Comentários referentes ao período entre 20/09/2013 a 26/09/2013
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca²
Guilherme Gadonski de Lima³
As cotações do milho em Chicago fecharam a semana praticamente nos mesmos níveis da semana anterior, com o fechamento desta quinta-feira (26) ficando em US$ 4,56/bushel, após US$ 4,59 uma semana antes.
A colheita nos EUA ficou paralisada em boa parte do final de semana anterior devido às chuvas no Meio-Oeste, fato que ajudou muito à soja. Com isso, no dia 22/09 a mesma atingia apenas 7% da área esperada, havendo muito milho para entrar nos silos estadunidenses até o final de outubro.
Nesse sentido, a consultoria privada Informa Economics confirma uma safra de 352 milhões de toneladas em estimativa anunciada na semana. A produtividade média ficando em 9.895 quilos/hectare. Esses fatos mantêm o tom baixista para o mercado internacional do milho nos próximos meses.
Além disso, 55% das lavouras estadunidenses a colher estavam em boas a excelentes condições até o dia 22/09, fato que surpreendeu positivamente o mercado, se transformando em mais um motivo baixista.
Nesse contexto, o mercado espera os relatórios de estoques trimestrais, a ser anunciado no dia 30/09 e o de oferta e demanda, previsto para o dia 11/10. Nos dois casos deverá ocorrer correções para cima nos volumes indicados.
Paralelamente, o recuo nos prêmios para o milho no Golfo do México estaria indicando mais oferta na exportação, o que complica as vendas externas brasileiras.
Na Argentina e no Paraguai, a tonelada FOB de milho se manteve, respectivamente, em US$ 190,00 e US$ 125,00.
Já no Brasil, os preços se mantém muito pressionados para baixo. A média de balcão gaúcho ficou em R$ 23,23/saco, se mantendo em tais níveis porque não há safrinha neste Estado. Os lotes oscilaram entre R$ 23,00 e R$ 24,00/saco. Nas demais praças nacionais, os lotes ficaram entre R$ 8,00/saco em Sapezal (MT) e R$ 25,00/saco em Concórdia e Videira (SC).
Mesmo tendo chegado a exportações de 2,48 milhões de toneladas, sugerindo vendas totais em setembro entre 3,0 e 3,2 milhões de toneladas, o mercado vê como difícil o Brasil se manter competitivo no cenário internacional do milho sem novas baixas nos preços internos junto aos portos de embarque. Especialmente agora em que o câmbio retornou a casa dos R$ 2,20 por dólar e a Ucrânia vendendo milho com quase um dólar a menos do que Chicago indica.
Tanto é verdade que as tradings não estão fechando novos negócios na exportação, deixando forte preocupação para os embarques entre novembro e janeiro próximos.
Já pelo lado da produção propriamente dita, o leilão de Pepro negociou 453.084 toneladas do cereal, de um total ofertado de 550.000 toneladas para escoamento de grãos da safra 2012/13 localizados no Mato Grosso. Novo leilão está previsto para o dia 1º de outubro, com oferta de 600.000 toneladas do Mato Grosso. O mercado vê como um problema a continuidade de tais leilões, em função do acumulado de volumes não fixados pelos produtores referentes aos leilões passados. Isso obriga o governo a elevar os prêmios. (cf. Safras & Mercado)
Nesse contexto, os preços no Nortão do Mato Grosso já bateram em R$ 8,00/saco, pressionando uma baixa generalizada nos preços do cereal em termos de Brasil até o final do ano. No Paraná, por exemplo, compradores já estão indicando preços entre R$ 18,00 e R$ 19,50/saco.
Por outro lado, as chuvas abundantes no sul do Brasil no final de semana anterior proporcionam boas condições para o avanço do plantio da nova safra de verão. No Rio Grande do Sul o mesmo já supera 40% da área esperada. Entretanto, tais chuvas, acompanhadas de temporais, granizo e, depois, geadas, acabaram por prejudicar ainda mais o trigo em Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Assim, a oferta de triguilho deverá ser ainda superior ao até aqui estimado, fato que irá concorrer decisivamente com o milho na composição das rações animais. Têm-se aí mais um fator baixista para os preços deste último cereal.
Enfim, os preços na importação, CIF indústrias brasileiras, ficaram em R$ 36,11/saco para o produto dos EUA e R$ 32,46/saco para o produto da Argentina, ambos para setembro. Já o produto argentino para outubro registrou R$ 33,79/saco. Na exportação, o transferido via Paranaguá, registrou os seguintes valores: R$ 23,08/saco para setembro; R$ 22,82 para outubro; R$ 22,72 para novembro; R$ 22,33 para dezembro; R$ 22,33 para dezembro; R$ 23,13 para janeiro; R$ 22,07 para fevereiro; R$ 23,05 para março e R$ 22,27/saco para maio. (cf. Safras & Mercado)
¹ Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
² Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.
³ Estudante do Curso de Economia da UNIJUI – Bolsista PET-Economia.