses fundos, em geral recheadas de títulos públicos, é simples. Entre os argumentos dos gestores para ficar com uma fatia maior do que a que cabe ao aplicador, porém, estão a comodidade do resgate automático e o sorteio de prêmios.
O levantamento foi feito pela Vérios, dona do site Comparação de Fundos, com base em dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) sobre fundos DI e de renda fixa, acessíveis ao investidor, e com mais de R$ 100 milhões em ativos. Para cada um desses fundos, a Vérios simulou quanto um investidor teria líquido ao fim de 2013 se tivesse aplicado R$ 10 mil no começo do ano.
Para a carteira de taxa mais alta, um fundo DI do Santander com patrimônio de R$ 4,1 bilhões, o banco ficou com R$ 516 e o cliente ganhou R$ 264. Outros R$ 56 foram pagos pelo investidor em imposto de renda, considerada a alíquota de 17,5%, incidente sobre fundos de renda fixa para o prazo entre um e dois anos.
O retorno dos dez fundos listados pela Vérios, antes do desconto do imposto, variou entre 0,72% e 4,34% no ano, o equivalente a um percentual entre 9% e 54% do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI), a principal referência para aplicações conservadoras. No mesmo período, para se ter ideia, a poupança antiga rendeu 6,37%, isentos de imposto de renda.
A taxa de administração média dessas carteiras é de 3,88% ao ano. “Esses são fundos de gestão simples, que em casas especializadas teriam taxa na ordem de 0,3% a 0,5%”, diz Daniel Ávila, sócio da Vérios, em referência a gestores independentes. A maior parte das carteiras cuja taxa de administração superou o ganho do investidor é gerida por bancos e oferecida principalmente a clientes de varejo.
A Vérios tem uma plataforma on-line de fundos, em que é possível comparar diferentes produtos. Desde janeiro um sistema gratuito permite consolidar a carteira. O cliente lança o valor, data de aplicação e nome de todos os fundos em que investe e o sistema atualiza a rentabilidade. “Cada vez mais a tecnologia vai permitir acesso a outros produtos. A grande barreira ainda é a questão da confiança. Os bancos de varejo são muito presentes no dia a dia”, diz Ávila.
Os fundos do Santander que aparecem no levantamento são uma opção para os recursos que vão ser usados ao longo do mês, entre o recebimento de um salário e outro, diz Aquiles Mosca, estrategista de investimentos pessoais da gestora do Santander. “Isso não é um fundo para as pessoas aplicarem suas reservas, ele tem um propósito muito específico, que é remunerar os recursos parados em conta corrente no curtíssimo prazo”, afirma.
Nesse tipo de fundo, caso também da carteira da BB DTVM e do Banestes, o cliente pode optar pelo resgate automático de recursos quando o dinheiro em conta corrente acaba. A aplicação automática, quando entram recursos em conta, não é permitida à pessoa física pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), mas funciona para a jurídica. O operacional desses fundos é intenso, para nunca deixar a conta no negativo, o que é custoso, diz Mosca. “Se o dinheiro ficasse parado em conta corrente ia render zero”, defende. No caso da poupança, seria preciso esperar um mês para que o retorno se efetivasse.
O fundo de renda fixa do Banestes, com patrimônio de R$ 660,8 milhões e taxa de administração de 4%, é voltado principalmente para investidores do setor público, com isenção de imposto de renda, segundo José Marcio Soares de Barros, diretor de administração de recursos de terceiros do banco. A possibilidade de resgate automático, diz, evita o custo de um funcionário controlando durante todo o tempo o saldo em tesouraria. “É uma comodidade de que o cliente não abre mão”, diz.
O Itaú Unibanco informou, em nota, que os fundos listados no levantamento, com patrimônio somado de R$ 665,5 milhões, não fazem mais parte da oferta de produtos para os clientes pessoa física e estão fechados para aplicação desde novembro de 2011. O banco afirma ter se preparado ao longo de 2011 e 2012 para uma economia brasileira de taxas de juros mais baixas. Desde o fechamento dos produtos, informa o banco, os fundos já perderam metade do seu patrimônio, com resgates de clientes para uso do recurso ou realocação em outros produtos, com taxas que variam de 2,5% a 0,50%.
O Bradesco respondeu em nota que o chamado Hiperfundo, com R$ 4,7 bilhões de patrimônio e taxa de 3,9%, “tem características de um produto diferenciado cujo apelo comercial não é apenas a rentabilidade mas, também, os sorteios de prêmios”.
Os sorteios, além do resgate automático, são também o mote da carteira de renda fixa da BB DTVM, fundo de maior patrimônio do levantamento, com R$ 5,2 bilhões em ativos sob gestão e taxa de administração de 3,8%. A gestão da carteira é simples, mas o custo operacional é alto, segundo a BB DTVM, devido à presença de cerca de 300 mil cotistas.
“Trabalhamos esse fundo no sentido de adequar as duas questões, para não ser absolutamente irracional enquanto investimento e ao mesmo tempo trazer uma atratividade interessante em termos de premiação”, diz Carlos Takahashi, presidente da BB DTVM. O fundo distribuiu, segundo ele, R$ 3,72 milhões em prêmios de R$ 1,5 mil a R$ 100 mil no ano passado. O investidor, diz, busca o produto pelo prêmio. “É da faceta do brasileiro gostar dessa questão associada a sorteio.” Em termos de rentabilidade, diz Takahashi, existem na própria casa produtos mais atrativos, como fundos DI e renda fixa com taxa de 1,5% para aplicação mínima de R$ 50.
O Banrisul decidiu não se manifestar sobre o assunto, enquanto Safra e Taboaço Nieckele Associdados não responderam aos contatos da reportagem.
“Cabe ao investidor fugir desses fundos de taxas muito altas, porque essa questão de misturar aplicação financeira com prêmios não costuma ser interessante para ele”, diz Bolivar Godinho, professor de Finanças da Fundação Instituto de Administração (FIA) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O resgate automático também não é, na opinião dele, um motivo para aplicar nesse tipo de carteira. “Hoje você consegue fazer resgate de fundos DI pela internet com crédito no mesmo dia”, diz.
“Investimento não é brincadeira”, diz também George Wachsmann, sócio da GPS, que administra recursos de famílias de alto patrimônio. Ele defende que, no caso de fundos com prêmios e títulos de capitalização, o cliente seja muito bem orientado sobre o que é ofertado. “O prêmio parece muito mais uma forma de justificar uma taxa exorbitante”, considera. Para ele, na hora de selecionar um fundo, o investidor deve ser ainda mais exigente e comparar se o que fica com ele é maior do que o que é entregue ao gestor depois de descontado o referencial, como o CDI.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informou em nota que as premiações, quando existentes, não podem ser encargos do fundo, já que não estão previstas no artigo 99 da Instrução 409. A autarquia considerou ainda que entende a taxa de administração como um preço de mercado. “Há muitas opções de fundos de investimento com baixas taxas de administração para os diversos públicos”, apontou. O que a regulação exige, completou, é um nível de transparência adequado para o investidor comparar, escolher, acompanhar e, eventualmente, mudar de aplicação.
Sobre as aplicações e resgates automáticos, Wachsman lamenta que os bancos deixem apenas fundos com taxa de administração elevada disponíveis nessa modalidade. É impossível vincular a conta corrente a um Certificado de Depósito Bancário (CDB), por exemplo, diz.
Está longe de ser tão confortável quanto um fundo com resgate automático, mas Wachsmann diz que a referência do investidor deve ser no limite a compra de uma LFT no Tesouro Direto, sistema de venda de títulos públicos à pessoa física pela internet. Em geral, é esse papel que os fundos DI compram. O título paga a taxa Selic e tem liquidez todas as quartas-feiras.
Uma alternativa mais simples é um fundo DI do mesmo banco, sem aplicação e resgate automático. No caso do Santander e da BB DTVM, por exemplo, há carteiras disponíveis com taxa de 1,5% para quem tem a disciplina de investir sozinho. Em plataformas independentes, como XP, Órama e Guide, há fundos com taxa inferior a 1% para aplicações iniciais baixas.
A taxa de administração média para fundos DI e renda fixa, segundo relatório da Anbima referente a janeiro, é de 0,73%. No caso de fundos de varejo, a taxa média do DI sobe para 1,17% e a das carteiras de renda fixa para 1,06%. O volume de recursos pesa. A taxa de administração média para um fundo DI com tíquete de entrada de até R$ 1 mil é de 3,28%. Já para tíquetes entre R$ 1 mil e R$ 10 mil, a taxa cai para 1,54%.
A Economia Brasileira em 2013: Um Péssimo Ano
A ECONOMIA BRASILEIRA EM 2013: UM PÉSSIMO ANO
A ECONOMIA BRASILEIRA EM 2013: UM PÉSSIMO ANO (II)
Preocupado com a inflação, o governo se viu obrigado a elevar novamente o juro básico. Após iniciar o ano em 7,25%, a Selic caminha para fechar 2013 em 10%, com tendência a continuar se elevando no próximo ano. Isso puxa para cima os juros comerciais, de cartão de crédito, cheque especial, financiamento e outros que, aliás, pouco havia baixado apesar dos esforços oficiais de tentar reduzi-los “no grito”. Confirmando que na economia não há mágica e a ciência em questão é mais exata do que se imagina. E aumentar juros significa colocar um freio adicional ao difícil crescimento econômico que já estamos vivendo. Na área comercial, o país chega no final da terceira semana de novembro de 2013 com um saldo negativo de US$ 105 milhões no acumulado do ano, contra US$ 17,3 bilhões positivos no mesmo período de 2012. Aliás, esse é o pior resultado desde o ano 2000 na área do comércio exterior. Isso impacta nas demais contas públicas. A balança de transações correntes, que inclui o resultado da balança comercial, deverá terminar o ano com um déficit recorde de US$ 70 bilhões, exigindo retirada de reservas para cobrir o rombo que isso gerará na balança de pagamentos. E, por falar em reservas, devido a fatores externos, mas principalmente ao descrédito que o mundo passou a dar às decisões econômicas do atual governo, acusando-o desde o final do ano de 2012 de maquiar os dados da economia, o real enfrentou, a partir de maio passado, uma forte desvalorização. A mesma, em meados do ano, chegou a ultrapassar os 22%. Isso obrigou o governo a comprometer as reservas cambiais, hoje ao redor de US$ 370 bilhões, através de leilões cambiais visando segurar o real em um patamar considerado aceitável (entre R$ 2,15 e R$ 2,25), porém, vem encontrando grandes dificuldades para estabilizá-lo em tais níveis. Ora, um real desvalorizado gera mais inflação pela forte dependência de importações que temos. E o círculo vicioso se fecha!
A ECONOMIA BRASILEIRA EM 2013: UM PÉSSIMO ANO (III)
E, para os desinformados que acreditam no discurso de que não temos mais dívida externa, sinto informar que a mesma iniciou o ano de 2013 em US$ 220 bilhões, atingindo US$ 320 bilhões neste final de ano (um aumento superior a 45% em 12 meses). Para completar o quadro, a dívida interna deverá fechar 2013 ao redor de R$ 2,2 trilhões, ou seja, mais de 50% do PIB nacional projetado para o mesmo ano. Além disso, o superávit primário, que iniciou o ano com a meta de 3,1% do PIB, foi revisto para 2,3% pelo governo e, pelos números deste final de ano, terá dificuldades para atingir a 1,8%. Isso porque o governo, nas suas três instâncias, continua gastando muito mais do que arrecada, sendo que a maior parte dos gastos é para manter a inchada máquina pública. Enfim, o modelo de crescimento baseado no consumo interno definitivamente se esgotou e o governo não gerou modelo alternativo, não fez as reformas estruturais necessárias e nem irá fazê-las em 2014 por ser um ano de eleições presidenciais. Não é de se admirar, portanto, que as manifestações populares igualmente ressurgiram em 2013!