Comentários referentes ao período entre 04/10/2013 a 10/10/2013
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum ¹
Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca ²
Guilherme Gadonski de Lima ³
As cotações do trigo em Chicago fecharam a semana em US$ 6,85/bushel, perdendo quatro pontos em relação ao fechamento de uma semana antes. Também aqui o mercado ficou estável e sem referências de estatísticas oficiais devido a paralisação nas atividades dos setores públicos dos EUA. Assim, os tradicionais relatórios semanais não estão saindo, as informações de prêmio no porto tampouco e igualmente o relatório mensal de oferta e demanda, previsto para este dia 11/10, foi cancelado.
Desta forma, na linha da soja e do milho, o mercado do trigo está ao sabor de informações técnicas e da especulação.
Dito isso, o Canadá está colhendo sua maior safra da história, com estimativa de 33 milhões de toneladas.
No Mercosul, os preços se mantiveram firmes diante das quebras de produção no Paraguai, Brasil e parte da Argentina. O embarque a partir de 15 de dezembro, pelo Up River argentino, ficou em US$ 328,00 a US$ 330,00/tonelada na compra. Já em Baia Blanca o valor ficou em US$ 325,00/tonelada. Para o produto embarcado em Necochea, também para janeiro, o valor é de US$ 320,00/tonelada na compra. Assim, a indicação de venda de trigo brasileiro, no FOB Rio Grande, com embarque em dezembro, seria de US$ 300,00/tonelada. Isso significa R$ 590,00/tonelada (R$ 35,40/saco) nas regiões produtoras do Rio Grande do Sul. (cf. Safras & Mercado)
Enquanto isso, no mercado brasileiro o Paraná, que registra 46% da área colhida, a base de compra recuou para R$ 900,00/tonelada (R$ 54,00/saco). Os lotes de boa qualidade ainda são muito poucos, fato que mantém os preços elevados para este tipo de trigo naquela região.
A expectativa atual de colheita no Paraná gira em torno de 1,7 milhão de toneladas, com muito trigo de qualidade inferior. O produtor local teria comercializado 17% da safra até o momento. Para o Rio Grande do Sul fala-se em produção de 2,45 milhões de toneladas, porém, ainda há muita indefinição quanto às quebras que ali poderiam ter acontecido, mesmo que muito menores do que as registradas no Paraná. Assim, o Brasil ainda poderá colher um total de 4,7 milhões de toneladas, embora um bom volume de produto com qualidade apenas mediana. Esse volume será ainda maior do que a safra passada, que ficou em 4,3 milhões de toneladas, porém, bem abaixo das 5,7 milhões de toneladas inicialmente projetadas para 2013.
Vale destacar que neste ano não deverá haver leilões de PEP para exportação do produto, fato que poderá colocar em grandes dificuldades o escoamento da safra gaúcha, mesmo tendo qualidade superior. Afinal, do total produzido no mercado gaúcho, a indústria local consumiria apenas 800.000 toneladas, sobrando 1,65 milhão de toneladas para exportação, sem PEP. No ano passado mais de 90% da safra gaúcha teria sido escoada para o mercado externo. (cf. Safras & Mercado)
Assim, no mercado gaúcho espera-se o início da colheita para uma definição de preço. Por enquanto, o interesse de compra gira entre R$ 820,00 e R$ 850,00/tonelada (R$ 49,20 e R$ 51,00/saco). O patamar de preços no mercado gaúcho irá depender, segundo Safras & Mercado, dos preços praticados no Paraná, podendo haver busca paranaense pelo produto gaúcho; o custo de importação do trigo dos EUA para os moinhos gaúchos (mais tarde o custo de trazer o produto da Argentina e do Uruguai), lembrando que o Real voltou a se valorizar, fechando a semana a R$ 2,18 por dólar; e, sem o PEP, a importante safra gaúcha, até o momento, poderá encontrar dificuldade de armazenamento e escoamento, nesse último caso, ao exterior.
Enfim, na paridade de importação, com base no trigo hard do Kansas (EUA), o produto chegaria nos moinhos do Sudeste brasileiro, no câmbio atual, a US$ 419,00/tonelada. Nessas condições, para chegar ao mesmo preço, o produto das regiões produtoras do Paraná teriam que negociar o seu produto a R$ 812,00/tonelada FOB, ou seja, R$ 48,72/saco.
¹ Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
² Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.
³ Estudante do Curso de Economia da UNIJUI – Bolsista PET-Economia.