por Gilda M. Bozza, Economista do DTE/FAEP
O desempenho dos preços no mercado internacional no 1º semestre de 2013 em comparação ao ano de 2012 mostra uma variação positiva para as três principais commodities, a saber: soja, milho e trigo.
No caso da soja, a variação foi de 8,2% alavancada por baixos estoques da soja norte-americana, com preço médio de US$ 32,13 por saca, preço 8% superior a igual período de 2012 (US$ 29,68 por saca). No decorrer do 1ª semestre de 2013 a soja experimentou volatilidade influenciada por fatores fundamentais (estoques), mercado do clima nos Estados Unidos e especulações na Bolsa de Chicago.
Se não houver contratempos, os Estados Unidos deverão ter uma safra recorde de 92,2 milhões de toneladas, voltando a ocupar a posição de principal produtor mundial. Com a entrada deste volume de soja norte-americana no mercado deverá ocorrer pressão nos preços internacionais e internos. As perspectivas apontam para um cenário de preços menores no segundo semestre de 2013. Na opinião de alguns especialistas, o preço internacional do grão deverá ser entre US$ 21,49 a US$ 25,59 por saca.
Os preços da soja e do dólar permanecem em caminhos opostos, ou seja, na contramão de um e outro, quando um sobe o outro desce e vice-versa. Exceção observada no mês de junho, quando da virada do dólar, que acumula alta no ano de 9,2%.
No mercado do milho, os preços internacionais experimentaram variação positiva no período em análise, passando de US$ 14,86 por saca para US$ 16,20 por saca, apontando um aumento de 9 %. O período também foi de volatilidade haja vista o mercado do clima nos Estados Unidos e o desenvolvimento das lavouras norte-americanas.
Num primeiro momento, houve atraso no plantio devido às condições climáticas adversas, mas com a tecnologia predominante, esse atraso foi superado. Já no segundo momento, as condições climáticas para o desenvolvimento da cultura ditam o tom na Bolsa de Chicago, onde condições favoráveis de clima pressionam os preços para baixo e condições desfavoráveis, implicam em alta.
No cenário internacional de preços do trigo, o preço médio foi de US$ 15,83/saca contra US$ 14,22/saca, uma variação positiva de 11,3%. Igualmente no mercado do trigo, observa-se a pressão do mercado do clima.
PARANÁ
A comercialização da safra de soja é de 74%. Os preços internos no período janeiro/junho13 estão 10,1% superiores quando comparados ao igual período de 2012. De janeiro a junho de 2013, o produtor paranaense recebeu o preço médio de R$ 54,91 por saca. Em igual período de 2012, a média foi de R$ 49,85 por saca.
O movimento de volatilidade observado de janeiro a junho/13 se deu por conta de diferentes fatores, a saber: entrada da safra, a questão logística paranaense, o cancelamento de navios de soja para a China e mais recentemente a entrada no jogo, do “mercado do clima” que se estende até agosto. No Paraná a produção prevista na safra 2012/13 é de 15,8 milhões de hectares e uma produtividade média de 3.378 kg/hectare.
No mercado do milho, o preço no período analisado foi de R$ 22,01 por saca, no entorno de 1,6% superior ao preço vigente em igual período de 2012 (R$ 21,67/saca). O avanço da colheita após as chuvas possibilitou colher o milho safrinha em 18% e comercializar 10%. A retomada dos serviços de colheita implica em preços mais baixos. A produção prevista, sem contabilizar as possíveis perdas é de um total de 18,06 milhões de toneladas.
No mercado do trigo, o preço médio no período em análise foi de R$ 39,02 por saca contra R$ 24,61 em igual período de 2012, um preço cerca de 58,5% superior. O trigo está 99% plantado e apresenta as seguintes condições: 79% em condições boas, 17% em condições médias e 4% em condições ruins. As chuvas que castigaram o Estado provocaram o surgimento de doenças fungicas como a giberela e o brusone.
INFLAÇÃO
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo IBGE, registrou desaceleração entre maio e junho de 2013, saindo de 0,37% para 0,26%. O resultado acumulado nos últimos 12 meses ultrapassou o limite superior do teto da meta de inflação (6,5%), chegando em 6,7%. Os setores que mais contribuíram para o atual cenário de inflação foram: “Transportes”, “Educação” e “Comunicação”.
Pelo quinto levantamento consecutivo, a inflação do setor “Alimentação e bebidas” apresentou redução no ritmo de crescimento de seus preços, encerrando o mês de junho de 2013 em 0,04%. No primeiro semestre do ano, o índice acumula alta de 6,02% contra 3,26% de idêntico período do ano anterior.
Pela primeira vez neste ano, o grupo registrou deflação, com uma variação negativa de 0,36% nos preços de junho. Esse quadro foi resultado, principalmente, da contínua redução dos preços de itens como: cenoura (-18,5%), tomate (-7,2%) e cebola (-5,0%), entre outros importantes itens da cesta de consumo dos brasileiros.