Comentários referentes ao período entre 19/07/2013 a 25/07/2013
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca²
Guilherme Gadonski de Lima³
As cotações do trigo em Chicago recuaram, porém, em ritmo bem menor do que a soja e o milho. A quinta-feira (25) fechou em US$ 6,49//bushel, contra US$ 6,60 uma semana antes.
As vendas líquidas dos EUA em trigo, para o ano 2013/14, iniciado em 1º de junho, fecharam a semana do 11/07 em 996.600 toneladas, sendo que o principal comprador foi a China com 420.000 toneladas. Já as inspeções de exportação , na semana encerrada em 18/07, ficaram em 629.629 toneladas. No acumulado do ano comercial, iniciado em 1º de junho, o total chega a 4,3 milhões de toneladas, contra 3,5 milhões em igual momento do ano anterior. (cf. USDA)
Ainda em termos mundiais, a Rússia anunciou uma produção de 53 milhões de toneladas de trigo para 2013/14, contra as 37,7 milhões colhidas na frustrada do ano anterior. A área semeada atual ficou em 24 milhões de hectares. Já o Canadá estima produção de 29 milhões de toneladas, após 27,2 milhões no ano anterior. O país é o sexto maior produtor mundial de trigo, ficando atrás da União Europeia (138,6 milhões de toneladas), China (121 milhões), Índia (92 milhões) e EUA (57,5 milhões de toneladas). A nova área semeada com trigo chega a 10,3 milhões de hectares e as exportações canadenses do cereal devem alcançar 19,5 milhões de toneladas, se consolidando como o terceiro maior exportador mundial. (cf. Safras & Mercado)
Por sua vez, segundo o Ministério da Agricultura argentino, o vizinho país deverá produzir entre 12 a 13 milhões de toneladas de trigo na atual safra, após as 9 milhões colhidas na safra anterior. Até o final da semana anterior os produtores argentinos já haviam semeado 75% da área prevista, que deverá superar os 4 milhões de hectares.
Em termos gerais do Mercosul, os portos argentinos, para a safra nova, trabalham com valores entre US$ 260,00 e US$ 270,00/tonelada FOB. A este preço, o produto chegaria nos moinhos do Sudeste brasileiro a R$ 748,00/tonelada, a partir do atual câmbio, deixando a paridade de importação, no interior do Paraná, a R$ 640,00/tonelada. Já no interior do Rio Grande do Sul, pela indicação de venda FOB portos a US$ 270,00/tonelada para embarque em dezembro, o produto ficaria ao redor de R$ 560,00/tonelada. Bem abaixo dos atuais patamares, porém, acima do preço mínimo definido pelo governo.
Em termos do mercado brasileiro, no último dia 18/07 houve mais um leilão de venda de trigo da Conab, com oferta 6.630 toneladas e venda de 5.080 toneladas. Assim, o restante de 1.550 toneladas estocadas seriam leiloadas neste dia 25/07. No leilão do dia 18/07, o preço de fechamento no Rio Grande do Sul ficou em R$ 836,00/tonelada e no Paraná a R$ 928,00/tonelada na região de Ponta Grossa. No total, a Conab colocará mais de 480.000 toneladas a venda entre março e julho, esgotando seus estoques. Agora, para recompô-los deverá utilizar os mecanismos de PGPM (preço mínimo). Para tanto, o preço de mercado deve estar abaixo do mínimo estabelecido (R$ 531,00/tonelada para o trigo pão tipo 1). O mercado considera que tal mecanismo não seria utilizado neste ano e sim os AGFs e os leilões de contrato de opções. (cf. Safras & Mercado)
Dito isso, a notícia mais importante da semana foi a geada e a neve que se abateram sobre as regiões produtoras de trigo do sul do país. No Rio Grande do Sul as mesmas foram até benéficas, devido ao estágio das culturas, agora no Paraná a quebra deve ter sido grande, infelizmente. Isso porque 40% das lavouras estavam sensíveis ao fenômeno, sendo 65% no oeste do Estado. Com isso, o Brasil não deverá mais produzir 5,6 milhões de toneladas, sem falar que grande parte da produção paranaense, que ainda resistiu às intempéries, virá com problemas de qualidade. Isso tudo começará a ser contabilizado nas próximas semanas.
Enquanto isso, os preços se mantiveram elevados no Brasil. E agora podem permanecer por mais tempo e, talvez, não baixarem tanto como se previa inicialmente. Assim, o balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 32,46/saco, enquanto os lotes ficaram, na compra, em R$ 800,00/tonelada. No Paraná os lotes fecharam a semana entre R$ 900,00 e R$ 910,00/tonelada. Em relação há um ano os lotes no Paraná estão 73% mais valorizados, enquanto no Rio Grande do Sul tal valorização alcança 60%. Houve indicações de trigo paraguaio posto no oeste do Paraná a US$ 320,00/tonelada ou R$ 716,00/tonelada ao câmbio médio desta semana.
Enfim, no ano 2012/13 o Brasil deverá mesmo importar algo em torno de 7,2 milhões de toneladas de trigo, sendo que 77% seria oriundo da Argentina. Em farinha de trigo, a Argentina teria participação nas importações brasileiras na altura de 93% neste ano. Hoje, o Brasil é o 11º consumidor mundial de trigo. (cf. CNA)
¹ Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
² Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.
³ Estudante do Curso de Economia da UNIJUI – Bolsista PET-Economia.