As cotações do trigo, após superarem o teto dos US$ 6,00/bushel ao atingirem US$ 6,06 no dia 1º de dezembro, recuaram um pouco posteriormente fechando a quinta-feira (04) em US$ 5,99/bushel. A média de novembro ficou em US$ 5,51/bushel, contra US$ 5,11 em outubro.
Enquanto o mercado espera o relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para este dia 10/12, o Conselho Internacional de Grãos estima que a safra mundial de trigo ficará em 717 milhões de toneladas em 2014/15. Há um corte de um milhão de toneladas em relação a projeção passada, porém, o número final continua recorde. Lembramos que o USDA, em seu relatório de novembro, apontou uma safra mundial do cereal em 720 milhões de toneladas.
Segundo o analista da AgResource, William Tierney, palestrante do 2º Fórum de Agricultura da América do Sul, ocorrido nesta semana em Foz do Iguaçu (PR), se é possível estimar que as cotações da soja e do milho irão recuar para 2015, quanto ao comportamento das cotações do trigo o cenário é uma incógnita. Segundo ele tudo irá depender do que ocorrerá com o clima na Ucrânia, Rússia e Cazaquistão. Por enquanto a situação aparece normal, porém, a qualquer momento tudo pode mudar. (cf.Safras & Mercado)
Já nos EUA, as vendas líquidas de trigo, para o ano 2014/15, na semana encerrada em 20/11, ficaram em 431.500 toneladas, ficando 16% acima da média das últimas quatro semanas. O Japão adquiriu 131.800 toneladas deste total. Já as inspeções de exportação registraram um volume de 273.755 toneladas na semana encerrada em 27/11. No acumulado do ano comercial 2014/15, iniciado em 1º de junho, o volume alcança 12,1 milhões de toneladas, contra 17,9 milhões no mesmo período do ano anterior.
Ainda em termos mundiais, a Rússia deverá produzir 58 milhões de toneladas de trigo no corrente ano comercial, após 52 milhões no ano anterior. Os russos deverão exportar 22 milhões de toneladas de trigo, contra 18,5 milhões no ano anterior. Os estoques finais ficarão em 7,2 milhões de toneladas, contra 5,2 milhões no ano anterior.
Por sua vez, a Ucrânia anuncia que sua produtividade média em trigo chegaria a 3.890 quilos/hectare, segundo o USDA. Isso representa uma alta de 32% sobre o obtido nos EUA, que deverá ser de 2.940 quilos/hectare. A produtividade ucraniana deste ano é a maior dos últimos 10 anos.
Enquanto isso, a Austrália reduziu sua produção para 23,2 milhões de toneladas, contra as 24,2 milhões antes estimadas.
Na Argentina, a colheita da nova safra de trigo chegou a 38% da área total, que é de 4,6 milhões de hectares segundo o Ministério da Agricultura local. Espera-se um colheita de 12 milhões de toneladas, após 9,2 milhões no ano anterior.
Ao mesmo tempo, nos portos argentinos a nova safra, para embarque em dezembro/janeiro, ficou cotada entre US$ 250,00 e US$ 260,00/tonelada. Com isso, pelo câmbio atual, a paridade de importação, para o trigo no interior do Paraná e do Rio Grande do Sul, ficaria respectivamente em R$ 900,00 e 851,00/tonelada. Paralelamente, o trigo gaúcho embarcado em Rio Grande esteve indicado entre US$ 238,00 e US$ 258,00/tonelada para embarque em dezembro. Ao câmbio atual, o produto fica, nas regiões de produção do Estado, entre R$ 514,00 e R$ 565,00/tonelada ou R$ 30,84 e R$ 33,90/saco.
Aqui no mercado brasileiro, os preços praticados, todavia, continuaram baixos. A média gaúcha no balcão ficou em apenas R$ 24,70/saco, enquanto os lotes chegaram a R$ 480,00/tonelada ou R$ 28,80/saco. No Paraná, os lotes registraram valores entre R$ 550,00 e R$ 580,00/tonelada, ou seja, R$ 33,00 e R$ 34,80/saco.
O governo continua com os leilões de Pepro, sendo que o do dia 27/11 negociou 42,7% das 137.000 toneladas que tiveram recursos ofertados para escoamento. No Rio Grande do Sul, das 80.000 toneladas ofertadas, 28.500 foram demandadas. Nesse dia 04/12 haveria outro leilão de Pepro, com os prêmios apresentado um acréscimo de R$ 5,90/tonelada para todas as regiões onde haveria oferta de recursos para o escoamento do cereal. Assim, para o Rio Grande do Sul o subsídio seria de R$ 70,30/tonelada. No total, esse leilão ofertaria 110.000 toneladas, ou seja, a menor oferta até o momento.
Com o fechamento do mês de novembro notou-se que os preços médios do Paraná ganharam 1,81% em relação ao mês anterior, enquanto no Rio Grande do Sul os preços recuaram 4%, apesar de alguma recuperação no final do mês. A péssima qualidade de boa parte do trigo gaúcho é causa principal deste comportamento de preços.
Para dezembro e janeiro se espera uma redução na busca de trigo por parte dos moinhos, especialmente no Paraná, já que muitos estão estocados. Ao mesmo tempo, os produtores do sul do país, diante da necessidade de caixa, deverão continuar a pressionar para vender seu produto, fato que tende a impedir uma recuperação maior dos preços. Espera-se que a mesma venha a partir de março!
Enfim, o Paraná , através do Deral, informou que a colheita do trigo está encerrada, com a produção final ficando em 3,78 milhões de toneladas, ou seja, um pouco mais baixa do que as últimas estimativas, porém, muito superior à fracassada safra passada que ficou em apenas 1,89 milhão de toneladas. O produtor paranaense já comercializou 37% de sua nova safra de trigo.
Aqui no Rio Grande do Sul, segundo a Emater, a colheita chegou a 95% da área e a quebra física vai se confirmando ao redor de 50%. Ao mesmo tempo, grande parte do que foi colhido se apresenta com qualidade de triguilho, ou seja, produto para ração animal.
Fonte: Ceema